emana passada, no dia 28 de março, o IPL - Instituto Pró-Livro divulgou os resultados da 3ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, o mais aprofundado estudo do mercado dedicado a conhecer o perfil do leitor brasileiro. Bem... E daí? Daí que, como já falei em outros posts, no "mundo ideal" o escritor poderia se trancar em uma saleta, escrever seu livro, enviar à editora e se trancar novamente para escrever o próximo. Na vida real, feliz ou infelizmente, todo escritor que deseja ser lido precisa conhecer não apenas conhecer seu público, mas também o mercado editorial. Vejamos então um pouco desta pesquisa, de maneira bem resumida. A pesquisa do IPL entrevistou 5012 pessoas em 311 municípios de 27 unidades federativas; em uma amostra estatística que representa 92% da população brasileira, com uma pequena margem de erro. Nesta pesquisa, é considerado "leitor" todo aquele que declarou ter lido pelo menos 1 livro nos últimos 3 meses. A primeira reação aos números da pesquisa pode parecer animadora para nós escritores: os leitores são 55% da população estudada, ou 95,6 milhões de pessoas . Outro número que pode parecer animador é o crescimento do número de livros lidos por ano, que em 2.000 era de 1,8 livros por leitor, em 2007 era de 3,7 livros por leitor e, em 2011, chegou a 4,7 livros - ainda muito abaixo dos padrões europeus, por exemplo, que é de 7 livros por ano (15 na Suécia e Dinamarca), mas ainda assim um crescimento. | |
O "problema" aparece quando começamos a olhar com mais cuidado os detalhes da pesquisa, procurando avaliar quantos destes quase 96 milhões são possíveis leitores de nossos livros. De cara, a pesquisa já indica que 47,4 milhões (50%) dos leitores são estudantes que lêem livros indicados pelas escolas (inclusive livros didáticos). Além disso, dentre os leitores há mais 6,9 milhões (7%) que só leram a Bíblia. Chegamos, então, a 41,3 milhões de possíveis leitores. Ainda é muito, quatro vezes a população de Portugal. Pena que ainda não é o tamanho de nosso público alvo. | "Não acredito que a venda por internet (hoje, em torno de 2%) chegará tão cedo à maioria da população brasileira e que, chegando, suprirá a necessidade da livraria 'física'."
Maria Antonieta Antunes Cunha, professora e fomentadora de diversos projetos culturais e de fomento à leitura
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Mais adiante na pesquisa, vemos que o significado da leitura para a maioria da população, quando respondido de forma espontânea, é "Conhecimento" - ou seja, lêem para estudar. Depois, "Algo importante", o que para mim soa como uma resposta genérica, que não diz nada. O leitor que nos interessa, aquele que lê por prazer, aparece em sétimo lugar nesta avaliação, o que corresponde a um grupo de 6,8 milhões de pessoas. Quando a resposta é estimulada (e, portanto, não é a primeira coisa que vem na mente do leitor) este número sobre para 13,9 milhões. Isso se reflete na lista de "passatempos" dos brasileiros: ler é o 5o passatempo em ordem de preferência para fazer em horário livre, perdendo, inclusive, para "descansar"... Durma-se com um barulho destes! Um ponto que vale destacar é o perfil (muito bem definido) destes 60 milhões de brasileiros que dizem gostar de ler em seu tempo livre - embora apenas 38 milhões o façam com frequência: |
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5 de abril de 2012
Retratos da Leitura no Brasil - Conheça quem quer conhecer seus livros!
13 de julho de 2009
Profissionalização do autor brasileiro
- O http://www.escrevaseulivro.com.br tem a proposta de ajudar autores iniciantes a procurar uma casa para seus livros, ou de orientá-los nos primeiros passos para uma publicação independente.
- Pesquisas do Ministério da Cultura sobre os "Retratos da Leitura no Brasil" e o instituto pró-livro (http://www.cultura.gov.br/site/2008/05/28/pesquisa-retratos-da-leitura-no-brasil/ ou http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/texto.asp?id=48);
- Sites de grupos indepentes e ONGs, como http://www.amigosdolivro.com.br, http://www.parceirosdolivro.com.br, http://www.leiabrasil.org.br/, http://www.escreva.com e outros.
