24 de abril de 2016

Dicas para a carreira de escritor: a importância da plataforma


as últimas semanas tive a felicidade de conhecer uma série de escritores cujas carreiras estão em rápida ascensão, e acelerando.
O interessante é que cada um deles está fazendo sucesso em um nicho totalmente distinto:
  • Bárbara Morais, que escreve distopias, no estilo de "Jogos Vorazes" e "Divergente", que já terminou sua primeira trilogia e está no quarto livro;
  • Elaine Andrade, que está iniciando no nicho da "literatura GLBTS", na falta de um nome melhor, com um romance sobre uma senhora que descobre o verdadeiro amor após os cinquenta anos;
  • Maurício Gomyde, que escreve dramas, o que por si só não é um "tema da moda", mas que tem forte presença na internet que impulsiona seus livros;
  • Elaine Elesbão, que escreve livros no gênero de "de mulheres para mulheres", e que além de ter diversos livros publicados, um deles está sendo produzido para cinema.
O que eles têm em comum? Uma plataforma bem definida.
Mas o que é exatamente esta "plataforma"? O conceito, especialmente para autores iniciantes, pode parecer meio confuso, mas acredite em mim quando eu digo: a plataforma é o que há de mais importante quando se estabelecendo uma carreira como escritor. Tanto, que inclusive estou redirecionando toda minha carreira por conta das conversas que tive com estes escritores e de muitas reflexões pessoais.
Mas chegaremos a isso daqui a pouco.
"Plataforma é tudo. É o que o escritor é, e isso deve ser bem claro para seus leitores"
A plataforma, em poucas palavras, é a forma como o seu leitor te vê. É o que ele espera encontrar quando lê um de seus livros.

A plataforma é que define o seu nicho de mercado, o seu público-alvo - e sem público-alvo você não tem carreira. Simples assim.
Isso, de maneira alguma, quer dizer que você precisa restringir a sua criatividade ou escrever livros que sejam parecidos um com o outro. Quer dizer, basicamente, que você deve saber muito bem sobre o que você gosta de escrever, conhecer melhor a si mesmo, e escrever o que você gosta.
Se você gosta de escrever livros infantis, escreva livros infantis. Se gosta de Ficção Científica, Suspense, Comédia, o que quer que seja, atenha-se ao seu gênero preferido. Há infinitas possibilidades dentro de cada gênero, então não há limitação real.
O que não é interessante para sua carreira é o famoso "atirar em todas as direções", pois com isso você não forma um público alvo.
Aí, como exemplo e contra-exemplo, vou falar de minha carreira.
O que gosto de escrever são romances para o público jovem adulto e adulto, histórias de ação, com larga pesquisa histórica e um toque de fantasia, mágica ou surrealismo, algo que vá além da rotina que a realidade nos impõe.
No entanto, nos últimos cinco anos tenho aceito encomendas de editoras para escrever, basicamente, qualquer coisa. Sob encomenda escrevi muitos livros "de patrão", como diz o amigo escritor Maurício Melo, sendo quatro infantis, para a faixa entre 6 e 9 anos, um paradidático sobre quilombolas e mais dois livros para a faixa etária entre 9 e 12 anos (um deles sendo concluído, na verdade). Neste mesmo período, só conseguir escrever dois livros "de paixão", um deles a ser lançado até o fim deste semestre, "As Incríveis Memórias de Samael Duncan".
Para manter esta produção tive que estudar e praticar muito, o que gerou um efeito colateral interessante: montei uma plataforma como "bom escritor", conhecedor das melhores e mais eficientes técnicas de escrita, que repasso para frente não só aqui no Vida de Escritor, mas também no livro "A Bíblia do Escritor" (ainda à venda da Livraria da Vila do Shopping Higienópolis), que lancei em São Paulo mês passado e devo lançar em Brasília em junho.
O fato é que esta minha plataforma me rendeu diversos convites para escrever mais livros, sozinho ou em parceria com outros escritores. E isso me fez perceber que, afinal, acabei me desviando da minha verdadeira plataforma, daquilo que eu realmente gosto de escrever. É por isso que estou, a partir de agora, recusando todos os convites para escrever livros que não sejam dentro do meu gênero particular. Pode ser mais difícil conseguir uma editora, mas de que vale publicar algo, se não é o que você quer realmente dizer para seus leitores?
Porque, como falei, um escritor precisa conhecer bem a si mesmo, definir sua plataforma e se ater a ela.
Porque, afinal, os melhores livros são aqueles que o autor escreve de coração. 

Alguma dúvida? E você, qual a sua plataforma? Compartilhe suas ideias com os colegas da área!

