etornando após um tempo imerso em leituras para concursos (foram 81 livros e cerca de 130 contos em dois meses...), o Vida de Escritor trás mais um post da série Dúvidas de Escritores, consolidando perguntas que recebemos como comentários ou por e-mail, para divulgação e conhecimento geral. Pois é... Sabe aquelas dúvidas que parecem simples, mas ficam ali, atravancando seu caminho? No post de hoje respondemos perguntas variadas sobre publicação impressa e digital, com dicas importantes para qualquer um que deseja levar seus sonhos adiante. Se sua dúvida não está aqui, nem em nenhum dos posts anteriores da série, não se acanhe, pode perguntar: Podemos não saber de tudo, mas sabemos a quem perguntar! :) | ||
Pergunta: Publicar no Kindle tem algum custo ? Resposta: Publicar no Kindle não tem custos, e é bem fácil: basta seguir as instruções no site http://kdp.amazon.com.br Pergunta: Após ser comercializado no Kindle,o livro pode também ser editado por uma editora? Resposta: Nada impede isso... Mas com certeza a editora pode ter menos interesse, uma vez que o material deixa de ser inédito. Pesando os prós e contras, acredito que mais vale publicar, sair do anonimato, e começar a trabalhar no próximo – É mais fácil “vender” um livro para uma editora se você já tem outros publicados. Agora, se você planeja publicar em papel, o ideal é publicar apenas "amostras" do livro neste formato, no máximo 10% do total, pois há editoras que estipulam em contrato que este é o percentual máximo para distribuição gratuita (com fins de divulgação) de conteúdos do livro. | “Todos esses que aí estão Atravancando meu caminho, Eles passarão... Eu passarinho!" Mário Quintana, poeta, jornalista, tradutor e anjo. | |
Pergunta: É imprescindível publicar através de uma editora para vender livros em livrarias? Ou pode-se criar uma marca fantasia de uma editora independente no caso do autor bancar todo o processo de editoração e impressão? Resposta: Na verdade, você não precisa nem mesmo criar uma “marca fantasia”; embora a maioria dos autores faça isto para dar uma maior identidade ao livro, ou para parecer mais profissional – como de fato ocorre, a meu ver, uma vez que é comum que leitores recorram à capa ou contracapa para descobrir qual a editora que publicou aquele trabalho. Pergunta: As livrarias (e distribuidoras) precisam de notas fiscais para negociar com o autor, correto? Sendo assim, como publicar e vender de forma totalmente independente, ou melhor, sem uma editora constituída? Resposta: Normalmente, as livrarias emitem uma “nota fiscal de entrada” (de material) para você, indicando que livro receberam e qual a quantidade. Os livros ficam em consignação, ou seja, eles não pagam nada a você, exceto se venderem. Quando você for buscar os livros (normalmente, a livraria vai combinar um prazo para deixar os livros por lá, ou pelo menos um prazo para você retornar), eles lhe devolverão os livros que não foram vendidos e emitirão uma nota fiscal de saída, pagando a você o valor dos livros vendidos, exceto pela parte deles. Em grandes redes de livrarias, como a Cultura, Fnac ou Leitura, a parte da livraria gira em torno de 60% (sim, é um absurdo). Um detalhe importante é que nem todas livrarias aceitam livros em consignação direto dos autores; primeiro porque o espaço na livraria é limitado, e eles querem ter livros com mais chance de venda – afinal, trata-se de um negócio, nada errado com isso – e em segundo lugar porque controlar os livros que entram e saem gera custos administrativos e tempo dos funcionários, e se a livraria aceitar consignação de todos autores que aparecerem, este custo pode se tornar proibitivo. Por conta disso, grandes redes livrarias como as que mencionei quase nunca aceitam livros em consignação; embora o gerente de cada loja tenha a liberdade de aceitar, caso queira. É mais fácil colocar o livro em livrarias menores, mas de qualquer forma vá pronto para “vender” seu livro. Para tal, verifique em que categoria seu livro se enquadra, descubra que livros se parecem com ele, e prepare um pequeno discurso onde você irá apresentar seu livro e contar sua história (em menos de dois minutos, de preferência), destacando seus pontos fortes, porque ele é único e com quais livros se parece (leitores que gostam de “xxxx” vão gostar de meu livro). Além disso, prepare-se para divulgar seu trabalho, e deixe claro para o gerente o que você vai fazer de divulgação, e que irá divulgar a livraria como um ponto onde o livro pode ser adquirido, caso ele aceite o livro