27 de abril de 2009

Pausa cômica - você tem perfil para ser um escritor?

Que no Brasil todo artista precisa ter um ego gigantesco, todos sabemos. Afinal, precisamos ser extremamente "confiantes" (para dizer o mínimo) para continuarmos animados a continuar com nossa arte. Para ajudar aqueles que ainda não se decidiram se irão se aventurar na carreira de escritor, fiz um pequeno teste, baseado em idéias tiradas, de lembrança, de um antigo número da revista americana "Writer's Digest". Vamos a ele: 1. Em uma festa, alguém por acaso menciona um fato curioso sobre algum momento histórico - por exemplo, a Inconfidência Mineira. Você: a) Muda de assunto, soltando algum comentário sobre futebol. (-1 ponto) b) Faz uma anotação mental sobre o fato, para o caso de algum dia escrever sobre isso (1 ponto) c) Anota o fato em um bloquinho que traz sempre à mão, usado para guardar idéias para futuro uso (2 pontos) d) Além de anotar, você entra na conversa e conta detalhes sobre a vida de Tiradentes ou de Tomás Antônio de Gonzaga, chegando a citar trechos de "Marília de Dirceu", até que todos fiquem te olhando estranhamente ou saiam de perto, de fininho (5 pontos) 2. Você vai a um cinema e se identifica com o protagonista do filme. Este protagonista é: a) Um ex-policial ou soldado que derrota, sozinho, centenas de terroristas (-1 ponto) b) Um advogado ou detetive que decifra enigmas de maneira inteligente (1 ponto) c) um escritor ou contador de histórias (2 pontos) d) Um profeta iluminado por Deus (5 pontos) 3. Ainda no cinema: Você vê um filme com recursos narrativos ou roteiros que chamam a atenção, como Amnésia, Magnólia ou Peixe Grande. Você: a) Não entende nada, e dorme, ou sai reclamando (-1 ponto) b) Gosta da história e sai comentando sobre os recursos narrativos (1 ponto) c) Gosta da história, sai comentando sobre os recursos narrativos e possibilidades de narração de histórias em diferentes mídias, como o cinema, quadrinhos e literatura (2 pontos) d) Sai quieto, imaginando como seria transpor e ampliar os recursos narrativos que viu para um livro (5 pontos) 4. Apesar de saber que menos de 1% das centenas de livros que chegam à uma grande editora no Brasil todo mês são efetivamente lidos, e que destes 1%, apenas 2 ou 3 chegam efetivamente a ser editados; e que dos livros que chegam a ser editados menos de 0,01% chegam a ser best-sellers, ainda assim você acredita que seu próximolivro será um best-seller... a) SIM (5 pontos) b) NÃO (Retorne ao seu emprego anterior - você não tem ego suficiente para ser um escritor!) Resultado: Menos de 8 pontos: Volte e releia, você deve ter se enganado na leitura, ou está no blog errado! 8 a 10 pontos: Você vai bem, mas leia e filosofe mais se quiser chegar lá! 11 ou mais pontos: Muito bem, você está no caminho certo! Só precisa parar de perder tempo fazendo este tipo de testes, e começar a escrever de verdade! Idéias para outras questões em nosso teste? Comentem! :)

13 de abril de 2009

Escrevendo seu primeiro romance

Um romance não é um conto comprido! Joaquim Nabuco disse, certa vez, que o “Romance é a imaginação abrangendo e modelando a vida”. Já M. Paulo Nunes falou que “A função do romance é ser a expressão maior e diríamos homérica, ou seja, épica, da vida contemporânea” Indepenente de sua definição, o romance é a sua oportunidade para explorar melhor personagens, locais, tramas, tempo, formas narrativas, e tudo aquilo que não pode ser explorado em um conto, que em sua essência é uma narrativa de tamanho mínimo e impacto máximo. Vários autores com quem conversei começam a escrever seus romances da mesma forma como escrevem contos: sabem como a história começa, tem um idéia, mais ou menos precisa, de onde ela levará e qual o fio condutor de cada trama e personagem, e simplesmente saem escrevendo, da primeira à última página. O detalhe importante, aqui, é que todos com que conversei sempre sabem como a história irá terminar, ou pelo menos tem uma idéia vaga sobre isso. O que acontece na verdade é que este final pode, eventualmente, ser modificado conforme a narrativa vai se desenrolando, mas sempre se inicia com um final em mente.Saber onde a história termina é o que dá rumo a cada um de seus passos! Dito assim, isso pode até parecer óbvio, mas começar a escrever sem saber o final é um erro comum entre autores iniciantes.Já fui consultado algumas vezes por escritores que têm uma excelente idéia sobre como começar uma determinada história, mas pedem sugestões sobre como terminá-la. A questão é que, se você não sabe onde a história termina, você não sabe se ela é boa! Existem dicas que ajudam a desenvolver a história e facilitam ao próprio autor "descobrir" como sua história termina, para poder escrevê-la!Falaremos disso no próximo post!

