19 de fevereiro de 2014

7 Coisas que aprendi - com o editor Victor Tagore


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a série "7 Coisas que aprendi" recebemos contribuições de escritores e dos mais variados profissionais que atuam no mercado livreiro, que ajudam a ampliar nossos horizontes compartilhando suas experiências através de sete coisas que aprenderam até hoje. 

É fácil participar desta série, que é uma iniciativa conjunta* dos blogs Escriba Encapuzado, de T.K. Pereira, e Vida de Escritor, de Alexandre Lobão: só interessa a vontade de partilhar com os colegas de profissão. Não interessa se você é iniciante ou veterano, se escreve poesias, contos, romances ou biografias, se é ilustrador, editor, revisor ou estagiário de uma editora -  envie sua contribuição hoje mesmo!

Hoje temos a contribuição de Victor Tagore, editor da Thesaurus.
Tagore - como seu pai, Victor Alegria, o fundador da Thesaurus - não apenas um editor, é um batalhador pela causa dos escritores brasileiros, sempre procurando formas de apoiar novos escritores e abrir espaços para eles em feiras literárias, livrarias e outros eventos.
Com vocês, as "7 coisas" de um editor que se importa com os autores, sem nunca abrir mão da qualidade do que publica.

  1. Chegue com o livro revisado. Quando o editor vê um livro cheio de erros não perde 10 minutos com ele, pois um livro assim denota um autor sem esmero. Erros simples são aceitáveis, mas erros grosseiros, como de concordância, não são aceitáveis. É claro que a editora vai revisar seu texto, mas não irá fazer copidesque!
  2. Mostre que você conhece o que está à sua volta. Não ache que você é a última Coca-Cola do deserto, que suas ideias são sempre originais. Pesquise sobre o seu assunto o máximo que você puder e leve ao editor apenas o que você percebe que é realmente novo.
  3. O autor não é uma concha. Autores bem relacionados têm mais possibilidade de publicação. O autor precisa ter amigos, grupos de relacionamento, sejam da igreja, do clube, vizinhos, ou do Facebook, Twitter ou Blog. O autor precisa ser capaz de montar uma lista de convidados para ao lançamento que realmente irão comparecer.
  4. Não acredite que se livro vai andar com as próprias pernas. Livro é que nem criança: você precisa puxar pela mão até ele andar sozinho. Muitos autores abandonam o livro depois de editado, não o divulgam, o que é fatal para o livro – sem isso, o livro não acontece. Tenha o livro sempre em mente e com alguns exemplares perto de você, leve-o quando sair de férias, comente em conversas e na internet, sem ser chato, para aproveitar todas oportunidades de divulgação.
  5. Se o autor escreve em blogs, ou se ele tem um blog: Seus textos recebem críticas ou comentários? Recebem muitas visitas? Escrever é um exercício. Toda vez que você escreve para um público, você se esmera no que produz. Em casa, de cuecas, você escreve qualquer coisa; mas quando publicando, mesmo que em um blog, você precisa ser mais profissional. Um autor que tem centenas de artigos em um blog gera muito mais confiança para o editor - e com certeza já tem mais experiência, o que faz toda a diferença.
  6. Seja parceiro de sua editora. Se ofereça para dar palestras, crie oportunidades junto com a editora para divulgar seu trabalho – às vezes, para a editora faltam apenas boas ideias para unir as suas possibilidades com as possibilidades da editora. Não espere acontecer. Crie os momentos de venda.
  7. O livro faz o autor e o autor faz o livro. Onde é que você se encaixa? Por exemplo: Determinado autor é uma referência em sua instituição, em sua área, em sua cidade. Se você é uma referência, garante as vendas pelo menos na primeira edição. O ideal, no entanto, é o livro que faz o autor: o livro que vende pela sua qualidade, e com isso torna o autor conhecido. Com o tempo, o nome do autor passa a ser mais conhecido que o dos livros.
Sobre o autor:
Victor Tagore é editor da Thesaurus Editora, de Brasília.  Com 36 anos de existência, Thesaurus publicou mais de 2.000 títulos, sendo 95% de autores nacionais. Atualmente a Thesaurus publica mais de 100 novos títulos por ano, sendo que boa parte destes são primeiros livros.  Tagore pode ser contatado pelo e-mail editor@Thesaurus.com.br.

Um recado rápido: devido a diversos compromissos assumidos com editoras e com uma universidade, os posts do "Vida de Escritor" passarão a ser quinzenais. Agora, mais do que nunca, sua opinião e sugestão sobre temas a serem debatidos é essencial - participe, comente e se divirta nesta nossa Vida de Escritor.

* Projeto inspirado pela coluna “7 Things I’ve Learned So Far”, da revista Writer’s Digest.
Veja outros artigos desta série no  Vida de Escritor e no Escriba Encapuzado.

