28 de agosto de 2010

Sobre a responsabilidade do escritor com seu público


omeçarei este post com parte do comentário de Sueli Gehlen Frosi, escritora de Passo Fundo (RS), que pediu que eu falasse "a respeito do freio moral a que somos submetidos sempre que escrevemos. Sofro muito com isso, pois imagino meus filhos lendo meus devaneios e meus desejos inconfessados. As mulheres que são mães, são eternamente virgens no imaginário dos filhos, concordas?"
Acredito que todo escritor (ou quase todo) já se perguntou: o quanto sou responsável pelo que escrevo? Ou ainda: Para que escrevo?
Começando pelo segundo ponto: A meu ver, todo aquele que escreve para alguma coisa corre o grande risco de criar textos que soam falsos, rígidos ou panfletários. Se este é o objetivo, ótimo, mas se o objetivo é criar algo que os leitores gostem de ler, precisamos ter cuidado com isso.   Vou reunir minha experiência como pai, realizador de oficinas para crianças e jurado de concursos de contos infantis para um exemplo prático, sobre textos infantis.
"Uns escrevem para salvar a humanidade ou incitar lutas de classes, outros para se perpetuar nos manuais de literatura ou conquistar posições e honrarias. Os melhores são os que escrevem pelo prazer de escrever."Lêdo Ivo, jornalista, poeta, romancista, contista, cronista, ensaísta e, como se não bastasse, Imortal.
Um texto infantil nunca deve soar como se o autor estivesse querendo ensinar algo, este "didatismo" não só deixa o texto forçado como aumenta o risco da criança não "pegar gosto" pela leitura. Livros infantis precisam, apenas, ser divertidos, pois o grande objetivo é, simplesmente, fazer a criança gostar de ler.
Deixando claro: acredito que não devemos escrever para alguma coisa, mas sim por alguma coisa. Eu escrevo pois me é impossível não fazê-lo, escrevo por prazer, por querer tirar do peito pelo menos um pouco das histórias que me oprimem por não contá-las.
Agora, vamos à questão da responsabilidade...

24 de agosto de 2010

Dicas a um jovem escritor - Você não gosta de mostrar seus textos?


screver é como falar. Você escreve listas de compras, e-mails, comentários em blogs, receitas etc. Por que seria diferente escrever histórias?
Desde que aprendemos a falar, a maioria de nós não pára: são as brincadeiras na escola, as aventuras com os amigos, os comentários dos filmes que vimos. Os temas evoluem com a idade, mas estamos sempre contando histórias. Por que, então, para muitos é tão difícil escrever?
Minha opinião é que, em algum momento de nossa vida escolar, entregamos uma redação que achamos maravilhosa e o professor a devolveu cheia de riscos vermelhos, destacando nossa incompetência ao invés de ressaltar nossas qualidades. Para mim, só algum episódio deste tipo, esquecido nas gavetas empoeiradas da memória, pode explicar esta dificuldade.
Com certeza vem daí também o medo que alguns (quase todo mundo) têm de mostrar o que escreveram. É muito comum eu ser convidado a ler um blog ou texto que "não foi  mostrado a ninguém porque não sei se tem valor".
Bem, já está na hora de deixarmos de lado estes medos arraigados desde nossa infância e começarmos a fazer algo a respeito para mudar.
 Qual é a sua desculpa para ser um escritor, e não escrever?
Erros de português são resolvidos com um corretor ortográfico e um bom revisor, e com a prática estes erros vão ficando cada vez menos numerosos - mais um motivo para escrever, cada vez mais! 
"Somos todos escritores. Só que uns escrevem, outros não."José Saramago, Nobel e escritor dos que Escrevem.
Outra desculpa muito comum é

20 de agosto de 2010

Como estruturar suas histórias - e duas oportunidades para escritores em Brasília


uas oportunidades únicas para escritores de Brasília! Apesar de parecer anacrônico, é verdade: No fim de setembro, Sonia Belloto, da Fábrica de Textos, vem à cidade apresentar seu curso de formação de escritores (que já teve 70 edições em São Paulo). Qualquer elogio que eu fizer será pouco para fazer jus ao curso da Sonia, que com certeza é um dos mais completos e estruturados do país. Veja mais informações neste post, e inscrições direto no site da Fábrica de Textos. Ao fim de outubro, James McSill, escritor e coach literário, virá a Brasília para um retiro com escritores onde, além de dicas essenciais para escrita de romances, conheceremos mais sobre como ingressar no mercado literário anglo-saxão. Detalhe: Tudo em português - saiba mais neste post e no site do evento, http://www.writeinbrasilia.com/.

oltando às dicas...
Afinal, existem realmente regras para escrever?
Não, a se acreditar em W. Somerset Maugham, escritor inglês nascido no século XIX, "Existem três regras para escrever ficção. Infelizmente ninguém sabe quais são elas.".
Entendendo "regra" como um processo inflexível a ser seguido, um conjunto de passos que garante um resultado - neste caso, uma história bem escrita - acredito que Maugham estava certo. Como o escritor mais bem pago de sua era, ele com certeza sabia o que estava falando.
Mas se entendermos "regras" como um conjunto de boas práticas, que ajudam o escritor a orientar seu trabalho e tirar o máximo de sua capacidade criativa, fazendo quem sabe a diferença entre uma obra boa e uma obra excepcional... Aí, sim, existem muitas "regras" (sempre entre aspas, não esqueçam) para uma boa escrita."Existem três regras para escrever ficção. Infelizmente ninguém sabe quais são elas." W. Somerset Maugham, autor mais bem pago dos anos 30
Nesta linha de "boas práticas", estruturar seu texto para melhor organizar as idéias é essencial para qualquer trabalho de mais fôlego. Vamos comentar algumas das formas de se conduzir esta organização:

