22 de março de 2018

Sua meta é escrever um livro? Eis aqui o que faltava! (parte 2)

N
o início do mês escrevi a primeira parte deste post, onde eu falei como escrever um livro é, muitas vezes, mais uma questão de esforço para estabelecer uma nova rotina do que de inspiração ou de conhecer técnicas de escrita. Vamos agora dar continuidade à ideia.
(Novamente lembro que o Vida de Escritor está com poucos posts até o setembro de 2018, mas até lá continuo acessível para responder perguntas e apoiar escritores no que for possível através dos meus diversos canais para contato.)
Estes dois posts são, basicamente, a transcrição de uma conversa que tive com um amigo escritor sobre um problema que aflige muitos escritores: Querer escrever um livro, ter isto até como “meta de início de ano”, mas os dia passarem, os anos passarem, a rotina atrapalhar a meta, e o livro simplesmente não sair.
No post anterior falei sobre técnicas para a estabelecer uma rotina do trabalho. Quanto ao trabalho em si, mencionei que o ideal é uma abordagem "top down", até para ajudar na definição das metas. Vejamos como fazer isso!
"Escrever um livro é, muitas vezes, mais uma questão de esforço do que de inspiração ou de conhecer técnicas de escrita"
1) Defina O QUE você vai escrever. Se é um livro de ficção, defina uma PREMISSA ESTRUTURADA estabelecendo o protagonista, o antagonista, suas metas e o conflito que acontece a partir delas. Se for um livro de não ficção, defina a MENSAGEM do livro, que inclui a ideia, ou as ideias principais (três ou quatro no máximo) que você quer passar para os leitores.
IMPORTANTE: ESCREVA a premissa ou a mensagem. Não deixe só na cabeça.

2) Segundo, na ficção, detalhe os personagens da premissa. Há muitas técnicas para isso, inclusive dou uma visão geral de algumas delas aqui no Vida de Escritor e aprofundo no Bíblia do Escritor. No caso da não ficção, você vai dividir os subtópicos de cada ideia, ou ideias menores que de alguma forma estão associadas a ela. Não pense ainda em COMO o livro será escrito, estamos ainda pensando nos tópicos.

3) Na ficção, você agora define os pontos de virada da trama (quando a história muda de rumo e o protagonista muda de atitude). Sendo não ficção, você vai definir os pontos principais do livro, a sequência de ideias. Por mais técnico que seja um livro, você precisa mostrar as ideias que quer defender em uma ordem específica, começando com conceitos gerais e depois indo para os detalhes, ou começando do simples para depois ir trabalhando ideias mais complexas.

4) A partir das ideias que teve nos passos anteriores, você vai escrever uma SINOPSE do livro. Trata-se de um texto de no mínimo e no máximo 5 páginas com uma "resenha" do livro, como você escreveria caso o livro já estivesse pronto.  A ideia aqui, você já deve ter percebido, é ir trabalhando a ideia cada vez mais, deixando sua cabeça aprofundar o tema aos poucos para tornar o resultado mais claro em sua mente.  
IMPORTANTE: Não se preocupe de "fazer certo", você pode retornar quantas vezes quiser aos pontos anteriores e revisá-los, conforme as novas ideias que tiver. O que você vai reparar é que aos poucos o núcleo do livro vai se consolidando, e as mudanças passam a ser apenas nos detalhes.
A partir da sinopse há muitíssimas formas de escrever, como descrevo no Bíblia do Escritor.

Então, agora, o que fazer? Comece pelas técnicas de gestão de tempo, utilizando as técnicas sobre o conteúdo que vimos agora para definir as metas.  Então, defina a meta da primeira semana como o passo 1, a da segunda semana como o passo 2, e assim por diante. É viável, em quatro semanas, ter a sinopse do livro pronta.
IMPORTANTE: NÃO se perca em excesso de pesquisas. Hoje, na sua cabeça, você provavelmente já tem as ideias necessárias para fazer até a sinopse.  A partir daí, quando for detalhar os capítulos e escrevê-los, vai rolar muita pesquisa, mas você não iria querer escrever este livro se já não tivesse uma noção das principais ideias que quer abordar e do tom que quer dar à coisa.
Quando aparecerem dúvidas, anote-as como parte da sinopse ou dos tópicos; só não pare para pesquisar neste ponto, vai haver um momento para isso.