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5 de fevereiro de 2014

Dúvidas de Escritores - e Concursos Literários!


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abe aquela pergunta que não deixa você dormir, como um pernilongo que zune, zune... e você nunca consegue se livrar?

Dúvidas de EscritoresComo diziam nossos amigos do saudoso Casseta & Planeta: seus problemas acabaram! O Vida de Escritor traz mais um post da série Dúvidas de Escritores, consolidando perguntas que recebemos como comentários ou por e-mail, para divulgação e conhecimento geral.  Se sua pergunta não está aqui, nem em nenhum dos posts anteriores da série, não se acanhe, pode perguntar, que nós nos viramos para descobrir a resposta para você!
Além disso, fique ligado no finalzinho deste post, onde divulgo dois concursos literários bem interessantes, incluindo um de Portugal, com premiação em euros (oba!).

Pergunta: Você saberia dizer o numero mínimo de exemplares que o autor independente distribuiria, por conta própria, nas livrarias?
Resposta: Depende de quanto a livraria aceitar! :)
Nunca fiz isso, mas o André Vianco me contou certa vez que no início da carreira ele deixava entre dez e vinte exemplares, dependendo de quanto a livraria aceitava. E não se esqueça de pedir um recibo de consignação dos livros, e combinar de quanto em quanto tempo deve retornar - usualmente a cada quinze dias ou a cada mês.
Além disso, peça um tempo para apresentar seu livro aos vendedores (15 minutos para cada grupo deve ser suficiente, fazendo com três ou mais grupos para não deixar a loja sem atendentes), aí apresente seu livro, conte qual é a história, e indique que livros são parecidos ("leitores que gostaram 'deste' ou 'daquele' famoso vão gostar também deste"), para empolgar os vendedores e permitir que ofereçam o livro para os leitores com maior potencial de compra. Sem isso, nem adianta deixar seu livro na livraria, concorrendo com milhares de outros mais conhecidos...
Pergunta: Terminei meu livro, mas não sei se está bom. O que faço?
Resposta: Se quiser elogios, peça para sua mãe ler. Se quiser orientações, peça a um leitor crítico
Pergunta: Pensei em um título para meu livro, mas achei um pouco clichê. O que eu faço?

29 de janeiro de 2014

Curso da Fábrica de Textos em Brasília - Aproveitem!


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migos!
Últimos dias para inscrições com descontos na turma do curso de escrita criativa da Fábrica de Textos em Brasília. O curso é ministrado por Sonia Belloto - escritora, editora e agente literária. Após o curso, até a finalização de seu livro, você manterá contato com Sonia Belloto, para orientação e leitura crítica.
Ementa do curso:
• Planejar seu livro
• Criar personagens inusitados
• Construir a sinopse de sua história, ou conteúdo, caso seja autoajuda ou técnico
• Definir as 12 etapas da jornada do herói, de Campbell
• Criar os núcleos de ação da história/conteúdo
• Construir diálogos interessantes/tópicos
• Criar cenas empolgantes/situações
• Criar uma trama emocionante/argumentos instigantes
• Lapidar o texto

Período: dias 07, 08 e 09 de fevereiro
Horáriosexta-feira - das 19h às 22hsábado – das 9h às 18hdomingo – das 9h às 17h
LocalHotel Meliá Brasil 21
SHS Quadra 06 Conjunto A Lote 01 Bloco F 1º andar Sala Goiás 1 - Brasília

Desconto de 10% para matrículas efetivadas até o dia 31/01.
Investimento (com desconto):
·         02 parcelas de R$ 315,00, totalizando R$ 630,00
·         À vista R$ 594,00

Mais informações:
Dayane Jesse - Coordenadora de Cursos Fábrica de Textos
dayane@fabricadetextos.com.br
Telefone: 11 4227-2122
www.fabricadetextos.com.br

Palavra de Profissional - Um mundo que se abre: novas e definitivas perspectivas

A
migos!
Estou iniciando uma nova série de posts, que resolvi batizar de "Palavra de Profissional" na falta de um nome menor ou mais imaginativo (se você tiver alguma boa sugestão, pode encaminhar!).
Palavra de ProfissionalA ideia desta série é divulgar o trabalho de alguns profissionais do mercado livreiro, explicando o que fazem e (quando for o caso) divulgando seus contatos. 
O objetivo aqui é repassar a autores iniciantes um pouco sobre cada um dos diversos papéis envolvidos na produção de um livro, desde revisores a editores, passando por capistas e ilustradores. Se você atua em qualquer destes papéis e deseja compartilhar conosco sua experiência, bastaentrar em contato comigo. 
A primeira participação é da Kyanja Lee, que lança uma luz sobre a muita vezes mal compreendida profissão de parecerista. E divirtam-se - esta é a melhor forma de aprender!

