5 de julho de 2017

Pontos de Virada: O que são e como utilizar

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Acredito que tudo aquilo que fazemos conscientemente acaba sendo mais bem trabalhado do que aquilo que fazemos sem perceber.
O mesmo se dá, é claro, ao escrevermos um livro: se você conhece as técnicas e sabe como e porque utilizá-las, poderá explorá-las melhor.
Pontos de virada são elementos simples da trama, tão simples que parecem ser algo "óbvio" - e, no entanto, há muitos autores que simplesmente não pensam neles, e acabam por não aproveitar ao máximo seu potencial como escritores por conta disso.
Pontos de virada são aqueles momentos na narrativa em que a trama "muda de direção", quando o objetivo do protagonista muda ou começa a mudar. Por exemplo, em uma filme de terror, é o momento em que a vítima decide que, para se salvar, a única forma é deixar de fugir e passar a atacar.
O ponto de virada pode ser algo bem marcado, como uma explosão que mata um personagem, ou sutil como uma breve troca de olhares que mexe com as certezas do protagonista.
Em seu “Poética”, Aristóteles já sugeria uma trama dividia em três atos e com um ponto de virada central
A ideia não é novidade: Três séculos antes da era Cristã Aristóteles já propunha uma trama onde as complicações cresciam até um ponto central, quando o personagem adotava uma postura mais ativa e passava a resolvê-las uma a uma até o fim.
Atualmente, boa parte dos filmes de Hollywood utilizam uma trama com 5 pontos de virada:
  • 1º ponto de virada - Indicação da ruptura: Algo interrompe a rotina, oferecendo ao protagonista a chance de uma grande aventura. Esta aventura poderá ser algo físico, ou simplesmente uma mudança de comportamento.
  • 2º ponto de virada - Obrigação se seguir em frente: O que era apenas uma possibilidade de mudança, agora se torna inevitável. Neste ponto de virada ocorre algo (uma decisão, ou algo físico) que faz com que o personagem finalmente saia de sua zona de conforto e enfrente a mudança.
  • 3º ponto de virada – Todas as pontes estão queimadas: Até este momento, o protagonista ainda via a chance de retornar à rotina anterior com um mínimo de mudanças; mas neste ponto algo ocorre que fica claro que não há como tomar outro caminho: ele precisa seguir até o fim para conseguir resolver a mudança que ocorreu em sua rotina.
  • 4º ponto de virada – Complicações chegam ao extremo: Neste ponto, tudo parece ir contra o protagonista, e não é possível ver nenhuma solução viável para os problemas. Neste momento o protagonista sai de uma posição passiva, de sofrer com os problemas conforme aparecem, para uma posição ativa, de buscar proativamente soluções.
  • 5º ponto de virada – Clímax e resolução: É quando a história chega ao clímax e o problema trazido pela mudança se resolve – de uma forma ou de outra!
Este modelo de trama, ainda que seja bastante flexível e permita escrever desde comédias românticas até thriller de ação desenfreada, está longe de ser consenso.
Em boa parte dos filmes europeus, usualmente mais centrados em personagens, o que vemos é uma estrutura simplificada, com dois pontos de virada: 
  • 1º ponto de virada - Ruptura da rotina : Ponto em que a rotina do personagem é abalada por algum acontecimento qualquer, que inicia uma série de mudanças em sua vida.
  • 2º ponto de virada - Conclusão do aprendizado : Ponto em que as mudanças provocadas pelo ponto 1 se concluem, deixando o personagem com a escolha de (tentar) retornar à sua rotina anterior ou assumir uma nova posição frente à vida.
O conceito em si é bastante simples, e TODA história precisa ter pelo menos um ponto de virada - afinal, ainda que possam haver exceções, uma história é sobre "algo que aconteceu", e não uma mera descrição da rotina de um personagem.
O "pulo do gato", neste caso, é pensar os pontos de virada da trama ANTES de começar a escrever qualquer coisa.
Se você já definiu a premissa estruturada (mesmo que seja centrada em personagens), já sabe o ponto de partida e, usualmente, o ponto final de sua trama.
Com os pontos de virada definidos, a história "se desenha" em sua mente, e você passa a ter uma visão bem melhor sobre por onde a trama irá passar, o que ajuda imensamente o processo de produção de sua obra.
É uma ideia simples, mas como todas (boas) ideias simples, extremamente útil!

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Um comentário:

Unknown disse...

Texto sensacional!