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17 de abril de 2016

Em Brasília: Curso Escreva com Técnica , com Rogério Godinho


B
rasília vai receber, no dia 21 de MAIO, o jornalista e escritor Rogério Godinho, que vai dividir um pouco de sua experiência no curso "Escreva com Técnica".
Confesso que não conheço o trabalho de Rogério, mas troquei algumas ideias por ele via telefone e fiquei positivamente impressionado. Vou participar da oficina dele, e como acredito que ela possa interessar a vários de vocês, pedi a ele que me enviasse alguma material para ajudar na divulgação - que apresento a seguir.

Você lê um texto eletrizante. Inesquecível. Passa o dia pensando em como gostaria de possuir aquela habilidade. Já lhe disseram que você escreve bem, mas nenhum de seus textos conseguiu atingir um efeito de tal dimensão.
A verdade é que aquelas linhas bem traçadas estão repletas de técnicas ocultas – você não enxerga, mas estão todas lá.
Então, você se senta diante do computador, inspirado pelo que leu, disposto a redigir algo memorável, que vire tema de comentários no bar e na internet.
Seus dedos dançam no teclado, tentando acompanhar as ideias que jorram em aparente sequência lógica. O celular pisca e as janelas da rede social chamam, mas você ignora e segue no encalço daquela ideia obscura.
"Descubra – em um único dia – as ferramentas que os escritores profissionais levaram anos para assimilar."
Perto do fim, a inspiração fraqueja, as palavras minguam e você teme que o resultado pouco se assemelhe ao que ia pelo seu espírito. Mesmo assim, ao concluir, vem a clássica sensação de pós-parto que sucede o trabalho intelectual: alívio, realização e um inebriante orgulho maternal. Consumido pelo esforço, faz uma última leitura rápida e publica. E espera.
Decorridos alguns dias, você admite a distância entre o real e o desejado. A audiência discordou, ignorou ou simplesmente esqueceu sua obra.
Aí você pensa: “vai ver, falta talento”.

6 de abril de 2016

Writing Prompts, uma ferramenta interessante para exercitar a criatividade e criar contos


ão costumo falar muito sobre ferramentas para criação de contos, até porque acredito que tudo que é "proibido" quando se escreve romances, como incoerências e pontas soltas, pode ser utilizado em contos, desde que faça sentido no contexto da história e que agrade, e não confunda, o leitor. Esta sim é a regra de ouro, pois se o leitor não gostar ou não entender, de nada vale todo o resto estar perfeitamente escrito.
De qualquer forma, como tenho recebido algumas questões sobre a produção de contos, achei que deveria, pelo menos, tentar trazer aqui alguma ferramenta interessante.
O conto, pela sua natureza de ser uma narrativa mínima de máximo impacto, é algo como uma piada: o importante é o desfecho, a solução do dilema que foi colocado no correr da história para capturar a atenção do leitor e que deve parecer, sempre que possível, tão inevitável quanto inesperado. Além disso, o "mínimo" indica que não se deve dar voltas; o conto pode ter muitas páginas, mas tudo o que aparece deve ser essencial para o desenrolar da narrativa.
Todo bom conto é uma narrativa mínima de impacto máximo. Nada falta, nada sobra.
Só por estas declarações já se percebe que o forte do conto, o que o torna valioso é a criatividade do escritor. De fato, sendo uma narrativa curta, no conto não há muito espaço para tramas mirabolantes e mistérios complexos a serem resolvidos, e nem há como desenvolver profundamente os personagens, o que faz com que algumas das ferramentas para criação de romances, que vimos aqui no Vida de Escritor, sejam pouco úteis.
Nesta linha, uma boa ferramenta para estimular a criatividade são os "writting prompts".  (Não consegui achar equivalente em português, sei que muitos escritores utilizam "prompts de escrita" e que o sentido seria algo como "pontos de partida imediatos para escrever", se alguém tiver uma boa sugestão por favor comente!)
Writing prompts são justamente inícios de histórias a serem desenvolvidas pelo escritor. Normalmente são uma frase ou uns poucos parágrafos curtos, às vezes acompanhados por um título.  Embora falando assim o conceito possa parecer meio estranho ou etéreo, ao se propor um exercício a sua utilidade fica clara. 
Então, vamos a isso:  Seguem alguns writings prompts, e seu "dever de casa" é escolher qualquer um, ou vários, e produzir um conto a partir dele. A atividade fica muito mais rica e divertida se você fizer isso com um grupo de amigos, e eventualmente adicionando um fator complicador como indicar um tempo máximo para a produção de histórias. O mais interessante é perceber como um prompt consegue gerar histórias as mais variadas!  Inclusive, convido-os a comentar este post com outras sugestões de prompts ou mesmo com as histórias (ou links para elas) produzidas a partir deles!