11 de maio de 2011

O verdadeiro Segredo do Sucesso para escritores


  incrível como há sempre escritores em busca do 'segredo do sucesso', do Santo Graal, da bala de prata que matará todos os monstros e, miraculosamente, irá transformá-lo de um ilustre desconhecido em um ícone pop, amado (e odiado, o que é inevitável) pelas massas.
Certo tempo atrás estava em uma palestra da Lya Luft quando ouvi novamente a pergunta: "A que você atribui o seu sucesso repentino?". A Lya, com a paciência aprendida em inúmeras conversas do gênero, explicou que de repentino seu sucesso não tinha nada, que ela batalhava na área há várias décadas (mais de 30 anos há época), traduzindo, escrevendo para jornais e revistas, publicando livro após livro, e se o sucesso ocorreu, foi apenas resultado deste esforço.
Não satisfeito, o (suposto) escritor retornou à questão: "Mas o que aconteceu para, depois de tanto tempo, você estourar como um sucesso nacional? Deve ter acontecido alguma coisa!".Lya explicou que aquela era uma pergunta comum, e que a resposta era uma só: não há segredo. Ela disse ainda que muitas vezes ela era procurada ao fim de suas palestras por pessoasque não acreditavam nela, e insistiam: "Entendo que você não queira falar em público... Mas conte aí seu segredo!".  Risos na platéia.  Próxima pergunta!"Sou dos escritores que não sabem dizer coisas inteligentes sobre seus personagens, suas técnicas ou seus recursos. Naturalmente, tudo que faço hoje é fruto de minha experiência de ontem: na vida, na maneira de me vestir e me portar, no meu trabalho e na minha arte" - Lya Luft , Poeta, cronista, contista, romancista, ensaísta e fenômeno editorial
Pois bem, esta semana estive com André Vianco, que lançou seu novo livro "O Caso Laura" - que aliás recomendo, a leitura é leve, divertida e instigante. 

André e eu, no lançamento de "O Caso Laura"
Conheci o André na época do lançamento de seu terceiro livro, "Os Sete", e de cara percebi que seu sucesso só tendia a aumentar. Isso porque, como a Lya Luft, ele conhecia o segredo do sucesso...

Participe da Oficina Literária da Flip 2011!

rande oportunidade (apenas) para quem ainda não tem livros publicados!
Até dia 13 de maio estão abertas as pré-inscrições para a oficina literária da Flip 2011. Nesta edição o tema será Crítica Literária e as aulas serão ministradas pelo professor Frederico Barbosa, curador da Casa das Rosas, em São Paulo, e autor de diversos livros, entre eles Rarefato, Nada Feito Nada, Contracorrente e Louco no Oco sem Beiras – Anatomia da Depressão.
Como pré-requisito os candidatos não podem ter nenhum livro publicado. Para participar da seleção para a oficina é necessário enviar um currículo para o e-mail oficinaliteraria@flip.org.br. Serão selecionados 30 candidatos pela curadoria da Flip e o resultado será divulgado no dia 19 de maio, quinta-feira, no site http://www.flip.org.br/.
Para mais informações, consulte o regulamento.
A oficina de crítica literária acontece em quatro módulos nos dias 7, 8, 9 e 10 de julho na Casa da Cultura, em Paraty, das 13h30 às 15hs.
(fonte: divulgação oficial da 9a. Flip - Festa Literária Internacional de Paraty)

9 de maio de 2011

Flipiri 2011 !

migos! Segue o convite para a Flipiri, Feira Literária de Pirenópolis, a melhor feira literária do Centro-Oeste, e que este ano homenageia Cora Coralina. Durante a feira, escritores visitam escolas, dão palestras, fazem recitais, e a cidade toda se colore e se anima com eventos de música e cinema.  Participem, vale à pena! 
Vejam detalhes no site do evento,  http://www.flipiri.com/, e a programação completa em http://flipiri.com/376-2/.
 Estarei na Flipiri no sábado, na coletiva de autógrafos que começa às 11:00h; e na abertura do evento. Segue o convite para a abertura do evento, um recital com Elisa Lucinda, poeta e atriz que dispensa apresentações!

