26 de fevereiro de 2009

Autores na Flipiri - Festa Literária de Pirenópolis

Vou pedir aos leitores do meu blog uma pequena pausa para falar da Flipiri - a Festa Literária de Pirenópolis, que ocorreu nos dias 13 e 14 de fevereiro.
Para quem não conhece, Pirenópolis é uma cidade pequena, com um centro estilo colonial (como Ouro Preto, Mariana e outras), que fica em Goías, a 140 quilômetros de Brasília. A cidade tem uma vocação cultural inata, com uma agenda de eventos bastante extensa e que neste ano foi acrescida da Flipiri.
A Flipiri, na falta de palavra melhor, foi realmente uma Festa! Muitas palestras lotadas, com leitores, curiosos, locais e turistas, se misturando para conhecer escritores e cineastas. Num clima intimista, após as apresentações os autores se juntavam à platéia nos restaurantes da cidade para bate-papos informais. Eu tive a felicidade de conhecer o admirável Ignácio de Loyola Brandão, e a oportunidade (ou seria a audácia?) de autografar um livro lado a lado com ele, na coletiva de autógrafos que ocorreu no fim da tarde.
Creio que isso é algo que todos escritores deve buscar: conhecer, conversar, observar e trocar idéias, sempre que possível, com os escritores que vieram antes deles. Observar o Ignácio de Loyola falando por 15 minutos me trouxe mais idéias e aprendizado do que a leitura de muitos livros teóricos poderia conceder. E não falo isso por falar, não. A postura, a facilidade de falar com o público, a forma de colocar de maneira extraordinária determinadas situações que ditas de outra forma poderiam parecer banais... Por tudo isso e mais um pouco é que digo que vê-lo falar foi uma lição de conhecimento, de técnicas de apresentação e de escrita, e mesmo de humildade, pois mostrou-me que há ainda muito caminho a percorrer!
Segue, então, minha dica: procurem seus colegas de profissão! Entrem em contato, troquem idéias, aprendam e ensinem! É raro o prazer de conversar com pessoas apaixonadas pela escrita, e depois que você o descobre, fica difícil largar! E é justamente neste quesito que julgo que Flipiri conseguiu vencer a sua irmã maior, a FLIP, pois sem o excesso de eventos e pessoas, criou mais oportunidades para escritores e leitores se conhecerem e efetivamente trocarem idéias. Espero vocês na edição do ano que vem! Semana que vem, curada a ressaca da Flipiri e do Carnaval, voltamos a conversar!

9 de fevereiro de 2009

Técnicas para organizar sua escrita

Já conversei com diversos autores sobre como eles escrevem seus romances. Vou mencionar alguns aqui "de memória", pedindo desde já aos autores desculpas por alguma eventual incorreção . Jean Angelles, por exemplo, autor da série Jack Farrel entre outros livros, disse-me certa vez que passa um longo tempo pesquisando, organizando as idéias mentalmente e em anotações, e que, tendo a trama mais ou menos ordenada na cabeça, começa a escrever os capítulos, sequencialmente (sem trema...). O famoso André Vianco segue uma linha parecida, sabendo onde a história vai chegar, mas deixando o rumo dela variar conforme o ritmo da história pede. Por conta disso, inclusive, é que "O Vampiro Rei" acabou saindo em dois volumes, pois a história acabou se estendendo tanto que não coube em um só livro... Já o processo de Lya Luft, segundo ouvi em uma de suas palestras, é a "vagabundagem literária" (palavras dela...): "A cabeça está sempre trabalhando, até que o personagem se destaca, seus problemas aparecem, as relações com sua família e a origem destes problemas...", "e em algum momento, eu percebo que a história está madura para ser escrita.". A autora não anota nada, segundo ela, "se a idéia for boa, ela voltará depois". Eu, particularmente, quando escrevendo romances gosto da abordagem que chamo de "top-down": defino a idéia e, após um período de pesquisa e amadurecimento, escrevo um parágrafo, dois, uma página no máximo com as idéias de cada capítulo. No caso d' "O Nome da da Águia", por exemplo, os 84 capítulos "couberam" em cerca de 15 páginas. Depois, com estes resumos escritos, é hora de revisar e reorganizar a ordem dos capítulos, verificando se tudo está no lugar ou pode ser melhorado. Por fim, é possível escrever cada capítulo já sabendo onde ele se encaixa na trama, incluindo referências cruzadas para trechos que virão (em outras postagens falaremos mais sobre estas tais "referências cruzadas...) e que já passaram com mais facilidade. Curiosamente, neste livro, eu detalhei primeiramente os capítulos da "trama histórica" (com tempo passado), e depois os das duas tramas que acontecem no presente; o que foi uma experiência curiosa para meu lado escritor. Mas creio que estou me adiantando, ao falar da técnica, porque na verdade tudo começa pela escolha de uma (boa) idéia... Como saber se uma idéia é boa? Semana que vem a gente fala disso! :)