Então, fechado? Sinopse em quatro semanas?

Este é uma visão BEM em alto nível do que falo em detalhes (incluindo muitas dicas e exercícios) no Bíblia do Escritor; fiquem à vontade pedir esclarecimentos sobre estes pontos, sobre detalhes que leram no livro, e comentem com outras dicas que possam ajudar os colegas escritores!


E não esqueça que você encontra este e muitos outros assuntos em 'A Bíblia do Escritor, em versão impressa ou para ler em seu Kindle



Gostou? este post!

8 de março de 2018

Sua meta é escrever um livro? Eis aqui o que falta para chegar lá!

M
esmo estando em um 'período sabático' aqui no blog, continuo acessível para responder perguntas e apoiar no que for possível através dos meus diversos  canais para contato.

Em um destes contatos, um amigo escritor me trouxe um problema tão comum entre escritores que achei que valeria a pena trazer para cá as orientações que escrevi para ele. O problema? Querer escrever um livro, ter isto até como “meta de início de ano”, mas os anos passarem e o livro não sair.
Então, o que se segue é parte da conversa que tivemos, sinta como se a conversa fosse com você! Primeiro, deixe-me reforçar alguns conceitos importantes:
1) Escrever um livro, quando se já tem experiência em escrita (mesmo que técnica ou jornalística), é mais uma questão de gestão de tempo do que qualquer outra coisa.
"Escrever um livro é, muitas vezes, mais uma questão de esforço do que de inspiração ou de conhecer técnicas de escrita"
2) As maiores dificuldades a serem superadas são, primeiro, conseguir um tempo para estabelecer a nova rotina, e em segundo lugar as dificuldades naturais para se estabelecer um novo hábito. Seja parar de fumar, começar a fazer exercícios ou escrever rotineiramente, um hábito só se estabelece após uns três meses (mais ou menos, é claro) de repetições à força.  Depois disso, seu subconsciente já 'interiorizou' o hábito, aí no dia que você falhar, você se sentirá culpado, sentirá que "falta algo", e compensará o mais rápido possível.

Então, com estes conceitos em mente, vamos a técnicas bem específicas que o ajudam a escrever um livro.

1) Defina um horário específico para escrever, algo que você realmente consiga seguir. O "modelo ideal" é escrever uma hora, todos os dias, sempre à mesma hora (por exemplo, acordando uma hora mais cedo e escrevendo por uma hora); mas se não for possível pode ser em horários variados, mas sempre os mesmos (não pode ser "quando eu tiver tempo"). Escreva três dias por semana no mínimo, porque se for menos que isso o livro demora demais a evoluir e aí continuar vira um problema de motivação.

2) Defina um local para escrever. Organize um cantinho para isso, onde você se sinta à vontade e não será interrompido, e de preferência um local onde você possa colar ideias rabiscadas (textos, gráficos, descrições de personagens etc) na parede e deixar lá enquanto não estiver escrevendo.

3) Para começar, um bom exercício é fazer um "alongamento mental": abra um caderno (de preferência, mas se tiver dificuldades pode ser um notebook) e escreva por cinco minutos sem parar. Se não acabar cansado, podem ser dez, mas normalmente cinco são suficientes. Nestes minutos, reforço, escreva SEM PARAR, se estiver sem ideias escreva "estou sem ideias sobre o que escrever" e continue a frase com outra coisa qualquer. O texto não precisa ter lógica nem mesmo estar associado ao livro que você vai escrever, e deve ser jogado fora logo depois. O objetivo é apenas desbloquear seu lado criativo, em modo de escrita automática.