3 de maio de 2011

Como Criar Personagens Inesquecíveis


ecentemente, entraram em contato comigo pedindo que falasse mais sobre a criação de personagens.  Como criar personagens fortes e críveis, que fiquem na memória do leitor?
Já falei anteriormente sobre a criação de personagens (em "Dando vida aos seus personagens", "Criando Personagens Melhores", e outros posts), mas o assunto é tão vasto que dá para escrever um livro apenas sobre ele.
Vários livros, na verdade, como "45 Master Characters: Mythic Models for Creating Original Characters", de Victoria Lynn Schmidt, e "Como Criar Personagens Inesquecíveis", de Linda Seger.
Personagens podem ser definidos de várias formas, mas no fundo eles são apenas repositórios de características. Em outras palavras, o que realmente importa no contexto do livro são as características psicológicas dos personagens e como elas interagem umas com as outras; os nomes, características físicas e backgrounds dos personagens são meramente uma forma de expressar estas características para o leitor."Não é o que os seus personagens dizem, é o que eles realmente queriam dizer'" - Durant Imboden, escritor e editor
Estas características, também chamadas de "modelos míticos" ou "arquétipos", já foram listadas e catalogadas em diversos livros, e sugiro fortemente as leituras que se aprofundam neste assunto, pois elas "abrem os olhos" para detalhes que o autor não-profissional muitas vezes não se dá ao trabalho de observar.
Obviamente, estas "receitas de bolo" servem apenas como uma base para começarmos a organizar nossas idéias, como um fermento para nossa imaginação, e não como um "guia para criar personagens notáveis".
Uma vez que as características dos personagens e a forma como elas interagirão estão definidas, aí sim começamos a pensar nos personagens.  Por exemplo, decidimos que nossas características serão coragem, impetuosidade, sabedoria e alívio cômico, para os personagens principais.  Podemos decidir, então, criar um protagonista que seja corajoso e impetuoso, com um amigo que seja sábio mas que promova uma alívio cômico.  OU podemos pensar em um protagonista corajoso e sábio, apoiado por um amigo impetuoso e cômico.
Além destas características, digamos, "boas", é sempre importante colocar uma característica "ruim", pois personagens "perfeitos" não geram tanta empatia quanto personagens problemáticos. Timidez, traumas, pequenos vícios ou uma quedinha por fazer as coisas erradas dão um charme a mais ao personagem. 
Os escritores realmente bons - e aí está o grande segredo - conseguem mostrar as características dos personagens não no texto, mas no subtexto, em tudo que fica implícito nos diálogos entre os personagens, nas metáforas usadas pelo narrador e nas descrições das cenas. Principalmente nos diálogos. Quando retratamos um casal discutindo sobre algum detalhe irrelevante de sua vida, na verdade estamos deixando o leitor perceber, por exemplo, que o homem é maníaco por controle, que a mulher tem medo de enfrentar o marido mas tem algum segredo escondido, e etc.
E, para não deixarmos de falar das características físicas, basta dizer uma coisa: Da mesma forma que ninguém diz "sou corajoso", isso na verdade fica patente por suas ações (no subtexto...), não há necessidade de descrever fisicamente seus personagens, esta descrição vai nascendo aos poucos no texto, à medida que for necessário. Se a cor do cabelo ou da pele do personagem não afeta em nada a trama, para que ficar descrevendo, então? Lembre-se que descrições são SEMPRE mais pobres do que as informações que aparecem naturalmente no correr da história. É o velho "show, not tell", "mostre, e não conte" das oficinas de  escrita criativa.
Para fechar, vale destacar o que Linda Seguer coloca muito bem em seu livro, sobre os personagens e o subtexto: "Muitas vezes, os personagens não entendem a si mesmos. Eles frequentemente não são diretos e não dizem o que realmente querem dizer. Podemos dizer que o subtexto é o conjunto de todas as motivações e significados que não são aparentes para o personagem, mas que são aparentes para o leitor"

Agora, releia o texto acima e troque "personagens" por "seres humanos". 
É, somos mais parecidos com a ficção do que gostaríamos...

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