1 de abril de 2009

O valor e o conteúdo da pesquisa...

  senso (mais ou menos) comum que uma pesquisa de qualidade pode fazer toda a diferença quando produzindo um romance, uma vez que permite ao autor dar densidade à obra e profundidade aos fatos e personagens.
O que gera polêmica, muitas vezes, é o que pesquisar, ou melhor, o que efetivamente utilizar do resultado de suas pesquisas.
Por exemplo: em "O Código Da Vinci", o cerne da história é a possibilidade de Jesus Cristo ter tido filhos com Maria Madalena. Creio que posso falar isso sem problemas de "estragar a surpresa" de ninguém, uma vez que cerca de 10% da população leitora do país (segundo a pesquisa do institudo "Viva Leitura") já leu o livro... Por absurdo que pareça, este ponto tem uma base "factual": um fragmento de um evangelho apócrifo que diz que “Jesus Maria de Madalena”, onde , em hebraico, é um termo que significa ser amigo, irmão, esposo, companheiro ou qualquer outro relacionamento. Como o hebraico antigo era uma língua muito pobre, este tipo de "termo amplo" é bastante comum. Ora, há diversas correntes de historiadores e curiosos se debruçando sobre textos antigos, e é inevitável que um deles chegasse à "brilhante" conclusão, mesmo que sem outros fatos para apoiar a tese, de que este fragmento indica que Jesus era casado com Maria de Madalena. O que o autor fez foi simplesmente escolher a versão que melhor embasava sua história fictícia.
Um outro exemplo, de autor brasileiro, é "O Nome da Águia". O "Rolo da Guerra", um dos manuscritos encontrados na região de Quram (próximo ao Mar Morto) em 1947, conta a história da luta dos Kedoshim, chamados de "filhos da Luz", contra os Kittim, "os filhos das Trevas". Os Kittim, 'cujo símbolo é a águia', são 'seres terríveis, crianças e mulheres se escondem de medo quando eles se aproximam', e etc. Há diversas correntes de historiadores que defendem que os Kittim são os romanos; outras que defendem que eles seriam um povo rival dos hebreus, e outros ainda dizem que eles seriam, apenas, uma outra seita judaica, rival dos Kedoshim. No livro, escolhi a versão mais adequada à história. Da mesma forma, no livro é mencionado que o símbolo do partido Republicano americano, quando foi fundado, era uma águia. O símbolo atual é um elefante, mas como isso não é relevante para a história, o fato não merece destaque! Resumindo: Pesquise de tudo, e muito. Ao fim, selecione os fatos que melhor embasem sua história - desde que sejam verdadeiros, não precisam ser os mais conhecidos ou reconhecido academicamente. E para concluir uma dica mais óbvia, com foco no mercado: As versões mais polêmicas sempre geram histórias melhores, mais instigantes e com mais possibilidade de despertarem o interesse dos leitores e da mídia. Fuja do escândalo, mas aproxime-se sempre que possível do polêmico - desde que isso não fira sua arte!

3 comentários:

José dos reis santos disse...

Muito válida sua ajuda, parabéns, gostei muito!

Deixe-te um poema sem correção, para apreciares.

Abstrativo.
José dos reis Santos.
(Poeta procopense).

Neste poema, abstrato,
ela pode ser o abstrato do poema.
Pode ser uma flor diáfana da poesia.
O riso do anjo, a balança do arcanjo,
minha dor ou a alegria.

Ela pode ser o canto de meu poema,
pode ser o que esprema a expressão
que me proíbo de expressar.
Pode ser a prece que me apressa a se calar.
E, o abstrativo do porque que ainda vivo,
com ela a sonhar.

Ah... minha poesia criança,
cujas tranças me entrelaçam o poema.
Por que se deste não vivesse, morreria,
sem fala na cala fria, do papel.
Sem linhas, sem traços, ao léu.
Sem palavras... sem nada...

Grande abraço Lobão!

Mônica Cadorin disse...

Gostei. É como faço também. Sempre preciso de muita informação antes de começar, mas não uso tudo, só o suficiente para o leitor se situar na narrativa.

Alexandre Lobão disse...

Oi Mônica,
É isso aí, o grande segredo é garantir que a informação não apareça como um elemento descritivo, mas sirva apenas de arcabouço;
Devemos lembrar sempre que não estamos dando uma aula, mas sim contando uma história!