12 de janeiro de 2013

7 coisas que aprendi, por Emanuel J Santos

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ica importantíssima para escritores com mais de 40 anos e que tem filhos adolescentes: não deixe que seu filho lhe ensine a andar de skate sem usar as devidas proteções!
Como estou de gesso em uma das mãos não dá para escrever muito, então esta semana vou publicar mais um post da série "7 coisas que aprendi".  Vamos a ele, e assim que tirar o gesso falo sobre metas de ano novo pra escritores!

7 coisas que aprendi
Caros colegas escritores e curiosos, esta semana temos mais um post da série "7 coisas que aprendi", uma iniciativa conjunta* entre os blogs Escriba Encapuzado e Vida de Escritor, com posts em que T.K. Pereira e Alexandre Lobão convidam escritores para compartilharem suas experiências com os colegas de profissão, destacando sete coisas que aprenderam até hoje. 


Não interessa se você é iniciante ou veterano, se escreve poesias, contos, romances ou biografias, envie sua contribuição para esta série de artigos!

Nesta semana trazemos as "7 coisas" com um sabor diferente: "7 coisas que aprendi escrevendo sobre Tarô", do colega Emanuel J Santos, historiador e cartomante que publica seus textos há vários anos no blog Conversas Cartomânticas!

Com a palavra, o escritor convidado Emanuel J Santos.
  1. Aprendi a ouvir. Ouça tudo e todos. E aqui “ouvir” ganha uma acepção alegórica, já que ler é ouvir uma voz impressa em papel através dos olhos. As melhores experiências advêm do contato direto com os estudos de casos de colegas. Muita coisa já foi vista nas cartas, mas não foi registrada nos livros. Muita coisa foi registrada nos livros, mas não foi experimentada na prática. Ouvindo quem já tem mais tempo de estrada que você, você tende a evoluir mais depressa, evitando alguns percalços. Faça cursos, frequente palestras, leia as páginas e blogs de cartomantes conhecidos e nem tão conhecidos. Você verá como o mesmo detalhe pode ter interpretações completamente diferentes e nem por isso errôneas quando contrapostas uma à outra. Há uma historicidade que deve ser respeitada, e só conhecemos ouvindo outras vozes. Ouvir, no entanto não significa dar razão, sempre. Se existe uma unanimidade em Tarô, é exatamente esta: Não existe unanimidade. Ainda bem.
  2. Aprendi que quebrar a cara faz parte do processo, muitas vezes de várias maneiras. Vai quebrar a cara com suas opiniões, vai quebrar a cara com a opinião dos outros, vai quebrar a cara com aquela interpretação que no livretinho era perfeita e não foi em nada aplicável à sua consulta, com aquele baralho “da moda” que é horrível de se manusear, com aquele autor que não era tão acessível quanto se supunha, com o fato das cartas não terem vindo do Egito e com muitas outras coisas. A cada vez que isso acontecer, você terá crescido mais um pouco. A sua escrita também.
  3. Aprendi a praticar, muito. Não é porque você aprendeu sobre que você vai saber escrever sobre. Lembra o tópico sobre o ouvir? Então. Para aprender é preciso ouvir colegas e professores, para praticar é preciso ouvir o cliente. Depois de ler as cartas. Primeiro você vê, depois você conversa, e escuta, e olha na mesa para comparar com o que está ali. Ouvir é a habilidade mais importante a ser desenvolvida, se você deseja escrever sobre. O material está todo ali, na sua frente, esperando pelo que você tem a dizer, esperando para ser auxiliado pelas suas habilidades e pronto para ser lido no baralho. E você só vai conseguir se tiver disponibilidade para isso, e praticar. Quanto mais você praticar, mais precisas serão suas visões. Quanto mais precisas forem, mais fácil ficará escrever sobre elas.
  4. Aprendi a esperar. A escrita tem um tempo próprio de maturação. Como Tarô não é um romance, não é ficção – ainda que até hoje haja quem acredite que o baralho é bobagem, não funciona e essas coisas, e ainda que se preste para pano de fundo de histórias muito interessantes – é importante aprender mais para escrever sobre. Hoje em dia, com a rapidez do acesso à informação, as pessoas tendem a querer escrever sobre o que não conhecem bem. Quando for escrever sobre Tarô, é bom conhecer um pouquinho. Ou um pouquinho mais que isso. Aquele exercício de escrever, colocar numa gaveta, retomar uma semana (ou mês) depois funciona. Minha gaveta foi meu blog. Depois de três anos, me toquei que uma série de textos dialogavam e voilà, fiz a compilação que deu origem ao meu livro.
  5. Aprendi que conhecer a raiz ajuda e muito a escrever sobre a árvore. Quer escrever sobre Tarô? Adquira um. Ou vários. Um livro. Ou vários. E aprofunde-se no assunto. Particularmente, eu estudo o processo imagético que norteia a elaboração de um baralho e como isso afeta o momento da leitura. Então, eu uso vários baralhos. Leio vários livros de escolas diferentes. E escrevo sobre. Você pode se especializar em um baralho específico. Simples: lembre-se de ouvir e de praticar. Tendo foco tudo fica mais fácil. Sabendo onde se quer chegar, fica mais fácil aproveitar a paisagem do caminho.
  6. Aprendi que fechar-se no nicho não adianta de nada. Todo cartomante serve à sociedade em que vive. Fechar-se em estudos herméticos, esotéricos no sentido estrito da palavra, fará de você um bom magista, mas não acredito que você possa se tornar um bom cartomante assim. Que dirá então escrever sobre Cartomancia. Não adianta fechar-se em um grupo, a menos que você queira escrever sobre o cotidiano do grupo.
  7. Aprendi que as palavras têm poder. Por isso mesmo, uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Encontre os termos corretos para se expressar. Sinônimos são importantes para não deixar a leitura cansativa, mas a precisão é mais importante. Quanto mais precisa for sua leitura – e sua escrita – mais precisa será sua prática. Perceba que começamos ouvindo e terminamos encontrando os termos corretos para expressar o que pensamos. Por isso, voltamos à primeira colocação: ouça muito, estude muito, leia muito, expresse claramente o que pensa, a partir da teoria e da prática constante,de uma forma que seja para além do nicho específico da Cartomancia.
Sobre o autor:
Emanuel J Santos
é cartomante hereditário, iniciou seus estudos aos 10 anos de idade, através de sua avó. Aos 14 iniciou os estudos com os 78 Arcanos do Tarot de Marselha de forma autodidata e aos 17 com o Baralho Cigano, seguindo a Escola Brasileira, partindo em seguida para a metodologia europeia. Atualmente trabalha com História da Arte, sem no entanto se desligar do Universo simbólico das cartas de jogar. Dedica-se particularmente ao estudo dos Tarôs Clássicos, à Escola Francesa de Cartomancia e às particularidades geográficas da literatura cartomântica disponível no mundo. Responsável pelo blog Conversas Cartomânticas, onde descreve suas pesquisas e experimentos com baralhos, em linguagem coloquial e acessível tanto a principiantes quanto a veteranos na arte de ler cartas. Autor do livro Conversas Cartomânticas: da escolha do baralho ao encerramento da consulta, disponível para aquisição em http://www.agbook.com.br/book/133062--Conversas_Cartomânticas.


Leia outros artigos desta série no Vida de Escritor e no Escriba Encapuzado.




* Projeto inspirado pela coluna “7 Things I’ve Learned So Far”, da revista Writer’s Digest.


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