5 de fevereiro de 2014

Dúvidas de Escritores - e Concursos Literários!


S
abe aquela pergunta que não deixa você dormir, como um pernilongo que zune, zune... e você nunca consegue se livrar?

Dúvidas de EscritoresComo diziam nossos amigos do saudoso Casseta & Planeta: seus problemas acabaram! O Vida de Escritor traz mais um post da série Dúvidas de Escritores, consolidando perguntas que recebemos como comentários ou por e-mail, para divulgação e conhecimento geral.  Se sua pergunta não está aqui, nem em nenhum dos posts anteriores da série, não se acanhe, pode perguntar, que nós nos viramos para descobrir a resposta para você!
Além disso, fique ligado no finalzinho deste post, onde divulgo dois concursos literários bem interessantes, incluindo um de Portugal, com premiação em euros (oba!).


Pergunta: Você saberia dizer o numero mínimo de exemplares que o autor independente distribuiria, por conta própria, nas livrarias?
Resposta: Depende de quanto a livraria aceitar! :)
Nunca fiz isso, mas o André Vianco me contou certa vez que no início da carreira ele deixava entre dez e vinte exemplares, dependendo de quanto a livraria aceitava. E não se esqueça de pedir um recibo de consignação dos livros, e combinar de quanto em quanto tempo deve retornar - usualmente a cada quinze dias ou a cada mês.
Além disso, peça um tempo para apresentar seu livro aos vendedores (15 minutos para cada grupo deve ser suficiente, fazendo com três ou mais grupos para não deixar a loja sem atendentes), aí apresente seu livro, conte qual é a história, e indique que livros são parecidos ("leitores que gostaram 'deste' ou 'daquele' famoso vão gostar também deste"), para empolgar os vendedores e permitir que ofereçam o livro para os leitores com maior potencial de compra. Sem isso, nem adianta deixar seu livro na livraria, concorrendo com milhares de outros mais conhecidos...
Pergunta: Terminei meu livro, mas não sei se está bom. O que faço?
Resposta: Se quiser elogios, peça para sua mãe ler. Se quiser orientações, peça a um leitor crítico
Pergunta: Pensei em um título para meu livro, mas achei um pouco clichê. O que eu faço?

Resposta: Clichê não necessariamente quer dizer "ruim", em especial quando se trata da divulgação do livro. Por exemplo, se você batiza seu livro de "Cinquenta tons de verde", os possíveis leitores já irão saber, de cara, que se trata de uma aventura brega-romântica-ecológica com pitadas de sexo explícito. 
Brincadeiras à parte, tome cuidado com clichês pois, se podem facilitar o público a encontrar seu livro, por outro lado podem reforçar a comparação com o "original", fazendo seu livro parecer uma cópia - como no caso do exemplo que acabei de dar. 
Também é importante lembrar que todo título, antes do livro ser publicado, é apenas um "título de trabalho", e que a editora (se você não for autopublicar) poderá ajudá-lo na escolha do melhor  título para sua obra. "O Nome da Águia", por exemplo, teve três títulos antes de chegar ao definitivo.
Na dúvida, vá à livraria ou biblioteca mais próxima, anote o nome de quantos livros puder que sejam do mesmo gênero que o seu, anote palavras-chave que você gostaria de ver em seu título e procure sinônimos variados (o thesaurus de sinônimos do Microsoft Word é muito bom para isso), quebre a cabeça e pense em pelo menos mais três títulos, antes de fechar em um título que não o deixa confortável, pelo motivo que for.

