oje trazemos mais uma contribuição para o Vida de Escritor, do amigo escritor e ativista cultural T. K. Pereira, sobre um tema complexo de se lidar - até porque acredito que todo escritor, em um ou outro momento da carreira, já se sentiu desta forma. Falo da Síndrome do Impostor.
O problema adquire tons dramáticos quando ele se torna um obstáculo, promovendo uma das formas do temido bloqueio do escritor, onde o autor, por medo de não ser bom o bastante ou por excesso de preocupação com a qualidade do que escreve, acaba ficando paralisado e deixa de produzir.
Faça também parte do Vida de Escritor: Se você tem alguma experiência ou conhecimento que gostaria de compartilhar com os colegas escritores brasileiros e portugueses que acompanham o blog, envie sua contribuição!
Agora, com vocês, T.K.Pereira:
Já se questionou se escrever é mesmo algo que você realmente deveria estar fazendo? Releu um de seus textos e se pegou pensando que ninguém se interessaria por aquela porcaria? Comparou-se a algum escritor e sentiu-se um embuste sem talento? Caso tenha respondido sim para qualquer uma dessas perguntas, talvez você tenha experimentado a Síndrome de Impostor.
O que é Síndrome de Impostor?
A Síndrome de Impostor é um estado mental, uma espécie de crença interna e ilusória de que não se é bom o bastante em algo. Trata-se de um fenômeno mundial estudado há mais de quarenta anos, presente tanto em homens quanto mulheres, mais comum em ambientes profissionais. Este auto boicote pode ser ocasionado por diversos motivos, desde a forma de criação do indivíduo até situações inesperadas e passageiras.
“Não consigo escrever!”
Síndrome de Impostor NÃO é bloqueio de escritor. Sentir-se bloqueado é não saber sobre o que escrever, por exemplo. A Síndrome te leva a questionar por que diabos você insiste em escrever, pra início de conversa. Ou seja, a Síndrome é mais sorrateira e perigosa. Ela pode te impedir até de começar a escrever.
Em escritores, a Síndrome pode se manifestar de duas formas principais. A primeira é após a conclusão de um texto ou até mesmo de um livro. Você olha para aquele trabalho finalizado e questiona a qualidade dele, que valor poderia ter para alguém além do próprio autor (às vezes, nem mesmo para ele).
Nesse caso, uma forma de driblar ou lidar com a Síndrome é buscar apoio externo. O retorno de amigos sinceros e colegas escritores mais experientes pode contribuir para aliviar a pressão sobre seus ombros e auxiliar sua evolução.
Perfeccionismo paralisante
A segunda manifestação da Síndrome é mais alarmante: é deixar-se paralisar totalmente pelo sentimento de fraude. Por exemplo, intimidar-se pela comparação a outros livros ou escritores em diferentes estágios da carreira, ao invés de inspirar-se neles.
É muito comum distrair-se tanto com o que outros escritores andam fazendo por aí que você não escreve absolutamente nada. Pode ser medo de não ter nada a dizer, de ser inadequado, ou apenas de não ser tão bom quanto eles. Esse pensamento geralmente te leva a retrabalhar eternamente um original, a nunca terminar nada que começa, ou ainda pior, jamais começar.
É difícil se libertar dessas amarras, mas não impossível. Pra começar, seria interessante cortar tudo o que perceber estar te prejudicando de escrever: sair das redes sociais ou parar de ler entrevistas ou assistir a vídeos sobre o sucesso daquele seu escritor favorito, por exemplo.
Voltando ao que importa
Liberte-se de tudo o que te faz mal e foque no que te fortalece. Parece clichê de autoajuda, certo? Em outras palavras, corte as influências externas negativas e procure se fortalecer com aquilo que importa: livros. Leia o que quiser, leia gêneros favoritos, leia autores novos (deixe seus ídolos de lado por um tempo).
Esqueça aquela vontade de escrever por enquanto e reconecte-se com o que te fez querer ser escritor em primeiro lugar, ou seja, o amor pela leitura. Você notará surgir, naturalmente, a urgência interna de converter seus próprios pensamentos em palavras, de contar suas próprias histórias.
Quando sentir a vontade de escrever refortalecida dentro de si, mãos à obra. Pegue caneta e caderno, abra o notebook, o celular, dê vazão ao ímpeto. Não esquente com temas, estrutura, mercado, nada disso. Deixe sua energia e o apreço pelo ofício fluir da forma e pelo tempo que for.
Fortalecendo-se
Tudo isso funcionou para mim, mas apenas até certo ponto. Foi preciso ir além. Não vivemos numa bolha. O escritor precisa viver, se conectar com pessoas, situações, dilemas e discussões, estar em contato com a diversidade do mundo. Mas é importante que o escritor proteja suas convicções, não necessariamente de ideias, mas sobre si mesmo.
