23 de outubro de 2013

Ih! Deu branco? O que eu faço agora?



m dos maiores problemas dos escritores é o famoso "bloqueio de escritor": você vai escrevendo, a trama vence a inércia, consegue manter um embalo constante, as palavras  fluem facilmente, enchendo páginas e páginas...
E então, de repente, você se vê em um beco se saída.
Os personagens falam alguma coisa que não deveriam, ou uma decisão anterior leva a trama até um ponto em que você não vê saída...
O que fazer, então?  
Fernando Sabino passou por este drama diversas vezes em "O Encontro Marcado".  E, em cada vez, sua solução foi sempre a mesma: retornar até o ponto onde a trama derivou para aquele lado, jogar tudo fora, reescrever tomando um novo rumo.
Isso implicava, por vezes, em jogar centenas de páginas fora, mas se a decisão da personagem em abortar levou-a a um beco sem saída muitos meses (e páginas) depois, o que fazer?
Felizmente, nos livros é possível voltar e reescrever o passado.

Stephen King segue uma abordagem parecida: está com dificuldades para ir em frente? Continue assim mesmo, que alguma hora a trama irá retomar o rumo planejado inicialmente.  
“Para mim, o ato de escrever é muito difícil e penoso, tenho sempre de corrigir e reescrever várias vezes. Basta dizer, como exemplo, que escrevi 1.100 páginas datilografadas para fazer um romance, no qual aproveitei pouco mais de 300.”
Fernando Sabino, escritor brasileiro que dispensa apresentações
Ao fim da primeira versão, é só voltar e cortar todos os excessos, uma vez que, com a obra pronta, é possível saber com mais precisão o que pode ser cortado sem perdas.
O problema destas duas abordagens é o mesmo: perda de tempo, desperdício de trabalho e o pior: perda de motivação pelo autor. Não são poucos os autores que tem vários manuscritos na gaveta inacabados, pois preferiram abandonar aquela ideia que parecia sem solução, a continuar investindo em algo que não acreditavam mais.

Da minha parte, meus amigos costumam brincar que eu sou "à prova de bloqueios criativos".  A verdade não é exatamente esta, mas é fato que eu escrevo sempre que preciso, e acredito que o costume de sempre buscar novas ideias me ajude a solucionar rapidamente quaisquer problemas que apareçam.
Mas o "grande segredo" está, na verdade, no meu método de trabalho: eu nunca, ou raramente, "saio escrevendo", assim, simplesmente.  Eu me organizo para escrever.
Uma forma simples de fazer isso é, ao invés de (de novo...) "sair escrevendo" sua incrível ideia, você escrever tópicos, ideias, de como sua história vai evoluir.  Esqueça descrições, diálogos, deixe tudo de lado, escreva apenas as ideias, uma abaixo da outra, três linhas para cada ideia de como a trama vai evoluir, no máximo.
Desta forma, rapidamente você conseguirá "bolar" sua história inteira, e ao descobrir um beco sem saída, basta retornar e apagar as linhas anteriores, testando novos rumos.
Ajuda, também, se você pensar a história inteira antes de escrever a primeira linha, especialmente o final dela. Saber onde a história termina ajuda a definir seu rumo de uma maneira incrivelmente precisa.
Obviamente, isto que estou falando é uma simplificação, mas funciona bem, mesmo desta maneira simples.
No Workshop de Escrita de Ficção que apresento (corra lá - as inscrições estão abertas!) entramos mais a fundo nesta questão, apresentando alternativas para o processo de escrita e destacando diversos pontos que ajudam qualquer um na hora do temível bloqueio criativo!

E quer saber do pior? Muita gente nem sabe que sofre deste bloqueio! Se você fica adiando escrever aquele livro, por exemplo, isso também é uma forma de bloqueio...

Então nos conte: o que você faz para se manter escrevendo? Comente e compartilhe suas ideias!
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