23 de setembro de 2015

Há regras para escrever (boas) obras de ficção?


C
omo passar ideias para o papel sem perder sua vitalidade, originalidade e graça?
Uma resposta simples e direta é dada por William Somerset Maugham, novelista, contista e escritor de peças inglês que foi o mais bem pago escritor na década de 1930: “Existem três regras para saber escrever ficção. Infelizmente ninguém sabe quais são elas.”
William Somerset Maugham
Brincadeiras à parte, é importante nos conscientizarmos de duas coisas: Primeiro, realmente não existem regras para escrever (boa) ficção, até porque várias grandes obras se destacaram justamente por saírem dos padrões usuais dos escritores de sua época.

Em segundo lugar, é importante saber que existem sim regras para melhorar seu texto, desde simples regras gramaticais e ortográficas – que encontramos em qualquer gramática – até regras sobre como estruturar melhor seu texto para torná-lo mais claro, mais fluido, mais divertido para o leitor.

Estas regras existem tanto para textos de ficção quanto para textos técnicos, e o conselho vale para ambos: Antes de começar a escrever, organize suas ideias.

Liste todos os pontos principais do que você vai escrever. Se, por exemplo, trata-se da produção de um parecer quanto a determinada questão, liste os prós, os contras, as contestações para cada ponto, elabore a linha geral que será defendida e qual a conclusão que será apresentada, tudo isto em uma simples lista de tópicos.

Se por outro lado trata-se de uma história, comece registrando o status quo inicial, os “pontos de virada” – os momentos em que a história muda efetivamente de rumo – e a conclusão da busca iniciada pelo personagem no primeiro ponto de virada.

Não é preciso nenhuma avaliação: você mesmo irá perceber que o resultado produzido será bem mais coeso, mais focado e interessante devido ao direcionamento dado por este planejamento!

E você, o que acha que um bom texto precisa ter? Há regras? Como quebrá-las sem estragar seu texto? Comente e compartilhe com os colegas escritores!

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14 de setembro de 2015

Para ver a vida como um escritor


N
ova Iorque, 11 de setembro de 2001.
Às 8:46 da manhã, um Boeing 767 da American Airlines atinge um dos prédios do World Trade Center, o coração e símbolo do poder econômico estadunidense, em Nova Iorque. 17 minutos depois outro avião, de mesmo porte, atinge a segunda das Torres Gêmeas.
Os prédios, em chamas, caíram em algumas horas; não antes de protagonizarem cenas fortíssimas de superação, coragem e desespero. No auge da loucura, mesmo pela TV era possível ver a chuva de corpos daqueles que, entre a morte pelas chamas nos andares mais altos ou pela queda de um dos prédios mais altos do mundo, optavam pelo salto fatal.
Quando finalmente as estruturas cederam ao calor e os prédios vieram abaixo, um grito coletivo pôde ser ouvido nas gravações que correram o mundo.
Ao grito mal contido seguiram-se nuvens pesadas e cinzentas, avançando rapidamente em todas as direções e engolindo pessoas, carros, prédios inteiros.
Depois, do meio daquela massa que lentamente se dissipava, começaram a surgir vultos cambaleantes que buscavam algo para respirar. Lentamente começaram a se divisar os carros, os prédios,  as ruas monocromáticas de um novo e para sempre transformado mundo.
Daquela cena dantesca, um dos pontos ainda mais surpreendentes, para mim, foi o inusitado silêncio.
“Observe, sinta, viva cada momento, e sua escrita será cada vez melhor”
Não um silêncio qualquer, mas um silêncio nascido daquele grito estrangulado na garganta de milhões de pessoas que acompanhavam a cena em todo planeta, e que se condensou em uma cidade que, embora nunca dormisse, naquele momento se paralizava, sem motores, sem buzinas, sem sirenes, sem arrulhares, latidos, risos, choros, xingamentos... Uma cidade sem voz.
Por longos e doloridos minutos, tudo o que se ouvia era o som arrastado dos passos daqueles que ousavam abrir espaço pela poeira cinzenta...

O que isto tem a ver com ver a vida como um escritor?
Tudo!
Quantas pessoas será que realmente se incomodaram com este silêncio, ou ao menos repararam nele?
O escritor, antes de tudo, é um observador e um curioso. Ele quer saber todos os detalhes de tudo, como as coisas funcionam, como as pessoas reagem às situações, quais são as gírias e comidas locais de cada cidade que visita... Apesar de parecer uma simplificação, acho que é bem isso: olhar a vida como um escritor é dedicar uma atenção especial aos detalhes.
A verossimilhança, tão necessária para garantir a imersão do leitor, é baseada justamente nestes detalhes. São estas pequenas coisas que o leitor vai reconhecer e relacionar inconscientemente com seu dia a dia, e automaticamente aceitar a história como “verdadeira” e reforçar a empatia pelos personagens.
Esta atenção aos detalhes, mesmo para quem não é escritor, oferece algumas vantagens.
Primeiro, a vida fica mais leve. Se você, ao caminhar, repara nas folhas que caem, nas formigas que fizeram uma trilha, no barulho do vento e no cheiro de terra molhada após uma chuva, pode ter certeza que sua vida será muito mais colorida.
Segundo, a vida também fica mais saudável. Além dos benefícios a longo prazo (há estudos que comprovam que exercitar a mente “saindo do automático” nas atividades diárias diminui os riscos de desenvolver Alzheimer, por exemplo), viver uma vida mais “colorida” significa também ser mais feliz, mais tranquilo, o que oferece benefícios comprovados para todo o sistema cardíaco e circulatório.
Uma pessoa mais tranquila, saudável e feliz acaba também sendo mais agradável, e tendo uma vida social mais ativa.
Preciso continuar?
Escrevendo ou não, veja a vida como um escritor. Você só tem a ganhar!

E você, como vê a vida? Como isso impacta em sua escrita? Comente e compartilhe com os colegas escritores!

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