16 de julho de 2014

Dúvidas de Escritores: Processo de escrita, produção de livros infantis, estilos e editoras...


S
abe aquela duvidazinha que fica ali, incomodando, e você não sabe para quem perguntar?
Seus problemas acabaram!  Envie suas dúvidas para o Vida de Escritor, por email ou comentando aqui no blog, e terei prazer em responder - e ainda mais prazer em descobrir a resposta, caso eu não saiba!
Vamos, então, a mais uma compilação de perguntas e respostas neste post da série Dúvidas de Escritor.

Pergunta: Você acha que 25 poemas são suficientes para um livro de literatura infantil?
Resposta: Na boa? Até um poema já é suficiente! Já vi livros infantis, para a primeira infância, com 16 páginas e 16 versos, então acho sim que 25 poemas são um número suficiente. Na verdade, o ideal talvez seja até que você corte alguns deles: é melhor publicar 20 poemas em que você REALMENTE acredite, do que 25 com “altos e baixos”.
 
Pergunta: Lendo pela internet vi que é a editora que faz a capa e diagramação, e me perguntei se mesmo que eu mandasse o livro todo pronto se eles mudariam tudo...
Resposta: A resposta, que provavelmente não vai te satisfazer muito, é: depende.
Elaborando um pouco mais: Sendo um projeto gráfico interessante, com certeza a editora vai querer aproveitá-lo, especialmente se for uma editora que não tenha uma linha de design gráfico rigidamente definida. Para aumentar suas chances, sugiro que você visite as alas infantis de algumas livrarias e procure livros que tenham, primeiramente, assuntos semelhantes ao do seu livro; e em segundo lugar, livros que tenham um visual semelhante ao seu. Envie sua proposta editorial primeiramente para as editoras que tenham tanto assuntos quanto design semelhantes, que suas chances serão as maiores.
Pergunta: Existem no Brasil boas editoras de ficção/suspense-terror para iniciantes?
Resposta: Praticamente não há “boas editoras para iniciantes”, independente do estilo. Faça um trabalho de qualidade e procure as editoras que publicam seu gênero, que as portas vão se abrindo aos poucos.
 
Pergunta: Em todos os blogs que vi me falaram coisas do tipo "faça sua história toda do começo ao fim em um parágrafo, depois vá aumentando, dando detalhes e cores à obra", mas isso parece deixar a escrita um pouco menos divertida. Só tem esse jeito?

Resposta:  Não, claro que não!
Pergunte a dez escritores como escrevem seus livros, e você terá dez respostas diferentes! Existem, de fato, muitos “processos” que ajudam a organizar as ideias e conduzir o processo de escrita, e que são particularmente úteis para quem tem boas ideias mas tem dificuldade de colocá-las no papel.
É claro que usar um processo adequado ao seu estilo de pensar e escrever pode fazer a diferença entre você escrever um livro bom ou um livro excepcional, por isso buscar aperfeiçoar sua técnica é sempre importante.
Aliás, este processo que você mencionou eu particularmente acho um dos piores – para MEU jeito de trabalhar; há autores excepcionalmente bons, como Robert Ludlum (autor dos livros que deram origem ao filme “Ultimato Bourne” e outros) que o utilizam.

Pergunta: Quando eu escrevo sei a trama principal, quem vai sofrer, o porquê, e tenho algumas ideias de como sair, mas até chegar lá eu quero dar uma conexão entre meu personagem e o leitor, para que ele também sofra junto com o personagem. Ai vou escrevendo e me sinto "enchendo linguiça", sinto como quando você tem que fazer uma redação de 50 linhas, e você termina em 35 e o resto é só enchimento. O que eu devo fazer?
Resposta:

Se você acha que está enchendo linguiça, é MUITO provável que seu leitor pense o mesmo. Há muitas formas de envolver o leitor emocionalmente, você precisa descobrir como fazer isso sem “enrolar”, simplesmente, o que de fato não aumenta o envolvimento do leitor. Não aumente simplesmente o texto, artificialmente; procure novas cenas que contribuam para a trama ou para o desenvolvimento do personagem (por exemplo, flashbacks que demonstrem porque o personagem fez determinada escolha); desenvolva “processos de revisão” que aumentem a imersão do leitor (por exemplo, inclusão de sentidos de tato, olfato, intuição, etc, nas cenas de suspense); e etc.

Pergunta: Só uma observação: creio que todo escritor começa com o estilo parecido com o do autor preferido, e o meu é George R.R. Martin, autor de As Crônicas de Gelo e Fogo...
Resposta:  Para mim, independente do autor preferido de cada um, TODOS devem ler George R.R. Martin como forma de entenderem melhor a questão do ponto de vista literário, que é difícil de entrar na cabeça dos autores nacionais e que precisa ser bem usada em TODOS os livros, mesmo que não tão explicitamente quando o George R.R. Martin faz.
Mas concordo com você, e inclusive costumo ler e reler textos de autores de determinado estilo, conforme esteja escrevendo algo na linha em que eles trabalham.  Um de meus primeiros posts, lá em 2009, foi sobre isso – dê uma conferida no post Uma questão de estilo
 


E você, há algo que gostaria de saber sobre o processo de criação de um livro, o mercado livreiro ou algo nesta linha? Pode perguntar!

Gostou?  este post!

2 comentários:

Fabricio Gomes disse...

Ótimo post Lobão, aprendi bastante com a dúvida dos outros.

Comecei a escrever meu primeiro livro nessas férias de Julho, porém sempre me sinto desconfortável quando penso se vale a pena publicar um livro no Brasil.
Não sei se é ceticismo meu ou ignorância mesmo, por isso gostaria de saber sua opinião a respeito das editoras nacionais.
Você acredita que um livro publicado em nosso país, possa vir a se tornar um best seller?
Agradeço sua atenção, abraços.

Alexandre Lobão disse...

Oi Fabrício,
Com certeza, temos inclusive muitos exemplos de best-sellers nacionais; começando pelo autor mais traduzido e mais vendido DO MUNDO: Paulo Coelho.
Agora, falando seriamente no assunto, se sua meta é viver da arte de escrever esqueça os "best-sellers", não são eles que sustentam o autor. Você precisa é de ter vários livros, de preferência que vendam constantemente, mesmo que não seja em grandes quantidades (os chamados "back list"), que a editora continua republicando pois sempre tem saída.
Quando você chegar um público cativo de 1000 leitores, que sempre compram suas obras, você estará quase chegando à autonomia financeira como escritor, pois estes mil garante o giro a a divulgação constante dos próximos livros.
Para tal, é necessário publicar sempre para o mesmo público-alvo, e com um intervalo ideal de um ano entre uma obra e a próxima, de forma a garantir a fidelidade do público.
É difícil? Sim, claro.
Mas nunca falei que viver de escrever era fácil. Só é BOM DEMAIS, e, para ser sincero... para quem quer ser escritor, não outra alternativa!