7 de abril de 2009

O que é leitura crítica?

Antes de entrarmos no processo de produção e organização das tramas do livro, após a etapa de gestação que validou que sua idéia "merece ser escrita", faremos uma pequena pausa para falar sobre Leitura Crítica, seguindo a sugestão de um colega escritor.
O que é a Leitura Crítica

Avaliar um original, seja um quadro, uma composição musical ou um livro, é sempre uma tarefa subjetiva. Por mais que tentemos objetivar a análise, dividindo a obra e analisando-a sobre diferentes aspectos, ainda assim sempre resta uma grande dose de subjetividade, sendo portanto o resultado, em última instância, uma visão pessoal do avaliador. O que torna uma leitura crítica valiosa é ter uma posição de um leitor que não dará sua opinião simplesmente para agradar o autor, pelo contrário, ele estará procurando falhas que possam comprometer original. Obviamente, as opiniões do leitor crítico se baseiam em sua experiência como leitor e, inevitavelmente, podem ser influenciadas por seu gosto pessoal; de forma que sua opinião não é um atestado de qualidade (ou de falta desta); mas sim pontos de partida para que o autor veja sua obra por outros olhos e possa, caso desejado, burilá-la para torná-la mais palatável ao leitor.

Como funciona a Leitura Crítica

1 de abril de 2009

O valor e o conteúdo da pesquisa...

  senso (mais ou menos) comum que uma pesquisa de qualidade pode fazer toda a diferença quando produzindo um romance, uma vez que permite ao autor dar densidade à obra e profundidade aos fatos e personagens.
O que gera polêmica, muitas vezes, é o que pesquisar, ou melhor, o que efetivamente utilizar do resultado de suas pesquisas.
Por exemplo: em "O Código Da Vinci", o cerne da história é a possibilidade de Jesus Cristo ter tido filhos com Maria Madalena. Creio que posso falar isso sem problemas de "estragar a surpresa" de ninguém, uma vez que cerca de 10% da população leitora do país (segundo a pesquisa do institudo "Viva Leitura") já leu o livro... Por absurdo que pareça, este ponto tem uma base "factual": um fragmento de um evangelho apócrifo que diz que “Jesus Maria de Madalena”, onde , em hebraico, é um termo que significa ser amigo, irmão, esposo, companheiro ou qualquer outro relacionamento. Como o hebraico antigo era uma língua muito pobre, este tipo de "termo amplo" é bastante comum. Ora, há diversas correntes de historiadores e curiosos se debruçando sobre textos antigos, e é inevitável que um deles chegasse à "brilhante" conclusão, mesmo que sem outros fatos para apoiar a tese, de que este fragmento indica que Jesus era casado com Maria de Madalena. O que o autor fez foi simplesmente escolher a versão que melhor embasava sua história fictícia.
Um outro exemplo, de autor brasileiro, é "O Nome da Águia". O "Rolo da Guerra", um dos manuscritos encontrados na região de Quram (próximo ao Mar Morto) em 1947, conta a história da luta dos Kedoshim, chamados de "filhos da Luz", contra os Kittim, "os filhos das Trevas". Os Kittim, 'cujo símbolo é a águia', são 'seres terríveis, crianças e mulheres se escondem de medo quando eles se aproximam', e etc. Há diversas correntes de historiadores que defendem que os Kittim são os romanos; outras que defendem que eles seriam um povo rival dos hebreus, e outros ainda dizem que eles seriam, apenas, uma outra seita judaica, rival dos Kedoshim. No livro, escolhi a versão mais adequada à história. Da mesma forma, no livro é mencionado que o símbolo do partido Republicano americano, quando foi fundado, era uma águia. O símbolo atual é um elefante, mas como isso não é relevante para a história, o fato não merece destaque! Resumindo: Pesquise de tudo, e muito. Ao fim, selecione os fatos que melhor embasem sua história - desde que sejam verdadeiros, não precisam ser os mais conhecidos ou reconhecido academicamente. E para concluir uma dica mais óbvia, com foco no mercado: As versões mais polêmicas sempre geram histórias melhores, mais instigantes e com mais possibilidade de despertarem o interesse dos leitores e da mídia. Fuja do escândalo, mas aproxime-se sempre que possível do polêmico - desde que isso não fira sua arte!