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20 de junho de 2010

Criando personagens melhores - e o resultado da promoção!

Amigos Escritores! Vejam, no fim deste post, o resultado do sorteio dos livros e da camiseta (da promoção que rolou em meu blog e twitter). Mas antes vamos ao que interessa – dicas para escritores!

Hoje vou dar mais algumas pinceladas na questão dos personagens, respondendo com mais profundidade algumas questões que me enviaram via twitter, como: “Será que criar uma ficha para cada personagem com todos os seus detalhes me ajudaria a molhar e perfumar meus textos?”, “Existem métodos básicos p/ anotações sobre perfil, histórico e links entre os personagens?” e outras do gênero.
Uma coisa que todo escritor deve ter consciência é que, seja na literatura, no cinema ou nos quadrinhos, personagens superficiais não despertam a empatia do leitor. E quando o leitor não se identifica com o personagem, dificilmente ele se importará com seu destino, fadando o livro, filme ou quadrinho ao insucesso.
Bons personagens têm vida própria. Um testemunho disso é que é todo escritor já passou pela surpresa de, ao escrever uma história mais longa, vê-la fugir do planejado porque os personagens “não agiram conforme o esperado”; ou porque um personagem falou algo que o escritor não esperava, e o autor “não podia mudar a fala, pois isso é exatamente o que ele deveria falar nesta situação”.
Bons personagens deixam o leitor perceber, nas entrelinhas, sua personalidade, pequenas manias, gostos e passatempos. Além disso, estes personagens fogem dos estereótipos e agem como pessoas reais ou, em outras palavras, não são homogêneos, evoluem dentro da trama e, em situações diferentes daquelas de sua rotina, mostram que são mais profundos e são capazes de tomar decisões que vão além do seu perfil básico.
Ao planejar uma história, sempre gaste um tempo na elaboração de seus personagens, escrevendo fichas ou mapas mentais (Dica: use o software gratuito, e bastante completo, FreeMind: http://freemind.sourceforge.net/). Alguns pontos a serem pensados para cada personagem incluem:
  • Características físicas: Como o personagem é, fisicamente falando?
  • Crenças: no que o personagem acredita, como ele lida com pessoas de outras religiões, se suas convicções são profundas, etc.
  • Perfil psicológico: Como é o personagem? O que gosta de fazer nas horas vagas? Tem algum hobby? Possui animais de estimação?
  • Origem: Onde nasceu o personagem? Em que meio social? Qual sua idade? Sua família é grande ou pequena? Onde mora?
  • Formação: Que escolas cursou ou cursa? Que empregos teve e tem? Ele gosta do que faz, ou faz por algum outro motivo?
  • Relacionamentos: O personagem tem amigos, colegas, namorada ou namorado, cônjuge? Como ele se relaciona com outras pessoas?
  • Metas pessoais: O que move o personagem? Onde ele quer chegar?
  • Obstáculos: O que o impede de chegar às suas metas? Inimigos, doenças, dúvidas, etc... Como um exemplo, segue o mapa mental de um dos personagens secundários de “O Nome da Águia” (http://www.onomedaaguia.com/), David O’Connor.
Ok, não dá para ler muito bem, mas acho que vocês pegaram a idéia, não? :)

Agora vamos ao resultado do concurso. Obrigado a todos que participaram - e fiquem antenados para futuros sorteios!
  • Ganhador da Camiseta e do livro: Jean Martins, http://twitter.com/JeanMartins. Jean, por favor me envie seu endereço e diga qual livro e qual camiseta você vai querer!
  • Ganhador do livro “O Nome da Águia” no twitter: Neste momento, o twitter não está retornando todos os RTs (alguma falha interna), assim que o problema estiver resolvido eu divulgo!

2 de junho de 2010

Promoção! Sorteio de Livros e Camiseta - e Dicas sobre Escrita de Diálogos

Amigos que me acompanham no twitter (http://twitter.com/AlexandreLobao) e aqui no blog! Para demonstrar meu agradecimento pelo apoio e participação de vocês, vou realizar dois sorteios, a serem realizados no dia 18/06 :
  • Dentre os que me seguirem no twitter e RT ("retwitarem") a mensagem abaixo, vou sortear um exemplar de "O Nome da Águia" (http://www.onomedaaguia.com)./
#PROMOÇÃO 2 #Sorteios 18/06: #Livro http://bit.ly/NomeAguia, RT e siga @AlexandreLobao; Livro e camiseta detalhes em http://bit.ly/BlogLobao
  • Dentre os que assistirem ao trailer de 60 segundos do livro "O Nome da Águia" em http://www.onomedaaguia.com/, e comentarem este post com a resposta à pergunta; "Como são chamados os inimigos dos Khedoshim?", será sorteado um de meus livros e uma camiseta, à escolha do vencedor. Livros: "XNA 3.0 game programming", "O Nome da Águia" ou "A Caixa de Pandora"; Camisetas: branca, com capa alternativa de "O Nome da Águia", branca com capa de "A Caixa de Pandora" ou verde com a capa de "O Nome da Águia". Obviamente, não aprovarei os comentários com as respostas para não "entregar o jogo"!
Detalhe: os prêmios serão enviados apenas para endereços no Brasil. Divulguem e participem!

Voltando agora, finalmente, às dicas para escritores, vou postar aqui o excelente comentário do colega escritor Gleison / Kractus, em resposta ao meu post sobre diálogos, inserindo comentários meus em itálico. Obrigado, Kractus! Nunca é demais destacar que a resposta para todas as perguntas colocadas abaixo é simples: Você decide! Não existe exatamente “certo” e “errado” em relação a como escrever diálogos, mas de qualquer forma vamos tecer algumas considerações...