Uma excelente forma de voltar a se conectar com a vida além da escrita solitária são as oficinas literárias. Elas te permitem travar contato não apenas com técnicas, mas também com a vivência, os dilemas, as angustias e várias outros aspectos do que significa ser escritor.
Textos produzidos em oficinas literárias costumam ser avaliados e debatidos por colegas que se identificam com suas dores e lutas. Essa reciprocidade entre escritores pode ter auxiliar a sair do ciclo de auto depreciação que te impede de escrever.
As aulas, discussões, desafios, críticas e evoluções acabam se revelando comuns a inúmeros escritores nesses ambientes. Você verá que não está sozinho em seus meus medos, dilemas e desafios.
Esteja atento!
Não ouso dizer que estou curado da Síndrome de Impostor, se é que existe cura. Não creio que ela vá embora definitivamente. Mas ao menos hoje ela não me assusta tanto quanto antes e, mais importante, não me paralisa.
Recentemente, a Síndrome quase me impediu de publicar meu primeiro livro de contos, “Vozes”. Graças a essa mudança de mentalidade e atitudes, e, especialmente, ao fato de ter me cercado de bons e sinceros amigos, hoje tenho convicção de que jamais deixarei de fazer o que mais amo. Seguirei dando a cara à tapa, aprendendo, evoluindo e, na medida do possível, tentando ajudar outros a fazer mesmo.
Ah, e minhas “Vozes” serão publicadas. A pré-venda pelo Catarse se encerra neste sábado, dia 19/10/19, à meia-noite. O livro sairá mesmo que a meta não seja atingida, mas quanto mais enchermos aquela barrinha, mais livros serão impressos. Convido você a dar um pulo lá na página, apoiar e garantir sua cópia.
Sobre o autor: T. K. Pereira, organizador do projeto 7 coisas que aprendi, projeto que reúne mais de 100 depoimentos de escritores sobre o ofício, autor do livro de contos “Vozes” (Caos e Letras, 2019), em pré-venda no catarse.me/livrovozes até o dia 19 de outubro. Site oficial do autor: tkpereira.com.br
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18 de outubro de 2019
2 de outubro de 2019
Os principais truques para prevenção de plágio por escrito
migos,
Inaugurando uma nova etapa no Vida de Escritor, estamos agora abrindo espaço para contribuições.
Se você tem alguma experiência ou conhecimento que gostaria de compartilhar com os colegas escritores brasileiros e portugueses que acompanham o blog, envie sua contribuição!
Hoje temos a contribuição de Lisa Griffin, escritora e blogueira freelancer, que escreve sobre plágio. Ainda que seu artigo seja mais focado em textos acadêmicos, suas dicas valem para qualquer tipo de trabalho, e vem a esclarecer a questão do plágio, preocupação comum a todo escritor em algum momento de sua carreira.
Quando escreve uma tese para a faculdade ou um trabalho de pesquisa, pode necessitar de consultar várias fontes para desenvolver as suas ideias. Contudo, deve indicar de onde provêm essas ideias ou citações; caso contrário, será acusado de plágio. Neste guia, iremos explorar a melhor forma de evitar o plágio.
A principal razão por
trás de trabalhos plagiados é a limitação de tempo. Muitos estudantes não têm
tempo para trabalho extra na sua rotina diária. Não dispõem de tempo para redigir
dissertações devido à grande carga de estudos e a part-times. Então, copiam e
colam o conteúdo diretamente do site e usam-no, fazendo cópia de um trabalho já
feito. No entanto, não cometa este erro. Para que não precise de o fazer, basta
seguir as dicas sugeridas para se proteger do plágio de trabalhos.
Plágio significa usar
as palavras ou ideias de outra pessoa sem lhe dar crédito. Não pode usar o
trabalho ou afirmações de alguém como seus, ainda que essa pessoa tenha dado o seu
consentimento.
1) Citar uma fonte
Se quiser usar palavras
ou ideias de outra pessoa, cite-as
diretamente, palavra por palavra, usando aspas. Obviamente, deve creditar a
fonte original, seja dentro do texto ou numa nota de rodapé.
2) Escreva pelas suas próprias palavras
Escreva
todas as suas ideias sem usar as palavras de outra pessoa ou até o seu estilo
de escrita para o ajudar. Assim, de forma geral, deve
evitar parafrasear o máximo possível. Parafrasear ou reescrever o texto de
outra pessoa pelas suas próprias palavras é aceitável apenas se tal ocorrer
minimamente no texto (p. ex., um parágrafo) e a fonte original for citada no
final da passagem parafraseada. Deste modo, a maneira mais fácil de evitar
preocupações com plágio é não parafrasear. Use a sua própria "voz"
para transmitir as suas ideias. Não misture texto original e emprestado sem
citar o texto emprestado.