Pergunta: Tenho a seguinte dúvida: no caso de uma saga, como Harry Potter por exemplo, a premissa e a estrutura normalmente são escritos para cada um dos livros, ou ele é feito apenas uma vez de uma forma geral abrangendo todos os volumes do romance?
Resposta: O mais usual é você ter a premissa bem definida para cada livro e para toda a saga, o que muda é o detalhamento feito após as premissas.  Veja no caso do Harry Potter: desde o primeiro livro temos um grande antagonista, que só é derrotado no último livro, e a cada livro há desafios/antagonistas diferentes.
Quanto à estrutura, ela precisa ser levemente delineada, com os pontos de virada principais e alguns detalhes significativos para a toda a saga, de forma a direcionar as estruturas de cada livro. A cada livro a estrutura do livro é bem detalhada no início, para efetivar a escrita, e a estrutura da trama é revista ao fim do livro, para ajustar conforme as novas informações que apareceram.
Obviamente, isso só se presta se você estiver seguindo o paradigma de escrita de estruturar seu trabalho antes de escrever.
Se você for usar o paradigma de "definir-personagens-e-conflito-de-partida-e-escrever", ou em outras palavras "sentar e escrever" (como o Stephen King), você não terá NADA delineado, nem para o livro nem para a saga - mas, obviamente, precisará estar pronto para cortar muita coisa ao fim de cada livro. Nesta linha, a saga "A Torre Negra" (de King) é um bom exemplo, tanto de boas práticas quanto de diferença de ritmo - tem horas que a história demora muito para evoluir, "se arrasta", como é comum em histórias sem planejamento. É o preço de conseguir-se uma história "mais orgânica", conforme fala o escritor.

Concursos
O V 5º Concurso de Contos Ler&Cia, promovido pelo Grupo Livrarias Curitiba, tem a finalidade de "estimular a produção literária, premiando obras de novos talentos da literatura brasileira."
Poderão participar todas as pessoas físicas, residentes e domiciliadas em todo o Território Nacional, com idade superior a 18 anos, que apresentem textos em língua portuguesa totalmente inéditos (ainda não publicados e nem premiados), com temática livre. As inscrições são gratuitas e, para concorrer, os interessados devem preencher o formulário com suas informações e o conto no site da livraria.  As inscrições vão até 28 de fevereiro de 2014, e os autores dos seis melhores contos receberão um vale-compras de R$ 500,00 para gastar em qualquer produto em uma das 22 lojas físicas do grupo ou nas compras on-line no site, além de ter seus contos publicados na revista Ler&Cia.

Já para quem escreve histórias de literatura fantástica (fantasia, ficção científica, história alternativa, horror, realismo mágico, etc.), uma excelente oportunidade para promover seu trabalho é o Prémio Bang!, promovido pelas Edições Saída de Emergência (de Portugal) e que tem por objetivo "encontrar o George R. R. Martin, a J. K. Rowling, o Isaac Asimov ou o Stephen King da língua portuguesa".
Podem concorrer romances inéditos de literatura fantástica, escritos em língua portuguesa, e a premiação é de 3.000€ (três mil euros).  "E a imortalidade!", segundo o site do evento. :)
As inscrições podem ser realizadas até 6 de julho de 2014, são gratuitas e realizadas online, pelo site do concurso - onde vocês podem conferir mais informações.


E você? Qual é aquela dúvida que fica como uma pulga, te mordendo atrás da orelha? Pergunte, que se não soubermos responder, sabemos quem sabe!

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2 comentários:

Zulmira disse...

Oi, Alexandre! Obrigada pela oportunidade de discutir dúvidas aqui no blog. Fiquei interessada em saber quais características são valorizadas nos concursos literários, e para isso comprei alguns livros de autores premiados como Daniel Galera, Cristóvão Tezza e Verônica Stigger. Além da qualidades indiscutível dos textos, encontrei outra coisa em comum: um grande (enorme!) detalhamento em todas as descrições, em todas as passagens, em absolutamente tudo (chegando - pelo menos na minha opinião - a tornar cansativa e tediosa a leitura de alguns trechos). Gostaria de saber a sua opinião: isso é uma tendência atual? Se for, estou "em maus lençóis", porque não sei ser tão detalhista nos meus escritos. Agradeço desde já.

Alexandre Lobão disse...

Oi Zulmira,
Quer saber o pior?
Depende! :)
Cada concurso tem uma regra específica, com a comissão organizadora dando algumas direções aos jurados para que as avaliações não sejam muito heterogêneas.
Na prática, eu diria "infelizmente", os jurados acabam priorizando a "alta literatura" em detrimento da "literatura de entretenimento"... Exceto, talvez, nos livros infantis e infanto-juvenis.
Eu Para mim o ideal é o meio termo: texto ágeis, divertidos, e com alguma beleza nas construções. Um texto só com beleza e tedioso é tão ou mais ruim quanto um texto ágil de ler, mas sem profundidade...
Mas não desista, que há vários tipos de concursos, e alguns privilegiam uma boa história, ao invés de um belo texto!
[]s