8 de setembro de 2011

Motivação para escritores - como vencer sua inércia


otivação para escritores.
Tema difícil.
Acredito que a motivação tem muito a ver com o assim chamado "bloqueio de escritor", que é quando o escritor simplesmente não se anima a escrever, ou tenta e não consegue.  Segundo a Wikipédia, "existem casos onde o 'bloqueio de escritor' perdurou por anos ou décadas. O exemplo mais notável na história da literatura moderna é o de Henry Roth, cujo bloqueio persistiu por 60 anos e foi causado por uma combinação de depressão, problemas políticos e relutância em enfrentar problemas passados. Este tipo de bloqueio aparenta ser bastante raro, uma vez que muitos dos bloqueios costumam durar de uma hora a uma semana, algumas vezes um mês."
O que a maioria dos escritores não percebe é que na maioria das vezes este não é um bloqueio "real"; não é aquela coisa de você se sentar e não conseguir escrever, mas sim um conjunto de atitudes e hábitos ruins que nos impedem de escrever, gerados talvez por um medo de ir em frente.
Pegando alguns exemplos reais, de leitores do blog que entraram em contato comigo:
"Eu gosto muito de escrever, porém não consigo terminar nada que começo, não sei se é porque sou exigente demais comigo mesmo e sempre acho que meus textos estão um lixo e desisto logo no inicio ou se é porque sou tão exigente e não consigo deixar 'a coisa fluir'."
"Hoje tenho quase duzentas páginas (pouco para pouco menos de dois anos de trabalho, eu sei) em um único documento do Word e, por mais que esteja tudo dividido em capítulos curtos, eu abro o documento e me perco completamente. Acontece mais ou menos assim: Abro o arquivo, olho para aquilo tudo e não consigo evitar LER. Uma vez lendo, não posso evitar FAZER ALTERAÇÕES até que, em dado momento, estou com sono, frustrado por não estar produzindo de fato, fecho o documento e vou fazer outra coisa. Procrastinação? Talvez."
"De vez em quando me animo a escrever, mas tem dias que fico desanimada, nada parece bom, aí tenho dúvidas se um dia terminarei mesmo meu livro, se vale à pena continuar escrevendo."
"Só existem dois tipos de escritores: os bons, e os que desistiram antes de o serem."
Estes e outros problemas não são exclusividade de escritores iniciantes, todo e qualquer um passa por fases de, digamos, "baixa produção".  Eu mesmo estou saindo de uma fase de bloqueio: depois quase dois meses sem escrever, hoje escrevi dez páginas do "resumão" (veja o que é isso no post anterior...) de meu novo livro.  
Vamos então colocar alguns destes "problemas" de maneira mais objetiva, e quem sabe sugerir algumas "soluções".  As desculpas mais comuns que inventamos para não escrever são:

  • Não tenho tempo, minha família (ou trabalho, ou o que for) me consome.  Se você vê novelas, não ouse utilizar esta desculpa para ninguém!  Tempo é questão de prioridade, priorize escrever nem que seja uma hora por semana, e você vai ver seu trabalho evoluir!
  • Não sei por onde começar. Comece pelo princípio: defina sobre o que você vai falar, pense nos pontos principais... Releia os "seis passos mágicos para escrever um livro" que escrevi no início deste ano.  Se o problema é a falta de conhecer a técnica, você não tem mais problema.
  • Sou perfeccionista. Só escrevo depois de pensar muito, e gosto de revisar o que já escrevi, para ter certeza que está perfeito. Todo escritor é super-crítico com seu trabalho, o truque é lembrar que o trabalho não termina na última linha, todo livro passa por diversos tratamentos. Escreva, mesmo sabendo que está ruim, só para dar continuidade à trama; as partes ruins serão resolvidas depois! A dica é: só se aprende a escrever escrevendo; revisar é algo que acontece em um segundo momento.
  • Não tenho nada importante a dizer. Já tem tanta coisa boa escrita por aí, quem sou eu para escrever? Amiga(o), se você está lendo este blog, é porque quer escrever e, portanto, tem algo a dizer. Diga!
  • Fico desanimado, parece que nunca vou terminar o livro. Escrever um bom  livro é uma atividade demorada, encare isso. A arte, seja qual seja, dá trabalho. Fama e fortuna chegam para poucos, mas ao acabar cada livro (especialmente o primeiro) você terá, com 100% de certeza, um sentimento de realização que poucas coisas na vida oferecem. (Atualização) Uma dica valiosa: mesmo que você não use técnica nenhuma para escrever, pare o livro no ponto em que está e produza um "resumo" da história dali até o fim, em poucas páginas (5 ou 6 no máximo). Saber como a coisa vai andar e como a obra vai acabar é um grande motivador!
Como falei, escritores novos e experientes passam por estes e outros "problemas". É inevitável, faz parte da arte de escrever.
O que posso dizer, além das dicas acima, é que a única forma de vencer estas barreiras é persistir. Lute contra sua inércia, reserve um tempo para escrever, mesmo que de madrugada, leve um bloco e caneta e escreva no ônibus, na fila do banco... O importante é continuar escrevendo, mesmo que o resultado seja ruim (e, portanto, descartável), porque fazendo assim logo você sai do outro lado do túnel, e consegue começar a produzir de novo.
E lembre-se que TUDO é prática.  Só existem dois tipos de escritores: os bons, e os que desistiram antes de o serem.

