14 de novembro de 2025

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24 de agosto de 2021

Live com Alexandre Parente: Pais na Literatura Infantil


Alexandre Parente, cearense morador e apaixonado por Brasília desde a juventude, é antes de tudo um cara legal.

Sempre com um sorriso no rosto e uma mão estendida para os amigos, ele transporta este sentimento para seus livros, que apresentam temas variados e importantes para o desenvolvimento infantil, indo desde profissões, inclusão e bullying até sentidos e culturas.
A vida no campo e a paternidade são suas principais fontes inspiradoras, refletidas em muitos de seus livros.
Alexandre Parente também é autor da Casa de Autores, e contribui para a construção de um Brasil de leitores em seus muitos passeios pelas escolas e pelo imaginário infantil.

Venha passear também nesta Live com Alexandre Parente.

23 de abril de 2021

Cortar: Lições de um primeiro lugar

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Dia 12 de abril descobri, não sem alguma surpresa, que havia sido agraciado com o primeiro lugar no Concurso Alan Viggiano de contos, promovido pelo Sindescritores.

Minha primeira reação foi a de sentir a cabeça nas nuvens e o mundo de cabeça para baixo.

A segunda reação foi pensar que cancelariam minha premiação caso descobrissem que minha primeira reação foi expressa em clichês tão batidos!

Penso que estes momentos, para além da comemoração, devem servir para refletirmos sobre a profissão da escrita.

Já fui jurado de muitos concursos literários, o suficiente para saber que ficar em primeiro lugar é quase uma loteria: Por mais que a banca julgadora tente ser objetiva, sempre o gosto pessoal acaba tendo um peso grande. Dizer que uma história bem escrita é “melhor” do que outra no mesmo nível é sempre algo muito subjetivo.

Ainda assim fiquei com a impressão de que, neste caso específico, eu soube porque meu conto foi escolhido. E, confesso, tudo começou com um erro!


Fazia um bom tempo que eu não participava de concursos e, como todo bom “iniciante” cometi um erro crasso. Um erro que, por acaso, acabou servindo como uma valiosa lição e provavelmente me rendeu o primeiro lugar: Eu não prestei atenção no limite de tamanho imposto pelas regras.

Empolgado com o tema do concurso, dei asas à imaginação, fugi dos clichês e escrevi 5.000 palavras. 11 páginas.

Muito feliz com o resultado, fui conferir o edital do concurso para formatar o texto conforme o esperado.  Ao passar os olhos rapidamente pelas regras, verifiquei que o limite eram 2.000 palavras.

Apavorado com o tamanho dos cortes necessários mas sem outra saída, cortei, cortei, cortei e cortei.

Nunca tinha passado pela experiência de cortar 60% de um texto, e confesso que foi um grande aprendizado.

Quando finalmente terminei o doloroso trabalho, retornei ao edital apenas para descobrir que minha memória tinha me traído: não eram 2.000 palavras, mas sim 2 páginas.  Loucura: eu precisaria cortar o texto novamente pela metade!

Neste momento, foi inevitável lembrar d’O Lutador de Drummond:

Lutar com palavras

é a luta mais vã.

Entanto lutamos

mal rompe a manhã.

Assumindo como minha a coragem dele, repeti com ele:

Palavra, palavra

(digo exasperado),

se me desafias,

aceito o combate.

Então, novamente, cortei, cortei, cortei e cortei.

Cheguei às duas páginas.

Retornando pela última vez ao famigerado edital do concurso, que tanto já me fizera sofrer, descobri que ainda havia uma última provação a cumprir em minha jornada do herói: espaçamento entre linhas de 1,5 e as margens maiores do que as de meu texto.

Imbuído da força de quem já cumpriu a maior parte da jornada, ainda que o esforço final me parecesse impossível, consegui cortar o correspondente a seis linhas de texto que haviam se deslocado para a página seguinte.

Quando terminei, encarei o texto com medo de que o corte de 84% (!) das palavras o tivesse tornado irreconhecível. Ele, impassível, olhou-me de volta. Decifra-me e devoro-te.


