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27 de junho de 2011

Um post sobre autores iniciantes e experientes, com direito a digressões


empre recebo originais de autores iniciantes, que pedem alguma opinião sobre o trabalho.  Dentro de minhas possibilidades, sempre leio e dou algumas dicas.
(Não que eu seja dono da verdade ou coisa parecida, mas como já quebrei muito a cabeça (e a cara) por aí, e como convivi um pouco mais que a média dos autores com editoras, livrarias, distribuidores e outros atores do mercado editorial, sinto-me na obrigação de ajudar quem começou um pouco depois.  Até porque, quando estava começando, o escritor Ronaldo Cagiano fez o mesmo por mim, e se não fosse por ele com certeza eu não estaria onde estou, e quem sabe nem mesmo tivesse algum livro publicado.)
Bem, quase todos originais que recebo precisam de reparos antes de estarem em um ponto que eu consideraria "ideal" para serem submetidos a uma editora para avaliação, e é sobre isso que eu queria falar hoje
(Uma rara exceção: O livro Inutaoshi, do R.A.M.P. Obviamente, como TODO livro, há pontos de melhoria no livro, mas confesso que do jeito que está ele está pronto para ser avaliado por qualquer editora, que no máximo poderia sugerir alguns pequenos ajustes.  O livro é envolvente e interessante - saiba mais sobre ele, inclusive onde adquiri-lo, no blog Nerds Somos Nozes: http://www.nerdssomosnozes.com/2011/05/inutaoshi-no-japao-dos-samurais.html)"Tudo eu posso, mas nem tudo me convém"
Paulo, apóstolo e escritor de parte do livro mais lido do mundo
Voltando de mais uma digressão, o que seria este "ideal"?  Não posso escrever tudo do jeito que quero? (Não!) Não posso colocar como protagonista uma pessoa desagradável, sem caráter, como um demônio ou um assassino serial (Não!) Não posso ser original, criar novas formas de falar as coisas, criar narrativas intrincadas, altamente sofisticadas, mesmo que de difícil leitura ou compreensão? (Não!)  Não posso criar um livro onde as cenas são embaralhadas, o ponto de vista "flutuando" de um lado para o outro? (Não! No próximo post falarei sobre cenas...).
Peraí... Por que não posso fazer isso, se um monte de autores famosos o fazem?
Bem, ao escrever este post, lembrei-me de um fato que me ocorreu lá pela quinta série do primeiro grau (antigo nome do ensino fundamental), quando escrevi uma redação usando um pouco mais de "liberdade estilística" e a professora me deu uma nota baixa. Quando reclamei, e mostrei à professora um texto em que  Carlos Drummond de Andrade havia feito algo parecido, ela me falou, simplesmente, "que ele podia".  Quando perguntei por que, a explicação foi tautológica: "Ele pode porque ele é o Drummond".
Lembro que pensei (mas não lembro se cheguei a verbalizar) que, já que era assim, um dia eu seria igual ao Drummond, para "poder tudo".
A explicação é ruim? Na época achei que sim, mas