Um mundo que se abre: novas e definitivas perspectivas
“Parecerista? O que é isso? É uma profissão? Nunca ouvi esse termo antes. O que faz?”
Perguntas que eu mesma me fiz, antes de enveredar por esse caminho sem volta no mundo da literatura, ao qual adentrei há 6 anos.
“Leitor crítico”. Talvez esse termo lhe soe mais familiar? E “leitor beta”? Mais ainda?

Talvez seja interessante fazer uma retrospectiva e nos situarmos no cenário editorial de 6 anos atrás. Diferentemente de agora, em que há um boom de novos escritores nacionais (uma safra bastante significativa, que veio renovar o mercado editorial); de leitores ávidos e exigentes por novidades; além de blogs, portais, sites e jornais literários, não era possível dimensionar quem e quantos escreviam. Havia o Orkut, mas ainda não tinham estourado as incipientes redes sociais como o Facebook e o Twitter e muito menos o Skoob – que tem como objetivo unir leitores e servir como termômetro do que está sendo lido, avaliado, comentado e até quais livros são mais desejados ou estão presentes nas bibliotecas de cada leitor. “Quer elogios? Peça para sua mãe ler seu livro. Quer melhorar a qualidade do que escreve? Peça a um parecerista!”
     Opinião do Vida de Escritor
Mas retornemos ao ano de 2007, quando diante do desafio de fazer minhas primeiras avaliações em originais fui informada de que estava exercendo o trabalho de parecerista. De lá para cá, proliferaram também os leitores beta, que aliás sempre existiram, mas não com essa nomenclatura (quando você avalia e tece comentários sobre a redação ou algum texto − mesmo que pequeno − de algum amigo ou parente, está desempenhando o papel de um).
E qual a principal diferença entre um parecerista e um leitor beta? O comprometimento e o nível de envolvimento com o original. Salvo seja um leitor beta absolutamente crítico, este vai no máximo apontar que gostou ou não gostou da narrativa, que pontos achou mais interessantes ou arrastados, quais personagens estão mais ou menos verossímeis. Sem o ônus da remuneração pelo “serviço profissional”, o peso e a responsabilidade pela leitura é menor. (É lógico que há leitores beta que desempenham superbem essa função, mesmo não sendo remunerados monetariamente. Afinal, há outras fontes de troca, como a leitura recíproca dos respectivos originais, se ambos forem escritores.)
Já o parecerista, por ser contratado exclusivamente para essa função, deve enumerar todos os aspectos que julgar convenientes, passando desde pela linguagem empregada, até o perfil psicológico dos personagens − mas principalmente se há inconsistências ou furos na trama. E tudo por meio de um relatório bastante sedimentado.
Por mais solitária que seja a atividade de um escritor, este precisa se cercar de leitores que o leiam e lhe deem feedback, antes de seu original ser publicado. Quanto mais opiniões e leituras prévias, por diferentes leitores, melhor. Afinal, cada um tem um nível de compreensão, e a capacidade de interpretação de textos varia de pessoa para pessoa. Oxalá não venham os 5 leitores beta escalados para a leitura de seu original, mais o parecerista, dizer a você que a história está fraca ou que não compreenderam a motivação de seu personagem “x” para aquela tomada de decisão, hein?
Para arrematar essa breve história do início de minha trajetória, lembro-me como se fosse hoje do recebimento de meu primeiro arquivo digital, para realizar a leitura crítica em uma narrativa infantil. Não tinha mais do que 35, 40 páginas. Reunidos em torno da mesa da cozinha, fiz a leitura em voz alta para meus filhos, então todos crianças à época. Eles, assim como eu, curtiram bastante ouvir em primeira mão um original destinado ao mesmo público-alvo do qual faziam parte.

P.S.: Hoje em dia recebo originais os mais diversos − o maior deles contendo 180 mil palavras e mais de 400 páginas. Haja coragem e concentração para tamanha empreitada!

Sobre a autora:
Kyanja Lee é formada em Comunicação Social (Propaganda e Marketing) pela ESPM e tem especialização em Língua e Literatura Inglesa pela Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto). Participou de várias oficinas de produção de texto e contos.  Atua como parecerista (leitora crítica profissional), preparadora e revisora de originais desde 2007. Tem auxiliado novos autores, desenvolvendo relatórios de leitura crítica, editando, preparando ou revisando seus textos, para que possam ter mais chances de publicação. Saiba mais sobre ela, inclusive como entrar em contato, em http://www.KyanjaLee.com.br

E você, é autor ou trabalha no mercado livreiro? Compartilhe sua experiência e aproveite para divulgar seu trabalho!

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