4) Defina METAS. Por exemplo: esta semana vou terminar a premissa estruturada do livro, na próxima o detalhamento dos personagens, etc. Não precisa fazer as metas para o livro inteiro, mas é bom ter pelo menos as das próximas três semanas. E, é claro, trabalhe duro para conseguir atingir suas metas. Isso é importantíssimo para manter a motivação e gerar resultados rapidamente.

5) Você pode ter metas diárias, também. As metas podem ser de quantidade de palavras (um mínimo de 1000 palavras por dia, por exemplo, é uma meta fácil de atingir) ou de páginas.  Isto é mais fácil em alguns tipos de livros, então não se preocupe tanto com esta técnica, mas se conseguir fazer isso regularmente eu garanto que seus resultados melhorarão em qualidade rapidamente (a prática faz a perfeição).

6) Termine de escrever quando estiver com vontade de escrever mais. Não escreva um pouco mais para terminar o capítulo ou concluir a ideia que está na cabeça, deixe para concluir no dia seguinte - isso vai lhe ajudar a querer voltar o mais rápido possível ao livro.

Isso são técnicas para a rotina do trabalho. Quanto ao trabalho em si, o ideal é uma abordagem "top down", até para ajudar na definição das metas. Falei sobre isso na segunda parte da conversa com ele, que entra aqui no Vida de Escritor daqui a duas semanas.
Até lá, fiquem à vontade para perguntar sobre qualquer ponto que não ficou claro, ou completar com suas dicas!



E não esqueça que você encontra este e muitos outros assuntos em 'A Bíblia do Escritor, em versão impressa ou para ler em seu Kindle



Gostou? este post!

27 de setembro de 2017

Eventos para escritores, guionistas e aspirantes no Porto e Lisboa

A
migos escritores e roteiristas!
Como já falei em outras oportunidades, estou em um 'período sabático' aqui no blog, mas reforço que continuo sempre acessível para responder perguntas e apoiar no que for possível através dos diversos canais para contato.
Novidades neste último período: primeiro, entrou no ar uma nova versão de meu site oficial, ajustado para funcionar bem em celulares, tablets e dispositivos, e com mais informações sobre meus livros e roteiros, além da estreia de uma seção de "Perguntas Frequentes" que deverá ser ampliada à medida que novas perguntas de escritores, pais e professores forem... bem, se tornando frequentes! ;) 
Sugestões para correções e melhorias são sempre bem vindas!

Em segundo lugar, gostaria de convidar os colegas escritores e guionistas portugueses para dois eventos que irei realizar nos próximos meses, com foco na apresentação de ferramentas que são utilizadas por escritores profissionais na produção de romances e guiões de filmes de longa metragem. Como criar uma premissa estruturada, como definir personagens mais críveis, como estruturar a trama para evitar bloqueios de escritor, como fazer revisões direcionadas por filtros e muito mais serão apresentados em uma palestra no Porto, dia 21 de outubro, e vistos com detalhes e exercícios práticos em um workshop em Lisboa, dias 25 e 26 de novembro. "O que é escrito sem esforço, geralmente é lido sem prazer"
Samuel Johnson, escritor, poeta, ensaísta, biógrafo, filósofo e crítico literário inglês do século XVIII
Seguem os convites dos eventos, e vocês podem ver mais informações nos sites dos organizadores:
 

 
Estes eventos também serão oportunidades únicas para conseguir uma cópia d'A Bíblia do Escritor, cujo lançamento em Portugal ainda não tem data prevista.

Ajudem a divulgar - e espero vocês lá!


E não esqueça que você encontra este e muitos outros assuntos em 'A Bíblia do Escritor, em versão impressa ou
para ler em seu Kindle



Gostou? este post!

