que diferencia um artista plástico de um artesão, ou um "prestador de serviço" de um "profissional" em qualquer profissão, é o estudo de história e técnicas para melhorar sua arte. O mesmo vale para os escritores. Para quem não sabe, um artesão é alguém que cria arte de maneira instintiva, sem ter uma formação específica na área; a maioria das vezes aprendendo no próprio trabalho com outros artesãos, sem realizar estudos mais aprofundados sobre quais seriam as técnicas já utilizadas por outros no passado e como utilizá-las para melhorar seu trabalho. O artista plástico é aquele que tem uma formação (seja acadêmica, seja técnica) e, além dos instintos, utiliza também o conhecimento de todos que foram artistas e artesãos antes dele para melhorar sua arte. É aquele que estuda a figura humana, luz e sombra, perspectiva, texturas... e cada trabalho reflete este estudo profundo. Não vamos entrar no mérito de "qualidade" aqui, até porque a palavra tem tantas conotações que a discussão caberia mais em duas horas de conversa no bar do que em alguns parágrafos. Basta dizer que é tudo questão de escolha. A maioria de nós começou a escrever redações na escola como um artesão. Quem teve alguma sorte, teve uma professora que ensinou a estrutura básica de uma redação (apresentação, desenvolvimento, conclusão), e é só isso que normalmente trazemos de "bagagem" da escola para a vida adulta, no que tange à arte da escrita. | |
Cenário diferente acontece na Inglaterra e, em alguma medida, nos Estados Unidos. Lá, os princípios básicos da estrutura de um texto começaram a ser aprofundados logo após a Segunda Grande Guerra, e hoje são apresentados nas escolas e aprofundados nas Universidades. Obviamente, poucos se tornam escritores, mas conceitos como cena, estrutura narrativa, ponto de vista e criação de personagens são lugar comum no mundo anglo-saxão, conforme me foi dito por mais de uma pessoa envolvida com aquele mercado. | "Tudo é questão de escolha. Você quer escrever um livro como Rembrandt ou Picasso pintavam seus quadros? Ou prefere fazer Arte Naif? As duas abordagens são válidas" |
É por isso que, conversando sobre determinado livro com um agente literário, eu ouvi uma frase que para mim foi muito esclarecedora: "Ora, se até uma criança sabe que não se deve mudar o ponto de vista desta forma, como este autor espera publicar um livro com este erro?". É por isso o autor brasileiro acha tão difícil entrar naquele mercado: basta cometer um deslize no ponto de vista de uma cena, o que é muitíssimo comum por aqui, para os agentes literários e editores verem isso como uma falta de profissionalismo. E mesmo quem não tem pretensões de publicar no mercado internacional precisa se preocupar com isso, pois os editores brasileiros estão cada vez mais exigentes - afinal, se posso comprar um produto mais bem burilado, com mais chance de sucesso, porque compraria um de segunda categoria? O que parece ser um detalhe sutil para nós, salta aos olhos de quem conhece técnicas profissionais de escrita; da mesma forma que um erro de perspectiva, comum na Arte Naif, salta aos olhos em um quadro que pretende ser profissional. E como podemos mudar isso? Como podemos nos profissionalizar? Normalmente o escritor brasileiro aprende lendo livros, "deduzindo" estas técnicas. Vários escritores se aventuraram a fazer cursos fora do país e trouxeram as já famosas "Oficinas de Escrita Criativa", como o precursor Raimundo Carrero e a Sônia Belloto, da Fábrica de Textos. Mais recentemente, também têm aparecido no Brasil cursos oferecidos diretamente por profissionais do mercado anglo-saxão, como James McSill. Mas eu ainda sentia que faltava algo. Um curso que concentrasse teoria e prática, que não se limitasse ao básico que pode ser aprendido em livros sobre a arte de escrever, e que agregasse também a experiência de autores "reais" com o mercado brasileiro. Nesta linha é que resolvi juntar o que aprendi com meus estudos, escritos e participação em diversas oficinas com toda a experiência de Oswaldo Pullen, escritor, estudioso e facilitador de diversos cursos para escritores. O resultado é o evento "Escrita de Ficção - Workshop de Imersão". Neste workshop, os autores ficarão em um aconchegante hotel-fazenda perto de Brasília, isolados de tudo e de todos para uma imersão profunda que, esperamos, abrirá horizontes para todos. Serão abordados os assuntos:
muito útil e enriquecedora para todos, inclusive para os facilitadores. Visite o site Escrita Criativa e reserve já sua vaga! |
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