e você nunca falou, já deve ter ouvido alguém falar umas destas frases: "Não gosto de quadrinhos!" e "Quadrinhos são coisa de criança". Sei que, para a maior parte das pessoas versadas em cultura pop, qualquer post sobre isso já nem faz mais sentido, mas como este é, digamos, um "nicho" da cultura pop ainda pouco explorado, acho que vale a pena falar a respeito - até porque estou oferecendo um presente de Natal antecipado neste post, e esta pequena digressão é necessária para que ele valha à pena. | |
Quanto à primeira frase, "Não gosto de quadrinhos", para mim ela é tão incoerente quanto "não gosto de ler", "não gosto de TV", "não gosto de teatro" ou "não gosto de cinema". Digo isso porque foi-se o tempo (se é que já existiu tal tempo...) em que as histórias contadas no formato de quadrinhos se restringiam a um ou dois temas. Hoje, temos tantos gêneros de histórias em quadrinhos quanto tipos de atrações televisivas. Raciocine comigo: Você provavelmente gosta de novela, mas não de futebol; ou gosta de futebol, mas não gosta de documentários; ou não gosta de nada disso mas gosta de seriados policiais. É muito difícil uma pessoa não gostar de nada que passe na televisão, pois a gama dos assuntos é tão variada que dizer "não gosto de TV" é quase o mesmo que dizer "não gosto de nenhum tipo de informação ou história que queiram mostrar para mim". | "Quadrinhos utilizam dois dispositivos de comunicação fundamentais: palavras e imagens. No emprego hábil de palavras e imagens reside o potencial expressivo do meio." Will_Eisner, roteirista, desenhista e baluarte da nona arte |
Quanto à segunda frase, "Quadrinhos são coisa de criança", além do que já ficou óbvio, basta completar com a menção a alguns títulos, com ligeiros comentários:
- Gen Pés Descalços - Série de títulos escritos por Keiji Nakazawa que conta a história de diversas pessoas após o bombardeio atômico de Hiroshima e Nagazaki, tendo como protagonista o menino Gen, alter ego do autor. O título é leitura recomendada para escolas ensino médio em diversos estados americanos.
- Maus, de Art Spiegelman, foi o primeiro título de quadrinhos a ganhar o prêmio Pulitzer, em 1992, com a história de sobreviventes ao holocausto nazista, apresentando judeus como ratos e os nazistas como gatos, em uma história tensa e emocionante.
- Persépolis, é outro título premiado internacionalmente e conta a história autobiográfica de Marjane Satrapi, começando por sua infância em um Irã de governo laico, passando por uma adolescência longe de casa, fugindo das as mudanças no país devido à ascensão dos aiatolás ao governo; até o retorno a um país que pouco tinha a ver com aquele de sua infância.
Mas o que eu queria falar hoje é sobre um presente de Natal antecipado para os leitores do Vida de Escritor: o lançamento de uma versão digital da história Fiat Voluntas Tua (seja feita a Tua Vontade, em latim), com roteiro escrito por mim e desenhos do E.C.Nickel, grande mestre dos quadrinhos nacionais. Apesar do título que evoca algo religioso, trata-se de uma história de ficção científica, baseada no conto de mesmo título publicado em meu primeiro livro, "A Caixa de Pandora e outras histórias". Neste novo formato, e com as contribuições do E.C.Nickel - que foram muito além de meramente desenhar a história - o conto adquiriu uma nova dimensão, e o resultado ficou tão bom que me inspirou a escrever um romance baseado neste álbum de quadrinhos. Se você gosta de histórias como as de Philip K. Dick (que inspiraram filmes como Blade Runner, Minority Report, O Vingador do Futuro, Agentes do Destino e outros blockbusters), você precisa ser esta história!
Update: Falei tudo, mas esqueci de dar o endereço do blog do E.C. Nickel! Falha minha, confiram em: http://quadroid.blogspot.com.br
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