em consignação. Primeiro empolgue o gerente, e conseguindo colocar seu livro na livraria, peça para fazer uma palestra para os vendedores, e meio que repita a palestra, destacando como eles podem vender seu livro. Pode parecer trabalhoso, mas muitos escritores começaram assim – como o André Vianco, que já há alguns anos vive só de escrever livros, mas que nos quatro primeiros livros fazia uma “ronda quinzenal” a quase 20 livrarias em São Paulo para vender seu livro. Ele disse que chegou a convencer gerentes ou vendedores a colocar seus livros na vitrine em algumas livrarias, fruto de muita conversa e uma capa profissional (essencial para ajudar nas vendas!). A propósito, se quiser posso indicar um ou dois capistas muito bons que trabalham para editoras mas aceitam trabalhos avulsos. Pergunta: Já enviei para uma editora desde set/2013 mas não me deram resposta. É normal este tempo todo? Resposta: Editoras demoram, normalmente, de três a seis meses para dar qualquer resposta, e muitas delas não dão resposta alguma, infelizmente. Sinta-se à vontade (eu recomendo...) para enviar para diversas editoras ao mesmo tempo, sempre tomando o cuidado de verificar nas livrarias se seu livro se enquadra na linha editorial da editora, e no site da editora como enviar. E, é claro, se possível (algumas editoras não atendem ligações de autores, além de serem extremamente antipáticas, infelizmente...) telefone e converse com o editor para saber se eles teriam interesse no livro, poupando com isso o tempo de todos e aumentando sua chance de ter um livro aceito. Além disso, depois de alguns meses, ligue novamente para "acompanhar a avaliação" de seu livro - você já ligou para a editora para a qual enviou o livro em setembro? Está na hora... :) Pergunta: Meu livro está no formato WORD, tenho que passá-lo para PDF para publicar como ebook ? Resposta: Depende. Se você for publicar na Amazon (para ser livro no Kindle), não passe o livro para PDF pois o conversor formata melhor arquivos enviados no formato do Word. Se você for simplesmente disponibilizar para download, aí converta para PDF, ou qualquer um poderá facilmente editar seu texto. O ideal é disponibilizar em PDF com proteção contra cópia, assim evita-se que as pessoas copiem-e-colem trechos do livro. Pergunta: Posso publicar um romance em meu blog? Tenho publicado CONTOS que são textos menores, mas isso requer algum tipo de formatação especial? Resposta: Se você for publicar um romance no blog, não poste todo o livro de uma vez (nem sei se é possível...), pois as pessoas não estão acostumadas a ler um livro inteiro em um blog; além da formatação ficar ruim. Para isso, você pode ir publicando aos poucos (um capítulo ou menos a cada postagem), ou simplesmente colocar o arquivo para download (o que não recomendo). A meu ver, se você vai disponibilizar seu livro assim, o ideal é que você peça que os interessados se cadastrem ou enviem um e-mail para você para receberem o livro (você envia por email depois); assim você começa a criar uma base confiável de leitores interessados, que poderá ser utilizada para divulgação quando lançando futuros livros, por exemplo. Pergunta: Fiquei interessada em saber quais características são valorizadas nos concursos literários, e para isso comprei alguns livros de autores premiados como Daniel Galera, Cristóvão Tezza e Verônica Stigger. Além da qualidades indiscutível dos textos, encontrei outra coisa em comum: um grande (enorme!) detalhamento em todas as descrições, em todas as passagens, em absolutamente tudo (chegando - pelo menos na minha opinião - a tornar cansativa e tediosa a leitura de alguns trechos). Gostaria de saber a sua opinião: isso é uma tendência atual? Resposta: Quer saber o pior? Depende! :) Cada concurso tem uma regra específica, com a comissão organizadora dando algumas direções aos jurados para que as avaliações não sejam muito heterogêneas. Na prática, eu diria "infelizmente", os jurados acabam priorizando a "alta literatura" em detrimento da "literatura de entretenimento"... Exceto, talvez, nos livros infantis e infanto-juvenis. Para mim o ideal é o meio termo: texto ágeis, divertidos, e com alguma beleza nas construções. Um texto só com beleza e tedioso é tão ou mais ruim quanto um texto ágil de ler, mas sem profundidade... Mas não desista pois há vários tipos de concursos - e alguns privilegiam uma boa história ao invés de um belo texto! |
Sabe aquela dúvida que você não sabia para quem perguntar?... Seus problemas acabaram! :)
Gostou? Tweet este post!