25 de agosto de 2017

Corrente do bem - também entre escritores

E
m quase 50 anos de vida, nunca vi o Brasil passar por uma crise tão grande.
Não falo aqui das crises econômica e política, até porque sobre estes assuntos - ainda que importantes - já estamos todos saturados.
Falo de uma crise mais essencial, mais importante: a crise de humanidade.
Realmente me assusta a quantidade de situações onde alguém é agredido (um professor, um estudante, um político, não interessa a profissão, moral ou ideologia) e, ao invés de se discutir a agressão, condena-se a vítima.  Há toda uma horda que começa a falar do passado da vítima, da forma como ela se vestia, das posições políticas que assumiu, de sua orientação sexual etc, como se isso tornasse a violência aceitável.
Não é.
E, mais incrível, aqueles que tentam levar o debate na direção correta são taxados dos mais absurdos adjetivos; chegando alguns detratores a acreditar que defender direitos humanos é algo negativo!  (Se você tem alguma dúvida sobre este assunto, leia a Declaração Universal dos Direitos do Homem).
Como falei, a crise que mais me assusta é a de humanidade. Mas, afinal... O que esta crise tem a ver com a escrita?
Tudo.
Já falei em alguns posts anteriores sobre o que acredito ser a responsabilidade social dos escritores, além da responsabilidade do escritor com seu público. Estes posts merecem ser relidos, ainda mais nestes tempos sombrios.
Não acredito que todo escritor deva escrever obras profundas, que denunciem os desvarios da sociedade onde vive. Há também a necessidade de se escrever sobre o bom, o belo, o amor e o futuro, até para que, por contraste, se perceba a falta que estas coisas fazem.
"Uns escrevem para salvar a humanidade ou incitar lutas de classes, outros para se perpetuar nos manuais de literatura ou conquistar posições e honrarias. Os melhores são os que escrevem pelo prazer de escrever.".
Lêdo Ivo, jornalista, poeta, romancista, contista, cronista, ensaísta e, como se não bastasse, Imortal.
Mas hoje queria ir além do discurso: gostaria de propor uma ação. 
Algo simples, fácil de fazer, e que tem um potencial transformador: Vamos apoiar outros escritores.
Só publiquei meu primeiro livro, quase 20 anos atrás, por conta de Ronaldo Cagiano, um escritor incrível, ganhador do Jabuti em 2016, que primeiro fez com que eu acreditasse em minha capacidade de escrever, depois praticamente me pegou pela mão, apresentou-me um editor e me empurrou para ir em frente até que meu primeiro livro fosse lançado.
Desde então, passei por muitas vidas, mas sempre que posso tento fazer pelo menos um pouco por outros escritores, para honrar o que o Ronaldo me ensinou. E quando acontece de algum deles me agradecer e perguntar como pode retribuir, só peço uma coisa: que não deixe morrer esta "corrente do bem", não esqueça que teve meu apoio e, quando alguém pedir ajuda - escritor ou não - que o ajude também, passando a mesma mensagem.
A ajuda pode ser uma indicação, uma informação, uma opinião, eventualmente até apoio financeiro. O mais importante é se importar. De nada vale fazer, se o coração não estiver aliado à ação.

Diante de tantos desafios para melhoria de nossa sociedade, ajudar uma pessoa parece pouco.
Mas somos muitos, e se cada um fizer sua parte, aos poucos vamos saindo desta terrível crise de humanidade.
Porque a mudança, seja para nos tornarmos melhores escritores ou melhores seres humanos, começa sempre dentro de nós, com um pequeno gesto, um pequeno esforço para a direção certa.
E persistência, para não nos abatermos na difícil estrada.

E você, já ajudou ou foi ajudado por outros escritores? Que tipo de ajuda você acha que seria útil? Comente e compartilhe!

E não esqueça que você encontra este e muitos outros assuntos em 'A Bíblia do Escritor, em versão impressa ou
para ler em seu Kindle



Gostou? este post!