ntes de mais nada, gostaria de lembrar que as inscrições para a 8
a
edição do Workshop de Escrita de Ficção do Vida de Escritor estão abertas!
Esta será a última edição no Brasil pelos próximos dois anos, então, veja
detalhes no
site do evento
e se programe para participar, nos dias 9 e 10 de julho!
É difícil explicar em poucas palavras, mas basta dizer que o editor é o “pai
adotivo” do livro, é ele quem transforma um rascunho em uma obra digna de ser
lida.
Obviamente há todos os tipos de editores, desde aqueles que são
meros negociantes até aqueles que não só amam os livros, mas que também
participam de sua construção.
Os “editores negociantes” só veem o livro
apenas como uma fonte de renda e têm o foco em descobrir livros que fazem
sucesso lá fora ou, no máximo, descobrir autores nacionais que escrevem livros
“da moda” ou na mesma linha de livros internacionais de sucesso. Estes editores,
inclusive, são mal vistos no mercado justamente por delegarem ou deixarem de
lado questões importantes, associadas à escrita do livro em si.
Já os editores “de verdade” têm um papel primordial na criação do livro.
Um bom editor conhece o mercado literário atual e suas tendências, em
especial o público alvo das obras que ele produz, e com este
conhecimento sobre “o que funciona e o que não funciona” para este
público, além de uma boa visão sobre o que ele considera literatura de
qualidade (perceba que não estou falando em termos absolutos...), ele
orienta o escritor sobre possíveis ajustes no livro. |
“Só
com um bom editor um livro atinge o seu potencial máximo.” |
Vale a pena contar uma história real, para que fique claro até que ponto esta
intervenção pode chegar.
Um escritor brasileiro, de quem prefiro não
contar o nome, enviou um livro para a Bloomsbury, editora inglesa que publicou o
Harry Potter no final da década passada. O livro foi bem recebido, e o editor
percebeu que a obra tinha um bom potencial, mas que a conclusão da obra era
insatisfatória, ou pelo menos não era a melhor possível, para seus leitores.
Entrando em contato com o autor, o editor propôs que a editora contratasse outro
escritor para escrever o último terço do livro, de forma a entregar algo com
mais apelo aos leitores. O nome do segundo autor não sairia nos créditos (seria
um “ghost writer”), então para todos os efeitos a obra continuaria sendo 100% do
autor original. O autor aceitou, e o livro fez bastante sucesso, abrindo as
portas do mercado internacional para este escritor.
Da minha parte, toda
vez que vou escrever um livro sob encomenda (sim, bons editores também fazem
isso; encomendam livros para atender a determinados nichos de mercado que
percebem que estão pouco atendidos), escrevo apenas as linhas gerais da obra,
entregando ao editor uma proposta em alto nível do que será o livro. O editor
avalia, sugere, modifica, e quando fechamos a visão geral da obra, começo a
produzir o trabalho. No caso de livros técnicos (como “Quilombos e Quilombolas”,
livro que escrevi sob encomenda lançado pela editora Mazza ano passado), o
editor muitas vezes participa ainda mais ativamente, recebendo capítulo por
capítulo da obra e indicando ajustes a cada passo.
É, isso pode ser um
choque para quem ainda imagina que escrever é uma atividade solitária, que o
escritor espera a musa chegar, e quando a inspiração chega o autor coloca sua
alma no papel e ninguém mais mexe.
Mas, por mais que exista este lado
“romântico” da escrita, todo escritor precisa lembrar que ele só se torna
realmente um escritor se sua obra for publicada. E sem a participação do editor,
o ciclo não fecha, e o original fica na gaveta.
Obviamente, estou falando
apenas das versões impressas por editoras. Textos autopublicados, sejam virtuais
ou físicos, existem aos montes. E é talvez nestes textos que o público em geral
perceba a importância do editor: Fora as inevitáveis exceções, o que vemos são
obras mal acabadas, textos fracos, pouco profissionais.
Porque, no fim,
é este o trabalho maior do editor: garantir que cada livro atinja todo seu
potencial, não apenas comercial, como também artístico. E todo autor
profissional procura justamente isso: alguém que lhe aponte os caminhos a seguir
para melhorar seu trabalho.
E
você, gostaria de completar com alguma informação sobre os editores com quem
já trabalhou? Comente e compartilhe com os
colegas!