Palavra a palavra fui vencendo as linhas, como quem o lesse pela primeira vez, e qual foi minha surpresa ao perceber que não só o texto se sustentava, mas toda a emoção que eu havia tentado prender entre as letras ainda estava ali.

Eu havia cortado não apenas a carne até o osso, mas também os ossos, membros, muito do que eu acreditava ser parte essencial no texto… Apenas para descobrir que o que sobrou foi o coração da história, ainda pulsante em minhas mãos. Algo onde cada palavra brilhava, onde cada sentido era essencial ao sentimento, onde mesmo as aliterações eram músicas escondidas, esperando apenas o leitor para se libertarem.


Como falei no início do artigo, não acredito que em concursos literários o primeiro lugar seja melhor que o segundo ou o décimo, é tudo questão de gosto dos jurados. Por isso e por favor, não pensem que estou enaltecendo o que escrevo. Estou enaltecendo os cortes!

Meus melhores trabalhos são justamente aqueles que tive que cortar mais, normalmente por imposição da editora.

Não recomendo a ninguém que corte mais de 80% de qualquer texto, como foi o caso, a menos que seja à guisa de aprendizado.

Mas acredito firmemente que todo texto precisa sofrer cortes de no mínimo 15%.

Se você quiser fazer seu texto brilhar, chegue aos 30%.

Uma coisa eu prometo: você não vai se arrepender! 

29 de janeiro de 2021

Como aumentar o suspense e a velocidade de leitura para prender o leitor


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esta semana, na comunidade  do Telegram que mantenho com dicas para escritores, a colega escritora Luciana Sanches perguntou que tipo de técnicas de suspense podem ser utilizadas para deixar o leitor preso ao texto.

Como respondi por lá, o assunto é extenso, e não necessariamente tem uma resposta objetiva, então achei melhor escrever um artigo a respeito.  

E como não existe uma resposta certa ou única, e poucas fontes que sistematizam o assunto, tentei organizar algumas ideias a respeito, coisas simples mas que muitas vezes não nos damos conta quanto estamos escrevendo — mas gostaria de sua contribuição para ampliar este artigo!

De maneira geral, acho que para aumentar a velocidade de leitura e deixar o leitor "preso" ao texto, vale a pena dividirmos em ferramentas focadas na forma e no conteúdo.

Dicas para tornar a forma de seu texto mais ágil

Nos últimos dois anos, e mais fortemente do início da pandemia para cá, houve um crescimento significativo de leitores de contos. A meu ver, este movimento tem a ver com a mudança que temos percebido na capacidade (ou na incapacidade...) das pessoas de se concentrarem por longos períodos de tempo.    
Pesquisas recentes mostram que as pessoas hoje em dia tem muito menos capacidade de concentração do que há meros dez anos, principalmente como resultado da exposição a informações cada vez mais concentradas. Hoje em dia, a informação que a maioria das pessoas consomem é resumida em 280 caracteres, isso quando muito: Um meme, uma manchete de um artigo (raramente lido) disparada um "lacrou" de um grande número de pessoas, como se toda a verdade sobre determinado assunto pudesse ser resumida em uma imagem e uma frase.
Neste contexto, como ficam os livros? 
Minha leitura da situação (trocadilho proposital...) é que em uma sociedade acostumada à gratificação imediata, os leitores preferem chegar ao clímax da história em um conto de poucas páginas do que precisar ler centenas de páginas para tal.
Nesta linha, uma alternativa radical é migrar sua carreira de romancista para a de contista, isso se você achar que esta visão não só está certa, mas também será permanente. Eu, particularmente, não recomendo isso. Escreva o que você gosta de escrever, algumas coisas não devem entrar em negociação! 
O que pode ser feito quanto à forma, então?
Coisas simples, mas que ajudam muito: diminuir o tamanho das frases, parágrafos e capítulos.  
Qualquer frase com mais de 40 palavras é longa demais, avalie com cuidado como reduzi-la.
Qualquer parágrafo com mais de seis linhas deve receber o mesmo tratamento.
Quanto aos capítulos, aqueles com mais de cinco páginas no Word (que após a diagramação serão no mínimo sete) devem ser analisados para verificar se não podem ser divididos.
Por fim, uma palavrinha quanto ao livro como um todo: Fazendo uma analogia com o mundo audiovisual, hoje há mais pessoas que preferem ver 50 episódios de uma série de TV do que um longa metragem de duas horas de duração. Talvez isso impacte na forma de escrevermos, criando pequenas histórias conectadas em grandes arcos, ao invés de uma longa história.  Pensem nisso!