- Cursos para autores e editores, como os de escrita criativa da Sônia Belloto (http://www.fabricadetextos.com.br/), os da "Usina de Livros"(http://www.usinadelivros.com.br/?area=ver&id=14) ou da Associação Brasileira de Editores de livros (http://www.abrelivros.org.br/abrelivros/texto.asp?id=3797);
- Blogs de autores e editores que compartilham suas informações, como o meu próprio, e muitos outros.
Material não falta para quem deseja se profissionalizar. E não adianta ficar reclamando que o mercado é difícil, que não oferece condições para iniciantes, ou coisas do gênero.
Sobre isso, sempre lembro da resposta da Lya Luft a uma pergunta da platéia, em um evento literário aqui em Brasília (tirado de memória, com certeza as palavras dela não foram estas, mas a idéia sim):
"Como você conseguiu fazer sucesso tão rápido?"
"Trabalho com traduções, escrevo artigos e colunas para jornais e revistas e escrevo livros a 28 anos. De repente, o meu trabalho atingiu uma massa crítica, e meu livros começaram a ser lidos em todo o Brasil. Para quem só me conheceu quando cheguei à grande mídia, foi rápido. Para mim, foi a consequência de uma vida dedicada à escrita."
Resumindo, mais uma vez: não há fórmula mágica, nem caminho garantido para o sucesso. O que existe é o mercado, um ecossistema onde os mais fortes e persistentes conseguem se destacar.
Ou, em outras palavras: da próxima vez que for reclamar, não reclame: aja! Continue escrevendo e trabalhando para melhorar as condições de quem está começando, que todos juntos somos mais fortes!
1 de abril de 2009
O valor e o conteúdo da pesquisa...
O que gera polêmica, muitas vezes, é o que pesquisar, ou melhor, o que efetivamente utilizar do resultado de suas pesquisas.
Por exemplo: em "O Código Da Vinci", o cerne da história é a possibilidade de Jesus Cristo ter tido filhos com Maria Madalena. Creio que posso falar isso sem problemas de "estragar a surpresa" de ninguém, uma vez que cerca de 10% da população leitora do país (segundo a pesquisa do institudo "Viva Leitura") já leu o livro... Por absurdo que pareça, este ponto tem uma base "factual": um fragmento de um evangelho apócrifo que diz que “Jesus
Um outro exemplo, de autor brasileiro, é "O Nome da Águia". O "Rolo da Guerra", um dos manuscritos encontrados na região de Quram (próximo ao Mar Morto) em 1947, conta a história da luta dos Kedoshim, chamados de "filhos da Luz", contra os Kittim, "os filhos das Trevas". Os Kittim, 'cujo símbolo é a águia', são 'seres terríveis, crianças e mulheres se escondem de medo quando eles se aproximam', e etc. Há diversas correntes de historiadores que defendem que os Kittim são os romanos; outras que defendem que eles seriam um povo rival dos hebreus, e outros ainda dizem que eles seriam, apenas, uma outra seita judaica, rival dos Kedoshim. No livro, escolhi a versão mais adequada à história. Da mesma forma, no livro é mencionado que o símbolo do partido Republicano americano, quando foi fundado, era uma águia. O símbolo atual é um elefante, mas como isso não é relevante para a história, o fato não merece destaque! Resumindo: Pesquise de tudo, e muito. Ao fim, selecione os fatos que melhor embasem sua história - desde que sejam verdadeiros, não precisam ser os mais conhecidos ou reconhecido academicamente. E para concluir uma dica mais óbvia, com foco no mercado: As versões mais polêmicas sempre geram histórias melhores, mais instigantes e com mais possibilidade de despertarem o interesse dos leitores e da mídia. Fuja do escândalo, mas aproxime-se sempre que possível do polêmico - desde que isso não fira sua arte!