Gostou?  este post!

13 comentários:

Eduardo R. V. disse...

O ambiente também é um problema. Eu gosto muito de receber influências externas para escrever, uso isso para furar bloqueios.

E sempre que não tenho nada para escrever, escrevo sobre não ter nada para escrever.

--
Eduardo da Rocha Vieira
www.leio.me

Edson Gomes disse...

Caro Lobão,
Você está certíssimo. E para complementar o seu raciocínio eu digo mais, faça um projeto com um cronograma e nele determine quando seu livro estará pronto. A gente só esmorece, porque não temos uma obrigação a seguir. Quando construimos uma, as coisas fluem bem.
Pegue um assunto, que domine e goste, escreva-o.
Eu estou lapidando um romance desde janeiro, que escrevi em 2006 e resolvi publicá-lo em 2012.

Sempre Sua... disse...

Meu caso de bloqueio é uma mistura louca de todas as alternativas que você citou neste post. Eu abro o word ou pego meu caderno de anotações e as palavras simplesmente somem da minha mente.
Tento distrair-me um pouco, mas nada funciona. É como se sentisse que todas as palavras e idéias do mundo já tivessem sido usadas.
Então lá estou eu com mais um dia perdido em que não escrevi sequer uma linha.
Mas ainda sim com todo esse bloqueio, não consigo desistir.

disse...

Adorei o seu post. Acho que já passei por várias desculpas em momentos diferentes da minha vida. Não sei se serve como dica, mas algumas coisas que aprendi:

- Nunca mostre seu texto para alguém antes de ter terminado, a não ser que esse outro alguém seja co-autor do livro, obviamente. Opiniões sobre o a história antes dela terminar é um veneno para a criatividade. Bloqueia geral.

- Rotina. Semana passada ouvi de um amigo, cujo pai foi escritor e teve vários livros publicados, que ele só conseguia escrever das 6 às 7 da manhã, antes de ir trabalhar. Quando se aposentou e teve todo tempo do mundo para escrever, travou. Nunca mais publicou nada.Então aprendi realmente que tempo a gente arruma QUANDO QUER. A desculpa é a mesma para fazer ginástica, por exemplo. :-)

- Se a história não está fluindo, dê um tempo a ela. Escreva contos, poemas, histórias mais curtas... o importante é manter os dedos ativos e a mente fresca. Uma hora a solução para determinada história ou personagem vai surgir. Acho que bons livros são como bons vinhos. Precisam de tempo para amadurecer.

BJKS

Peu disse...

Ótima postagem! Estou aprendendo a ser um pouco mais disciplinado. Geralmente começo a ler vários livros ao mesmo tempo, e escrevo várias histórias ao mesmo tempo, o que acaba fazendo as coisas se tornarem ainda mais demoradas. Parabéns pelos ótimos conselhos e dicas que você sempre divide com os novatos, eu e muitos outros, também, somos gratos!
José Carlos - http://escritoresdedomingo.blogspot,com/

Alexandre Lobão disse...

Obrigado a todos pelos comentários.

Com certeza há muito mais o que falar sobre o assunto, e vocês mesmos já tocaram em diversos pontos. Só para reforçar:
1) Tenha um lugar seu, um "santuário", para você escrever
2) Mantenha uma rotina. Vá ao seu santuário, sente, e gaste seu tempo reservado para isso lá, tentando escrever, ou escrevendo mal, mas mantenha a rotina. É como Pablo Neruda (salvo engano) escreveu: Quando a inspiração chegar, espero que ela me encontre trabalhando!
3) Escreva duas, três coisas ao mesmo tempo. De vez em quando, participe de um concurso de contos para desenferrujar.
4) Estipule datas e produtos a serem criados até lá, em um cronograma de projeto mesmo. Cobre-se! Você vai descobrir que a inspiração pode, sim, ser controlada para aparecer quando você precisar, e ter datas definidas para entregar resultados é uma ótima forma de forçar sua inspiração a acontecer.

Da minha parte, confesso que nunca tive um "bloqueio" mesmo, de verdade. Exceto se considerarmos os períodos de "preguiça" que sempre acontecem... hehe...

José Carlos disse...

Até nos comentários faz você dá uma aula!

Lucas Vitoriano disse...

Felizmente o bloqueio não é um problema que eu tenha no momento, ressaltando um ponto forte que foi falado aqui, o fato de que se deve persistir na sua historia e continuar escrevendo mesmo que o texto não esteja bom.

A algum tempo atras a conselho do Alexandre Lobão, autor do blog, comprei o livro "A jornada do escritor" e nele se conta todas as "etapas" comuns nas historias, pois bem a primeira dessas etapas é o "Mundo comum" onde é aquela parte mais calma aonde a historia ainda esta sendo apresentada... Escrever essa etapa para mim foi cansativo principalmente porque o que era para ser escrito não era muito empolgante, eu estava mais empolgado com a aparição dos novos personagens que apareceriam no meio da historia e nas cenas marcantes em que eles participariam.

