ano já está quase começando (afinal, o ano no Brasil só começa depois do Carnaval...), mas o trabalho de um escritor não termina nunca - então, vamos a mais um post da série Dúvidas de Escritores do Vida de Escritor! Nesta edição, esclareço algumas dúvidas sobre mercado editorial, como iniciar um livro de forma a capturar o leitor e divulgação; com certeza três temas que todo autor precisa ter em mente. A regra vocês já conhecem: Os posts anteriores desta série esclarecem um monte de dúvidas comuns a escritores e outros profissionais do mercado literário, mas se não acharem a resposta, não se apavorem: basta perguntar! | |
Questão: Acabo de ler o artigo "Sucesso dos autores estreantes" no site "Escreva o seu livro", e lá é afirmado que "uma edição independente ou por uma editora pequena pode “queimar o filme”, porque o que é bom para um autor independente é considerado um fracasso para uma livraria grande. Esse histórico cria resistência no livreiro em aceitar uma nova obra daquele autor". Confesso que fiquei um tanto preocupada porque planejo publicar em breve por meio de uma prestadora de serviços, e gostaria de não estar condenada a essa única opção para o resto da vida. Qual é o seu ponto de vista a respeito daquela afirmação? | "Não só planeje escrever - escreva. Somente escrevendo, não sonhando com isso, é que você desenvolve seu estilo próprio" P .D. James, escritora inglesa de livros policiais |
![]() A maior parte das editoras, acredito eu, vai olhar com melhores olhos um autor que já tem livros publicados do que um autor que está no primeiro livro, porque neste ramo como em qualquer outro, a experiência do profissional só melhora com a prática. Meu primeiro livro saiu por uma pequena editora; os três primeiros do André Vianco foram auto-publicação, e por aí vai. E ainda há o outro lado da moeda: se você de cara conseguir emplacar um livro pela Record, por exemplo, eles farão uma tiragem inicial de 5.000 exemplares. Se você não vender o suficiente e seu livro sair de catálogo, isso pode depor contra sua carreira, inclusive em outras editoras. Ou não! Cada caso é um caso; mas a meu ver você só deve ter uma preocupação: sair do ineditismo, e continuar escrevendo os próximos livros para montar sua base de leitores - o que (isso sim) facilita muito a venda para qualquer editora. Questão: Muitas vezes tenho já o fim da história na cabeça, mas o começo, o primeiro capítulo, é o mais entravado. ... (O problema é) público imediatista, que exige ser conquistado no primeiro capítulo, senão na primeira página. Resposta: O que não podemos esquecer é que o "público imediatista" é, basicamente, todo mundo - inclusive nós mesmos. A verdade é que poucos são os que têm paciência para continuar lendo um livro se, depois de vinte ou trinta páginas, ele não mostre nada de interessante - seja uma cena instigante, um mistério a ser resolvido, um personagem que desperta empatia ou a forma envolvente que o autor escreve. Não precisa começar com uma explosão ou uma cena de mistério super empolgante, mas o fato é que o leitor precisa ser cativado nas primeiras páginas, em qualquer tipo de livro. Questão: Tenho muita dificuldade e pouquíssima empolgação para interações sociais. Queria muito apostar na imagem do autor fantasma. Daquela figura quase literária que todos conhecem o nome, mas poucos conhecem a fisionomia. Será que não há mesmo chance de apreciarem as minhas histórias e embarcarem nas aventuras das minhas ideias sem levar em conta a minha pessoa? Resposta: A meu ver, só há uma alternativa a "mostrar a cara" em interações sociais: mostrar a alma em interações digitais. De qualquer forma, você precisa fazer seu trabalho chegar para o possível público leitor, ninguém vai "descobrir" você em meio a milhões de escritores na web, ou a milhares nas livrarias. Eu mesmo não sou muito dado a interações sociais, ou melhor, não era. À medida em que você vai fazendo isso, vai ficando mais fácil e - acredite! - divertido. Veja o caso concreto: o da E. L. James, que escreveu "50 tons de cinza": ela escrevia fan-fics da saga Crepúsculo e continuamente divulgava seu trabalho (conta a lenda que eram diversas horas por dia...) entre fans da saga. Quando chegou a algumas centenas de milhares de leitores de seus textos, um editor se interessou em publicar o trabalho, com a ressalva de que ela precisaria tirar lobisomens e vampiros e deixar só a 'sensualidade' (entre aspas porque é bem mais que isso). Então, se você preferir, pode até ficar na caverna, mas precisa ativamente divulgar seu trabalho via web. |
E você, tem alguma dúvida sobre o processo de criação, publicação ou divulgação de seu livro? Participe!
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