Alexandre, existem também diferentes formatações ou sintaxes?
R: Sim, com certeza. Selecione 10 livros quaisquer em uma biblioteca, e provavelmente você verá pelo menos 5 formas diferentes de representar um diálogo.

19 de maio de 2010

As incríveis memórias de Samael Duncan - Cila, Parte IV (final)

Amigos! Aqui vai a última parte do conto "Cila", na verdade o capítulo 2 do livro em que estou trabalhando, "As Incríveis Memórias de Samael Duncan" (título provisório). Quem leu ate agora sem comentar, este é um bom momento! No próximo post: Concurso com sorteio de livros e camisetas, aqui e no twitter! Fiquem ligados!
Sair de Veneza naquele dia foi uma das coisas mais penosas que já fiz na vida, quase tão difícil quanto deixar Caterina partir anos antes, naquele nublado dia de março, no início de uma primavera que não florescia em meu coração. Com um nó na garganta, vi a cidade sumir rapidamente no horizonte dos trilhos da ferrovia. Adolf Hitler era ainda um promissor estadista indicado ao prêmio Nobel da Paz, e a Europa sufocava angustiada com a recessão continuada desde o fim da Primeira Grande Guerra - que eventualmente seria o estopim da Segunda - quando finalmente pude retornar a Veneza. Cerca de sete anos haviam se passado desde a última vez que encontrara com Cila. Desci do trem no bairro de San Marco e corri para a hospedaria mais próxima, onde acertei o pagamento com o anfitrião, deixei as malas e aluguei uma bicicleta para chegar mais rápido até o Lido. Quando passei pelo rio Dei Greci, meu coração saltava pela boca, mais pela emoção do que pelo esforço de desviar dos pedestres em alta velocidade. Encostei a bicicleta no portal quebrado da casa, e entrei quase correndo, chamando seu nome, esquecendo o cuidado com as tábuas apodrecidas. Com medo do que poderia achar, sofreei o passo à medida que descia as escadas. Minha voz chamava seu nome quase em um sussurro, como se receasse acordar algum sonho perdido na penumbra do andar de baixo. Com a água suja subindo até a barriga, andei até a mesa próxima à janela onde Cila usualmente ficava. Na luz do fim do dia, vi sobre a mesa um pequeno colar de prata, com um pingente em formato de concha no qual se viam três entalhes de símbolos que não consegui identificar. Sob o colar, uma folha amarelada coberta de poeira deixava entrever uma mensagem escrita com letras firmes e assinada elegantemente. “Caro Samael, Quebrei minha promessa, mas imagino que Fabrício teria aprovado. Agora que me sinto forte retornarei ao meu povo. Deixo aqui um presente que é um símbolo de nossa amizade: carregue-o com você, e sempre que precisar de meu povo, alguém estará por perto para ajudá-lo. Cila.” Entre feliz pela decisão dela e decepcionado por não mais poder ouvir sua voz, coloquei a mensagem no bolso e o colar no pescoço, desejando sair logo daquele lugar que, apesar de me trazer boas lembranças, tinha um certo tom lúgubre na penumbra crescente da noite. Na minha pressa, a meio caminho da escada escorreguei em algo e afundei de uma vez na água escura. Levantei sobressaltado, e, estranhando a quantidade de obstáculos naquele canto da sala, afundei um braço e alcancei o objeto que provocara meu tropeço. Assim que percebi que havia pegado um osso de uma pilha de restos humanos, lancei-o para o lado e, transido de medo e por um súbito frio, corri para a salvação dos degraus que se projetavam para o andar superior, a poucos metros de distância. Corri de bicicleta até não agüentar mais, e só então parei para respirar. O amuleto pendia sobre meu peito arfante, zunindo suavemente na quase escuridão do início de noite. Nunca mais vi Cila, mas mesmo agora, quando olho pela minha janela para o mar distante, pareço ouvir o eco de sua voz no som das ondas quebrando na praia.
Estranhamente, termino de escrever e ainda me sinto cheio de energia, como se a lembrança das aventuras passadas pudesse realmente trazer sangue novo às minhas veias. Sorrindo, tiro a bengala do colo e a levo ao chão. O baque surdo faz a enfermeira levantar os olhos de sua indefectível revista e se aproximar. - O senhor deseja se levantar? Precisa de ajuda? Olho para ela, depois para a bengala que se apóia no assoalho de madeira, e finalmente para minhas mãos, que após soltarem a pena voltam a tremer ligeiramente. - Não, querida. Só estou treinando. Quem sabe amanhã? Ela sorri para mim, como querendo me encorajar. Sorrio de volta. Estico a mão até uma pequena gaveta sobre a mesa onde escrevo, uma gaveta que eu não abro desde 1988, após o incêndio que destruiu meu quarto. Em um gesto automático, puxo de lá um colar e o coloco no pescoço. No meu peito, o talismã em forma de concha parece pulsar em ressonância com as ondas distantes, como que desejando bombear uma nova vitalidade para meu sangue envelhecido. Mas, como boa parte das minhas lembranças a respeito de Cila, isso também pode ser produto da minha imaginação. Repito em voz baixa, como um mantra direcionado mais para mim do que para a enfermeira, que me ouve atenta. - É!... Quem sabe amanhã...