7 comentários:
Excelente texto, é bem verdade a sua posição. Gostei da perspectiva mais realista e menos pessimista.
Grande abraço
Mogg Mester
Oi, Alexandre! Só para variar estou aqui de novo com uma dúvida. Acabo de ler o artigo "Sucesso dos autores estreantes" no site "Escreva o seu livro", e lá é afirmado que "uma edição independente ou por uma editora pequena pode “queimar o filme”, porque o que é bom para um autor independente é considerado um fracasso para uma livraria grande. Esse histórico cria resistência no livreiro em aceitar uma nova obra daquele autor". Confesso que fiquei um tanto preocupada porque planejo publicar em breve por meio de uma prestadora de serviços, e gostaria de não estar condenada a essa única opção para o resto da vida. Qual é o seu ponto de vista a respeito daquela afirmação? Obrigada!
Caro Mogg Mester,
Grato pelo comentário e apoio. Tento sempre ser realista, mesmo quando a realidade é, digamos, pessimista! ;)
[]s
Oi Zulmira,
Bom, se qualquer coisa foi "afirmada" spbre o mercado editorial, de cara já pode descartar, porque cada editora tem seu jeito de ser, suas políticas de trabalho, sua forma de avaliar originais, etc.
A maior parte das editoras, acredito eu, vai olhar com melhores olhos um autor que já tem livros publicados do que um autor que está no primeiro livro, porque neste ramo como em qualquer outro, a experiência do profissional só melhora com a prática.
Meu primeiro livro saiu por uma pequena editora; os três primeiros do André Vianco foram auto-publicação, e por aí vai.
E ainda há o outro lado da moeda: se você de cara conseguir emplacar um livro pela Record, por exemplo, eles farão uma tiragem inicial de 5.000 exemplares. Se você não vender o suficiente e seu livro sair de catálogo, isso pode depor contra sua carreira, inclusive em outras editoras.
Ou não!
Cada caso é um caso; mas a meu ver você só deve ter uma preocupação: sair do ineditismo, e continuar escrevendo os próximos livros para montar sua base de leitores - o que (isso sim) facilita muito a venda para qualquer editora.
[]s
Oi Alexandre,
O livro no qual tenho trabalhado vem tomando uma proporção na qual penso ser impossível concluir a história em um único volume. Será que o fato de meu primeiro livro ter uma continuação pode dificultar a publicação por uma editora?
Obrigado
Rayden Fernandes
Oi Rayden,
Na verdade, um livro com continuação pode até ajudar a venda para uma editora, pois s eo primeiro vender bem, já há a expectativa de um segundo.
Agora, o final primeiro livro não pode ser aberto demais, a história precisa ter uma conclusão bem feita, ainda que deixando a porta aberta para um segundo round...
[]s
Lobão
Boa tarde.
Escrevo histórias a mais de vinte anos e atualmente tenho um blog com meus contos http://quemcontarumconto.blogspot.com.br/
Sempre acompanho seu blog e aproveito a oportunidade em dar os parabéns.
Como sou novo nesse ramo de blog, como posso adicionar seu blog e de outros referentes a escritores como parceiros? Meu e-mail é castro.dez@hotmail.com
Obrigado pela atenção.
Postar um comentário