Dicas para tornar seu conteúdo mais intenso

A forma é a parte mais fácil de ser mexida no texto, e o resultado é apenas quanto à velocidade de leitura, que se por um lado pode ajudar a prender o leitor, por outro não contribui para gerar suspense ou aumentar o interesse na narrativa.
Para melhorar seu conteúdo para aumentar o suspense, o escritor precisa ser muito criterioso quanto ao uso destas técnicas, porque toda técnica tem seus pontos positivos e negativos, o momento certo para usar.  Tentei dar uma visão geral de algumas destas técnicas a seguir, destacando estes detalhes.
  • Uso dos 6 sentidos do personagem: Quando escrevemos a primeira versão do texto, usualmente lembramos apenas de descrever o que ocorre (visão) e incluir diálogos e eventuais explosões e outros "efeitos sonoros" (audição). Ao incluir outros sentidos, você aumenta consideravelmente a imersão do leitor. Por exemplo:
    • Marta levantou do sofá, foi até a porta e a abriu. Do lado de fora, o mundo estava estranhamente silencioso.
    • Marta levantou do sofá, sentindo que havia algo de errado (intuição, o sexto sentido). Caminhou até a porta, e quando segurou na maçaneta percebeu que ela estava estranhamente fria (tato). Ao abrir, sentiu um cheiro adocicado (olfato), que a lembrou de coisas antigas e mortas. Do lado de fora, o mundo estava estranhamente silencioso.
  • Uso de "flashforwards" para gerar suspense: O trama está lenta? Mostre ao leitor uma cena futura, muita intensa.  O leitor vai ficar ansioso para lê-la, o que aumenta o suspense e acelera a leitura!
  • Uso da intuição dos personagens ou menções do narrador sobre o futuro: A técnica é semelhante ao flashforward, mas ao invés de uma cena utiliza-se algo breve, apenas para espicaçar a curiosidade do leitor.  Por exemplo: "Beijou o marido como se fosse a última vez, sorriu e foi para o trabalho. Mal sabia ela que aquela seria realmente a última vez.", ou "Olhou para ele e sentiu um aperto no coração, como se fosse a última vez que o veria. Beijou-o longamente e saiu para o trabalho, sem conseguir afastar a sensação ruim".
  • Use cliffhangers: Há muitas formas de criar cliffhangers, inclusive os dois tópicos anteriores, mas a mais comum é interromper a ação em seu clímax. Por exemplo, ao invés de uma personagem chegar para um outro no fim de um capítulo com uma grande revelação ("Estou grávida!"), o que fazemos muitas vezes para terminar o capítulo com impacto, a ideia do cliffhanger é adiar este impacto para gerar suspense. No caso, o capítulo terminaria com uma frase do tipo: "Preciso lhe contar uma coisa que vai mudar a sua vida!".
  • Inclua fatores limitantes em sua história: A trama está evoluindo lentamente? Inclua alguma limitação, por exemplo de quantidade ("só existem cinco bilhetes premiados para visitar a Fábrica de Chocolate, preciso encontrar um deles") ou, o que é mais comum, de tempo ("Preciso convencer meu amigo a não se casar no mês que vem", ou "Escondi uma bomba em um local muito movimentado da cidade. Vocês têm 24 horas para pagar ou a bomba explodirá.". 
Estas são algumas das técnicas para aumentar o suspense que consegui lembrar, mas com certeza há muitas outras.  Por favor enviem suas contribuições, que irei atualizando este artigo.

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