16 de agosto de 2010

A Arte de escrever X A Arte de contar boas histórias


á faz algum tempo que falar mal do Paulo Coelho virou esporte entre os membros da intelligentzia nacional.
Bem, aqueles que o fazem sem pensar podem começar a falar mal de mim, também, pois eu penso diferente. Vamos aos "fatos"!
Podem me chamar de ingênuo, mas eu acredito que uma pessoa que escreve histórias que foram traduzidas em 67 idiomas e que são vendidas em mais de 150 países (conforme informação de seu site, http://www.paulocoelho.com.br/) não pode estar tão errada como querem fazer acreditar seus detratores. Isso, sem contar com as dezenas de premiações que ele já recebeu (veja algumas em http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Coelho).
As "explicações" para este fenômeno normalmente não passam pela qualidade de suas histórias, o que é (no mínimo) uma abordagem ingênua: "são os tradutores que fazem o dele texto ficar bom", "é o marketing é que faz o autor vender", "virou moda comprar livros do Paulo Coelho" etc."A arte de saber escrever bem é diferente da arte de saber contar boas histórias" Ziraldo, escritor por fora e menino maluquinho por dentro
Eu li três dos livros do Paulo Coelho e, como leitor, digo que não são bem o estilo de livros que gosto de ler - mas é coisa de gosto pessoal, mesmo.
Como revisor, posso dizer que uma coisa que me incomodou nestes livros é que eu esperava uma revisão mais cuidadosa do texto.  Particularmente, acredito que foi por isso que nasceu esta moda de falar mal do autor.
De qualquer forma, o estupendo sucesso de vendas do Paulo Coelho foi um mistério para mim por muito tempo, até que, um dia,

9 de agosto de 2010

Liberdade artística x mercado - a velha discussão...


olta e meia, sou abordado por escritores iniciantes em palestras ou por e-mail, perguntando-me sobre os limites da assim chamada "liberdade literária".
Colocando de outra forma: quanto de liberdade posso usar quando produzindo um texto, e quanto eu preciso me ater a regras? Diálogo precisa começar com travessão? Posso escrever com erros de português, se estiver representando um personagem que fala ou escreve errado? Posso escrever um livro da mesma forma que escrevo em um blog?
A pergunta, obviamente, é capciosa, e a resposta ainda mais.
No meu entendimento, teoricamente você pode fazer o que quiser quando está escrevendo.
"Tudo posso, mas nem tudo me convém" Paulo de Tarso, escritor e apóstolo
Eu digo teoricamente, assim, em itálico, porque há pelo menos dois grupos importantes a considerar:
  • Seus leitores. Se você quer agradá-los, precisa escrever algo que seja adequado ao seu público alvo. Quem compra um livro não espera (por enquanto) encontrar um diálogo do tipo "Vc naum gosta dela? kkkkkk!".

6 de agosto de 2010

Novidades no Blog


ovos rumos aqui no blog, seguindo algumas dicas do amigo Gabito, do http://www.carascomoeu.com.br/. Qualquer melhoria é mérito dele, qualquer piorada é culpa minha!  ;)

A partir de hoje, vamos ver posts mais frequentes, e mais curtos, para ficar mais adequado ao perfil do leitor da web.

Além disso, começamos uma repaginada geral, começando pelo visual - que espero ainda mexer, ajustando detalhes aos poucos, para ficar cada vez mais fácil e agradável de ler.

Nos vemos por aqui.

4 de agosto de 2010

Conseguindo uma indicação para seu livro

migos! Finalmente de volta das férias, vou começar os posts de dicas com uma resposta ao Gabito Nunes, do blog http://carascomoeu.com.br/ (@carascomoeu no twitter). Devido ao enorme destaque do blog do Gabito, (30 mil visitas/mês), “uma editora com ótima entrada no mercado resolveu bancar sua entrada no mercado editorial convencional”, como ele mesmo falou. Até aí, tudo ótimo. Acontece que a editora recomendou que ele buscasse um escritor de sucesso pra recomendar sua obra, como um "padrinho", o que levantou algumas questões, como “o quanto isso faz sentido”, “como entrar em contato com um escritor de sucesso” e outras. A seguir, transcrevo parte de minha resposta, que acho que traz dicas que podem ser úteis a qualquer escritor iniciante.
... no que eu conheço do mercado, o "corporativismo" ainda é muito forte ou, em outras palavras, uma indicação de alguém famoso ainda vale muito e abre muitas portas. Para vender, para conseguir algum destaque, é importante que o escritor monte sua rede de contatos com jornalistas, escritores, editores e outros do gênero. Isso também vale muito para os leitores: um livro de um desconhecido vale menos que um livro de um desconhecido com um prefácio do Paulo Coelho ou do Pelé (é, do Pelé, para o leitor médio não interessa se quem prefacia e indica é escritor ou crítico, mas sim se é famoso... :P). Provavelmente por isso sua editora pediu esta indicação. Da minha experiência com escritores famosos, eles quase nunca respondem a e-mail, e raramente leem originais, por simples falta de tempo (na maioria das vezes). Tenho um original que foi lido pela Lya Luft, mas ela só teve tempo de escrever uma frase de apresentação (um "blurb", como se chama nos EUA); mas isso foi em uma época em que ela não era tão badalada, então não sei se hoje ela leria um livro enviado por um desconhecido. Dito isso, vamos a algumas dicas: Antes de mais nada, procure autores com os quais você se identifica ou, melhor ainda, autores cujos trabalhos estão na mesma linha que o seu. Provavelmente as obras destes escritores têm o mesmo público-alvo que o seu livro, e também provavelmente eles devem gostar mais facilmente de seu trabalho que autores de outras linhas. Depois siga um dos passos a seguir, listados do mais fácil para o mais difícil.