Mesmo sendo cansativo escrever a fase inicial da historia eu o fiz, passada essa fase a historia ficou com um clima mais carregado e que prende mais o leitor (e o autor também!) pois agora que o livro esta em momentos mais interessantes eu não consigo é parar de escrever rsrsrs.

Por isso reforço o que foi dito aqui, persistam nas suas historias e continuem a escrever.

Alexandre Lobão disse...

Oi Lucas,

Apenas tome cuidado com o quanto esta etapa inicial demora; ele deve ser no máximo 10% do livro, e ainda assim ela precisa ter emoção suficiente para deixar o leitor "grudado".
Uma boa lembrança é que a ordem final do livro para o leitor não precisa ser a ordem que você escreveu. Por exemplo, na exibição prévia do filme Matrix 2 os produtores receberam o feedback que o início do filme era meio lento; aí o que eles fizeram: começaram o filme com uma cena cheia de explosões onde a Trinity morre, lá do meio do filme, e depois entraram no "mundo normal" do início do filme. A grosso modo, no livro você pode fazer o mesmo: começar com uma cena do meio do livro, bem "animada", seja ela uma visão do futuro ou simplesmente uma cena fora do local; quando o leitor chegar lá ele vai entender onde a cena se encaixa.
O essencial é captar a atenção do leitor (e, portanto, do editor) nas primeiras 10 páginas, antes até se possível.

Escriba Encapuzado disse...

Mais um excelente post, Alexandre, assim como as sugestões compartilhadas nos comentários.

A inexplicável necessidade de reler tudo o que já foi escrito antes de prosseguir e o espírito perfeccionista são verdadeiros desafios.

Para evitar reler toneladas de texto, eu costumo fazer resumos, como o Alexandre sugeriu. Contudo, há uma diferença: eu faço os resumos por capítulos. Como exatamente isto é feito é assunto para uma de minhas futuras postagens no meu blog.

Já sobre o perfeccionismo, eu postei um texto sobre como costumo lidar com o pesadelo das revisões constantes. Fiquem à vontade para ler, comentar e compartilhar a forma como vocês lidam com este desafio.

Aproveito para dar uma dica à Missy: já tive problema com a temida tela em branco (quem nunca teve?) e a forma de encontrei de lidar com ele é, simplesmente, preenchendo-a com palavras.

Você pode começar, por exemplo, jogando as anotações de seu caderno na tela. Escreva alguma cena, descreva algum personagem, item ou cenário, faça um resumo da trama até ali (ou do último capítulo), etc.

Acredite, o importante é não deixar a tela branca oprimir sua vontade.

Ela quer se preenchida, assim como você a quer preencher, então o faça sem hesitar nem pensar muito.

Maxwell Soares disse...

Muito bom o blogger. Parabéns pelo texto e pela iniciativa.

Anônimo disse...

QUANDO ESTIVER ESCREVENDO DESLIGUE O MONITOR. SÓ ASSIM VOCE PODERA DEIXAR SUA IDEIA FLUIR. ACREDITEM EU TAMBEM ERA UMA PESSOA MUITO AUTOCRITICA COM MEUS TEXTOS, E SEMPRE ACHEI QUE POR MAIS QUE EU ESCREVESSE NUNCA ESTAVA BOM OU INTERESSANTE O SUFICIENTE, E QUASE SEMPRE EU ESCREVIA POR MINHA PROPRIA EXIGENCIA NAO POR PRAZER. SABE O QUE EU FIZ - PASSEI A LER - NAO RIA - EU PASSEI A LER MUITO. 9 A 12 LIVROS DE UMA VEZ, AFINAL EU PRECISAVA DE APRENDER COMO QUE SE NARRA E ESCREVER UM BOM DIALOGO, NADA MELHOR DO QUE APRENDER COM QUEM JA SABE, COM A INFLUENCIA DAQUELAS NARRATIVAS A MINHA HISTORIA E MEU MODO DE ESCREVER FICARAM MELHORES E FOI UM TRABALHO DURO, MAS EU NUNCA DESISTI, E NUNCA MAIS ESCREVO UM TEXTO SEQUER SÓ POR OBRIGAÇÃO, PELO CONTRARIO AGORA EU ESCREVO COM PRAZER E SINTO MELHOR A MINHA HISTORIA. SE ACHA QUE TEM DIFICULDADE E NAO ESTA PRONTO, LEIA. LEIA MAIS. LEIA MUITO MAIS PORQUE NUNCA SERA O SUFICIENTE, E ENTAO ANALISE COMO O AUTOR ESCREVE E APRENDA. SÓ ASSIM VOCE TORNARA SEU SONHO EM REALIDADE.

Alexandre Lobão disse...

Oi "Anônimo",
Obrigado pela contribuição!
E não há porque rir: LER É A MELHOR FORMA DE APRENDER A ESCREVER!
Quem não lê não sabe escrever, simples assim; e vendo como os outros colocam no papel suas ideias é que percebemos a melhor forma de expressar as nossas.
[]s!