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5 de abril de 2012

Retratos da Leitura no Brasil - Conheça quem quer conhecer seus livros!

emana passada, no dia 28 de março, o IPL - Instituto Pró-Livro divulgou os resultados da 3ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, o mais aprofundado estudo do mercado dedicado a conhecer o perfil do leitor brasileiro.
Bem... E daí?
Daí que, como já falei em outros posts, no "mundo ideal" o escritor poderia se trancar em uma saleta, escrever seu livro, enviar à editora e se trancar novamente para escrever o próximo.  Na vida real, feliz ou infelizmente, todo escritor que deseja ser lido precisa conhecer não apenas conhecer seu público, mas também o mercado editorial.   Vejamos então um pouco desta pesquisa, de maneira bem resumida.

A pesquisa do IPL entrevistou 5012 pessoas em 311 municípios de 27 unidades federativas; em uma amostra estatística que representa 92% da população brasileira, com uma pequena margem de erro.
Nesta pesquisa, é considerado "leitor" todo aquele que declarou ter lido pelo menos 1 livro nos últimos 3 meses.
A primeira reação aos números da pesquisa pode parecer animadora para nós escritores: os leitores são 55% da população estudada, ou 95,6 milhões de pessoas  .  
Outro número que pode parecer animador é o crescimento do número de livros lidos por ano, que em 2.000 era de 1,8 livros por leitor, em 2007 era de 3,7 livros por leitor e, em 2011, chegou a 4,7 livros - ainda muito abaixo dos padrões europeus, por exemplo, que é de 7 livros por ano (15 na Suécia e Dinamarca), mas ainda assim um crescimento.
O "problema" aparece quando começamos a olhar com mais cuidado os detalhes da pesquisa, procurando avaliar quantos destes quase 96 milhões são possíveis leitores de nossos livros.
De cara, a pesquisa já indica que 47,4 milhões (50%) dos leitores são estudantes que lêem livros indicados pelas escolas (inclusive livros didáticos).  Além disso, dentre os leitores há mais 6,9 milhões (7%) que só leram a Bíblia.  Chegamos, então, a 41,3 milhões de possíveis leitores.  Ainda é muito, quatro vezes a população de Portugal.  Pena que ainda não é o tamanho de nosso público alvo.
"Não acredito que a venda por internet (hoje, em torno de 2%) chegará tão cedo à maioria da população brasileira e que, chegando, suprirá a
necessidade da livraria 'física'."

Maria Antonieta Antunes Cunha, professora e fomentadora de diversos projetos culturais e de fomento à leitura
Mais adiante na pesquisa, vemos que o significado da leitura para a maioria da população, quando respondido de forma espontânea, é "Conhecimento" - ou seja, lêem para estudar.  Depois, "Algo importante", o que para mim soa como uma resposta genérica, que não diz nada. O leitor que nos interessa, aquele que lê por prazer, aparece em sétimo lugar nesta avaliação, o que corresponde a um grupo de 6,8 milhões de pessoas.  Quando a resposta é estimulada (e, portanto, não é a primeira coisa que vem na mente do leitor) este número sobre para 13,9 milhões.
Isso se reflete na lista de "passatempos" dos brasileiros: ler é o 5o  passatempo em ordem de preferência para fazer em horário livre, perdendo, inclusive, para "descansar"... Durma-se com um barulho destes!
Um ponto que vale destacar é o perfil (muito bem definido) destes 60 milhões de brasileiros que dizem gostar de ler em seu tempo livre - embora apenas 38 milhões o façam com frequência:

13 de julho de 2009

Profissionalização do autor brasileiro

Olhando para o mercado americano, encontramos algumas dezenas de livros cujo público-alvo são os escritores; além de pelo menos duas revistas de circulação nacional. A realidade no Brasil é ainda bastante diferente, mas aos poucos as editoras vão percebendo que este é um nicho importante. Já li uns quatro livros a este respeito (todos que conheci no mercado nacional...), de cabeça lembro de dois deles: "Você já pensou em escrever um livro?", Sônia Belloto - http://www.ediouro.com.br/vocejapensou, Ediouro Com uma linguagem dinâmica e cativante, Você já pensou em escrever um livro? é um trabalho para quem lida com a escrita no dia-a-dia e para quem deseja se tornar um escritor de sucesso. O livro ensina métodos valiosos para romper bloqueios e produzir textos originais. Ensina também como arranjar tempo para escrever, os estilos pessoais, como dar vida aos textos e como desenvolver o potencial criativo de cada um, além de trazer orientações especiais sobre criação de personagens, diálogos e cenas que cativam os leitores. "Guia para Autores", Andrey do Amaral - http://www.andreydoamaral.com, ed. Ciência Moderna. Depis de terminar o original é que o escritor se dá conta das dificuldades da publicação. Entrar no mercado editorial é possível! Basta conhecer os segredos deste universo. Neste livro, você diminuirá os caminhos da tão sonhada publicação. Descrevemos os erros mais comuns e a forma correta de enviar sua obra para a editora certa. Há ainda os endereços das principais agências literárias do Brasil e do exterior, além das melhores editoras com a linha editorial definida. Facilitar é a nossa proposta. Este manual é bastante eficaz para quem deseja se destacar no concorrido mundo dos livros. E você irá conseguir! E para quem está começando, toda ajuda é boa. Então, dê uma pesquisada também na internet, que há muitos sites interessantes. Por exemplo:

Material não falta para quem deseja se profissionalizar. E não adianta ficar reclamando que o mercado é difícil, que não oferece condições para iniciantes, ou coisas do gênero.

Sobre isso, sempre lembro da resposta da Lya Luft a uma pergunta da platéia, em um evento literário aqui em Brasília (tirado de memória, com certeza as palavras dela não foram estas, mas a idéia sim):

"Como você conseguiu fazer sucesso tão rápido?"

"Trabalho com traduções, escrevo artigos e colunas para jornais e revistas e escrevo livros a 28 anos. De repente, o meu trabalho atingiu uma massa crítica, e meu livros começaram a ser lidos em todo o Brasil. Para quem só me conheceu quando cheguei à grande mídia, foi rápido. Para mim, foi a consequência de uma vida dedicada à escrita."

Resumindo, mais uma vez: não há fórmula mágica, nem caminho garantido para o sucesso. O que existe é o mercado, um ecossistema onde os mais fortes e persistentes conseguem se destacar.

Ou, em outras palavras: da próxima vez que for reclamar, não reclame: aja! Continue escrevendo e trabalhando para melhorar as condições de quem está começando, que todos juntos somos mais fortes!

1 de abril de 2009

O valor e o conteúdo da pesquisa...

  senso (mais ou menos) comum que uma pesquisa de qualidade pode fazer toda a diferença quando produzindo um romance, uma vez que permite ao autor dar densidade à obra e profundidade aos fatos e personagens.
O que gera polêmica, muitas vezes, é o que pesquisar, ou melhor, o que efetivamente utilizar do resultado de suas pesquisas.
Por exemplo: em "O Código Da Vinci", o cerne da história é a possibilidade de Jesus Cristo ter tido filhos com Maria Madalena. Creio que posso falar isso sem problemas de "estragar a surpresa" de ninguém, uma vez que cerca de 10% da população leitora do país (segundo a pesquisa do institudo "Viva Leitura") já leu o livro... Por absurdo que pareça, este ponto tem uma base "factual": um fragmento de um evangelho apócrifo que diz que “Jesus Maria de Madalena”, onde , em hebraico, é um termo que significa ser amigo, irmão, esposo, companheiro ou qualquer outro relacionamento. Como o hebraico antigo era uma língua muito pobre, este tipo de "termo amplo" é bastante comum. Ora, há diversas correntes de historiadores e curiosos se debruçando sobre textos antigos, e é inevitável que um deles chegasse à "brilhante" conclusão, mesmo que sem outros fatos para apoiar a tese, de que este fragmento indica que Jesus era casado com Maria de Madalena. O que o autor fez foi simplesmente escolher a versão que melhor embasava sua história fictícia.
Um outro exemplo, de autor brasileiro, é "O Nome da Águia". O "Rolo da Guerra", um dos manuscritos encontrados na região de Quram (próximo ao Mar Morto) em 1947, conta a história da luta dos Kedoshim, chamados de "filhos da Luz", contra os Kittim, "os filhos das Trevas". Os Kittim, 'cujo símbolo é a águia', são 'seres terríveis, crianças e mulheres se escondem de medo quando eles se aproximam', e etc. Há diversas correntes de historiadores que defendem que os Kittim são os romanos; outras que defendem que eles seriam um povo rival dos hebreus, e outros ainda dizem que eles seriam, apenas, uma outra seita judaica, rival dos Kedoshim. No livro, escolhi a versão mais adequada à história. Da mesma forma, no livro é mencionado que o símbolo do partido Republicano americano, quando foi fundado, era uma águia. O símbolo atual é um elefante, mas como isso não é relevante para a história, o fato não merece destaque! Resumindo: Pesquise de tudo, e muito. Ao fim, selecione os fatos que melhor embasem sua história - desde que sejam verdadeiros, não precisam ser os mais conhecidos ou reconhecido academicamente. E para concluir uma dica mais óbvia, com foco no mercado: As versões mais polêmicas sempre geram histórias melhores, mais instigantes e com mais possibilidade de despertarem o interesse dos leitores e da mídia. Fuja do escândalo, mas aproxime-se sempre que possível do polêmico - desde que isso não fira sua arte!