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25 de agosto de 2017

Corrente do bem - também entre escritores

E
m quase 50 anos de vida, nunca vi o Brasil passar por uma crise tão grande.
Não falo aqui das crises econômica e política, até porque sobre estes assuntos - ainda que importantes - já estamos todos saturados.
Falo de uma crise mais essencial, mais importante: a crise de humanidade.
Realmente me assusta a quantidade de situações onde alguém é agredido (um professor, um estudante, um político, não interessa a profissão, moral ou ideologia) e, ao invés de se discutir a agressão, condena-se a vítima.  Há toda uma horda que começa a falar do passado da vítima, da forma como ela se vestia, das posições políticas que assumiu, de sua orientação sexual etc, como se isso tornasse a violência aceitável.
Não é.
E, mais incrível, aqueles que tentam levar o debate na direção correta são taxados dos mais absurdos adjetivos; chegando alguns detratores a acreditar que defender direitos humanos é algo negativo!  (Se você tem alguma dúvida sobre este assunto, leia a Declaração Universal dos Direitos do Homem).
Como falei, a crise que mais me assusta é a de humanidade. Mas, afinal... O que esta crise tem a ver com a escrita?
Tudo.
Já falei em alguns posts anteriores sobre o que acredito ser a responsabilidade social dos escritores, além da responsabilidade do escritor com seu público. Estes posts merecem ser relidos, ainda mais nestes tempos sombrios.
Não acredito que todo escritor deva escrever obras profundas, que denunciem os desvarios da sociedade onde vive. Há também a necessidade de se escrever sobre o bom, o belo, o amor e o futuro, até para que, por contraste, se perceba a falta que estas coisas fazem.
"Uns escrevem para salvar a humanidade ou incitar lutas de classes, outros para se perpetuar nos manuais de literatura ou conquistar posições e honrarias. Os melhores são os que escrevem pelo prazer de escrever.".
Lêdo Ivo, jornalista, poeta, romancista, contista, cronista, ensaísta e, como se não bastasse, Imortal.
Mas hoje queria ir além do discurso: gostaria de propor uma ação. 
Algo simples, fácil de fazer, e que tem um potencial transformador: Vamos apoiar outros escritores.
Só publiquei meu primeiro livro, quase 20 anos atrás, por conta de Ronaldo Cagiano, um escritor incrível, ganhador do Jabuti em 2016, que primeiro fez com que eu acreditasse em minha capacidade de escrever, depois praticamente me pegou pela mão, apresentou-me um editor e me empurrou para ir em frente até que meu primeiro livro fosse lançado.
Desde então, passei por muitas vidas, mas sempre que posso tento fazer pelo menos um pouco por outros escritores, para honrar o que o Ronaldo me ensinou. E quando acontece de algum deles me agradecer e perguntar como pode retribuir, só peço uma coisa: que não deixe morrer esta "corrente do bem", não esqueça que teve meu apoio e, quando alguém pedir ajuda - escritor ou não - que o ajude também, passando a mesma mensagem.
A ajuda pode ser uma indicação, uma informação, uma opinião, eventualmente até apoio financeiro. O mais importante é se importar. De nada vale fazer, se o coração não estiver aliado à ação.

Diante de tantos desafios para melhoria de nossa sociedade, ajudar uma pessoa parece pouco.
Mas somos muitos, e se cada um fizer sua parte, aos poucos vamos saindo desta terrível crise de humanidade.
Porque a mudança, seja para nos tornarmos melhores escritores ou melhores seres humanos, começa sempre dentro de nós, com um pequeno gesto, um pequeno esforço para a direção certa.
E persistência, para não nos abatermos na difícil estrada.

E você, já ajudou ou foi ajudado por outros escritores? Que tipo de ajuda você acha que seria útil? Comente e compartilhe!

E não esqueça que você encontra este e muitos outros assuntos em 'A Bíblia do Escritor, em versão impressa ou
para ler em seu Kindle



Gostou? este post!

28 de agosto de 2010

Sobre a responsabilidade do escritor com seu público


omeçarei este post com parte do comentário de Sueli Gehlen Frosi, escritora de Passo Fundo (RS), que pediu que eu falasse "a respeito do freio moral a que somos submetidos sempre que escrevemos. Sofro muito com isso, pois imagino meus filhos lendo meus devaneios e meus desejos inconfessados. As mulheres que são mães, são eternamente virgens no imaginário dos filhos, concordas?"
Acredito que todo escritor (ou quase todo) já se perguntou: o quanto sou responsável pelo que escrevo? Ou ainda: Para que escrevo?
Começando pelo segundo ponto: A meu ver, todo aquele que escreve para alguma coisa corre o grande risco de criar textos que soam falsos, rígidos ou panfletários. Se este é o objetivo, ótimo, mas se o objetivo é criar algo que os leitores gostem de ler, precisamos ter cuidado com isso.   Vou reunir minha experiência como pai, realizador de oficinas para crianças e jurado de concursos de contos infantis para um exemplo prático, sobre textos infantis.
"Uns escrevem para salvar a humanidade ou incitar lutas de classes, outros para se perpetuar nos manuais de literatura ou conquistar posições e honrarias. Os melhores são os que escrevem pelo prazer de escrever."Lêdo Ivo, jornalista, poeta, romancista, contista, cronista, ensaísta e, como se não bastasse, Imortal.
Um texto infantil nunca deve soar como se o autor estivesse querendo ensinar algo, este "didatismo" não só deixa o texto forçado como aumenta o risco da criança não "pegar gosto" pela leitura. Livros infantis precisam, apenas, ser divertidos, pois o grande objetivo é, simplesmente, fazer a criança gostar de ler.
Deixando claro: acredito que não devemos escrever para alguma coisa, mas sim por alguma coisa. Eu escrevo pois me é impossível não fazê-lo, escrevo por prazer, por querer tirar do peito pelo menos um pouco das histórias que me oprimem por não contá-las.
Agora, vamos à questão da responsabilidade...