O que é a Leitura Crítica
Avaliar um original, seja um quadro, uma composição musical ou um livro, é sempre uma tarefa subjetiva. Por mais que tentemos objetivar a análise, dividindo a obra e analisando-a sobre diferentes aspectos, ainda assim sempre resta uma grande dose de subjetividade, sendo portanto o resultado, em última instância, uma visão pessoal do avaliador. O que torna uma leitura crítica valiosa é ter uma posição de um leitor que não dará sua opinião simplesmente para agradar o autor, pelo contrário, ele estará procurando falhas que possam comprometer original. Obviamente, as opiniões do leitor crítico se baseiam em sua experiência como leitor e, inevitavelmente, podem ser influenciadas por seu gosto pessoal; de forma que sua opinião não é um atestado de qualidade (ou de falta desta); mas sim pontos de partida para que o autor veja sua obra por outros olhos e possa, caso desejado, burilá-la para torná-la mais palatável ao leitor.
Como funciona a Leitura Crítica
Não há um manual para isso, mas de maneira geral você envia seu original e o leitor crítico irá lê-lo, rabiscá-lo à vontade, e devolvê-lo junto com um “Laudo de Leitura Crítica”, avaliando seu original por diversos diferentes aspectos; por exemplo:
- Coesão ou Continuidade A coesão se refere à integração entre frases, parágrafos, capítulos, e tramas do livro, indicando se o autor mantém uma linha narrativa que facilita a leitura, ou se dá “pulos” que podem vir a confundir o leitor.
- Consistência A consistência se refere à qualidade da obra de manter a mesma “voz” ou forma narrativa em sua totalidade, ou dentro de cada trama que eventualmente justifique “vozes” diferentes.
- Coerência A coerência se refere à capacidade do autor de criar uma realidade coerente para sua história, sem “surpresas” que pareçam não se encaixar na realidade apresentada. Está intimamente ligada à suspensão da descrença.
- Concisão A concisão se refere à qualidade do texto de ser conciso, não apresentando “pontas soltas” ou divagações que não contribuem para a história como um todo. Também é conciso o texto que evita rodeios e que não peca pelo excesso de detalhes, pontos estes que impactam no ritmo da leitura.
- Clareza A clareza indica se o texto é ou não facilmente lido. Textos rebuscados, com excesso de palavras eruditas ou excesso de detalhes interrelacionados pecam pela falta de clareza, embora a falta de clareza por si só não possa ser usada como um indicativo da qualidade da obra.
- Cadência A cadência, ou ritmo, do texto é resultante da velocidade de leitura sugerida pela fluidez e clareza do texto, e pela organização das tramas e capítulos. A cadência está associada a diversas outras características do texto, incluindo a concisão e a consistência.
- Correção A avaliação da correção visa indicar se a obra precisa ou não de uma revisão profissional.
- Diagramação A avaliação da diagramação só é realizada quando o original entregue já está diagramado.
- Linguagem A avaliação da linguagem ou “voz narrativa” visa indicar se há alguma característica específica da linguagem que se destaca no livro, e que com isso ajuda ou prejudica a leitura .
- Suspensão da descrença A “suspensão da descrença” é o somatório de todas as características do original, indicando se ele consegue garantir a apropriada imersão do leitor na obra, ou se, por algum motivo, o leitor se sente “de fora” da narrativa.
6 comentários:
Lobão,
Gostei do "check list"... São itens bem interessantes para se fazer uma leitura crítica, e, mais, orientar a própria elaboração do texto.
grande abraço
Arnaldo
Oi Lobão.
Adorei as dicas de como fazer uma leitura crítica. Suas críticas à minha estória tbm ajudaram bastante.
Gostaria de pedir que falasse um pouco sobre a manutenção do foco no trabalho do escritor.
Como escritora inciante, acho importante ler muito, para aprender sobre os estilos de escrita e os recursos que os grandes autores utilizam em suas obras.
Porém, percebo que a falta de foco tem me atrapalhado, estou lendo 3 livros de uma vez e escrevendo duas estórias.
Pode dar algumas dicas quanto a isso?
Abs.
Obrigado, Arnaldo. Estes itens são só uma coleção que organizei, e a que volto eventualmente para incrementar - qualquer sugestão de pontos deixados de fora é bem vinda!
Cara Jolie,
Esta questão do foco realmente é um grande problema, e não só para escritores iniciantes. Anotei aqui para voltar ao assunto em um novo post.
Por hora, basta citar um amigo meu (se não me engano, o próprio Oswaldo Pullen): todo escritor que diz que mantém uma rotina, que consegue escrever todos os dias, é um grande mentiroso! :)
O que a gente faz é continuamente lutar para "retornar à rotina", toda vez que fica mais do que três dias sem escrever...
Boa tarde.
É interessante fazer uma leitura crítica para livros de contos e/ou sonetos? Pois, em teoria, não há linearidade no livro completo, terminou a história, começa completamente novo... nesse caso, é mais viável enviar um conto por vez?
(desculpe se essa pergunta parece estúpida... mas ela tem me incomodado bastante hahahaha)
E quanto você cobra para realizar esse serviço?
Desde já, obrigado. Abraços.
Oi Ricardo,
Faz sentido fazer leitura crítica de um livro de contos, pois apesar de serem histórias mais curtas, sem grande aprofundamentos de trama ou personagens, ainda assim é possível ter uma ideia das qualidades e problemas na escrita do autor. Agora, um só conto por vez é meio estranho, pois o leitor crítico fica sem uma base de comparação; eu mesmo escrevi contos que julgo serem excelentes, e outros apenas medianos.
Quanto ao preço, não vou escrever aqui pois daqui a vários anos o comentário continuará, e o preço estará defasado. Entre em contato comigo via email, no contato@alexandrelobao.com, que lhe passo mais detalhes, inclusive o valor atualizado do investimento.
[]s
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