3) Em caso de dúvida, cite
Se perceber que está a citar
excessivamente, pode ser sinal que não está a escrever o suficiente pelas suas
próprias palavras. Isto é um indicador de que deve reescrever o seu artigo.
Palavras e frases comuns não precisam de ser citadas ou colocadas entre aspas,
mas qualquer argumentação que envolva conceitos comumente entendidos deve ser
adequadamente citada.
4) Não recicle imagens, figuras, tabelas ou texto de um dos
seus artigos previamente publicados sem os citar.
Em geral, é melhor não
republicar uma figura que já tenha publicado antes. Mas, se o fizer, cite o
documento original na figura ou na legenda da tabela e não se esqueça de
mencionar no texto da sua publicação anterior e de obter permissão caso não
tenha mantido os direitos de autor. Não recicle texto de um trabalho para outro. Escreva um
novo para cada um. Se não cumprir esta regra, estará a cometer auto plágio,
que, embora muitas vezes não intencional, será tratado como plágio voluntário.
5) Peça permissão.
Se deseja usar uma
figura, tabela ou qualquer tipo de dado que não tenha sido publicado antes e
tenha sido criado ou reunido por alguém que não seja coautor do seu trabalho,
deve necessariamente pedir permissão e dar crédito. O mesmo se aplica se criar a
sua própria figura ou tabela usando os seus dados. Assegure permissão para cada
figura, tabela ou ilustração publicada que pretenda republicar.
Existem vários tipos de
plágio, e ferramentas online para realizar a deteção tais como o verificador de plágio livre, que podem ser distinguidos com base em
fatores como: Extensão (plágio menor ou maior), originalidade do material
copiado, tipo de material plagiado, fontes referenciadas ou não, intenção dos
autores. As formas mais comuns de plágio são as seguintes:
- Plágio de ideias: quando o autor “usa as ideias ou pensamentos de outros e os apresenta como seus” sem dar o devido crédito aos autores originais, o que resulta em plágio de ideias. Por exemplo, usar ideias de artigos previamente publicados por estudantes licenciados enquanto faz o seu trabalho de dissertação.
- Plágio de texto/plágio direto/plágio de palavra por palavra: “copiar uma parte do texto de outra fonte sem dar crédito ao autor e sem colocar o texto emprestado entre aspas”. Por exemplo, a maioria dos jovens autores não sabe escrever e dar um crédito ao trabalho original de onde pesquisaram. Apenas recortam e colam da fonte original e criam um artigo sem dar o devido crédito aos autores que redigiram o trabalho original.
- Plágio de mosaico (plágio de retalhos): quando o autor não escreve pelas suas próprias palavras e "usa as mesmas palavras, frases ou parágrafos da fonte original" sem dar o devido crédito, o que resulta em plágio de mosaico. Por exemplo, quando os autores pedem emprestadas palavras/frases da fonte original e inserem retalhos no artigo, isso resulta em retalhos ou plágio em mosaico.
- Auto plágio: “Roubar ou emprestar uma certa quantidade de trabalho” dos seus artigos previamente publicados significa auto plágio. Por exemplo, usar parte do próprio trabalho e publicar o artigo em diferentes periódicos resulta em auto plágio.
Algumas
das regras essenciais para evitar uma acusação de plágio são:
- Assegurar tempo suficiente para concluir o seu trabalho.
- Compreender todo o conceito e escrever novas ideias pelas suas próprias palavras.
- Evitar "copiar e colar".
- Tanto quanto possível, usar poucas fontes apropriadas e precisas.
- Aprender como e quando citar e evitar também os retalhos.
- Cite sempre linguagem nova e em dúvida, não comum.
- Siga as orientações do autor de acordo com os periódicos biomédicos.
- Cite referências com precisão.
- Reconheça sempre fontes originais e dê-lhes o devido crédito.
- Evite escrever vários artigos do mesmo tipo e enviá-los para diferentes periódicos ao mesmo tempo.
- Consulte um tradutor ou nativo antes de enviar a prova final do manuscrito para revistas científicas.
- Use ferramentas anti plágio para detetar qualquer plágio acidental. Por exemplo, software de detecção de plágio como o Cross Check.
- Anexe a carta de apresentação ao editor referente a qualquer sobreposição involuntária.
Sobre a autora: Lisa
Griffin é escritora e blogueira freelancer. Ela é apaixonada por escrever,
gosta de compartilhar dicas e truques sobre como se tornar uma escritora de
sucesso.
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