4 de dezembro de 2015

Afinal, o que são e como funcionam as Oficinas de Escrita Criativa? - Parte 1


R
ecentemente fui procurado por Yan Patrick Brandemburg Siqueira , mestrando do curso de Estudos Literários pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que está produzindo uma tese sobre oficinas literárias de escrita criativa.
Antes de mais nada, desejo muito sucesso ao Yan e espero que sua tese se transforme em um livro, que já estou na fila para adquirir!  ;)
Como parte de seu trabalho, Yan Patrick está conduzindo entrevistas com diversos
escritores que promovem oficinas de escrita criativa pelo Brasil, e tive a honra
de ser um dos entrevistados.
Com a devida autorização, inicio com este post uma série com as diversas perguntas e respostas da entrevista, que pode ajudar a todos os que querem entender melhor este mundo.
Uma oficina (seja de carros ou de textos) só é útil se prover ferramentas realmente úteis para o trabalhador. Sem isso, nada se cria, nada se conserta
Yan Patrick: Como entrou em contato com a Escrita Criativa / Oficinas Literárias / Workshop de ficção? Há diferença entre esses conceitos para você?
Alexandre Lobão, pelo Vida de Escritor: Os termos são utilizados indistintamente no Brasil, muitas vezes para descrever eventos bastante distintos. O termo “Oficina de Escrita Criativa” é o mais extensivamente utilizado, e entrei em contato com ele há pouco menos de uma década atrás, através das “oficinas” apresentadas por Sonia Beloto e James McSill. Antes disso, até mesmo a literatura sobre o tema era escassa no Brasil.
Se coubesse a mim definir, eu definiria estes termos como:
• Oficina de Escrita Criativa: Oficina (apresentação e exercícios) com foco em desenvolver a criatividade de escritores e roteiristas.
• Oficinas Literárias: Oficinas com foco no estudo de grandes obras da literatura e na beleza estética de autores consagrados.
• Workshop de Escrita de Ficção: Oficina com foco em apresentar ferramentas de trabalho que ajudam escritores a produzirem obras de ficção.

YP: Na apresentação de sua oficina (disponível em seu site), você cita que utiliza autores como J. K. Rowling e Dan Brown, escritores pouco “abordados” em outras oficinas pelo país, com o propósito de identificar técnicas da “arte de contar histórias”. Gostaria que comentasse mais sobre isso, já que, de fato, outras oficinas parecem mais preocupadas com a “estética” do texto.
AL: Há toda uma linha de estudos de ferramentas de produção de textos que vão muito além da estética do texto. Embora tais ferramentas tenham sido objeto de estudo nos Estados Unidos e Inglaterra desde a década de 50, infelizmente no Brasil elas são pouco conhecidas e divulgadas. O resultado disso é uma grande diferença de “qualidade” (sentida instintivamente pelos leitores) em livros de autores daqueles países, o que resulta em termos, por exemplo, 10 milhões de livros vendidos em um best-seller de Dan Brown no Brasil, contra os 20.000 exemplares vendidos para que a CBL considere um livro como best-seller. Cabe um livro inteiro sobre a tal “qualidade”, entre aspas, e não é o caso de estender o assunto aqui, mas vale dizer que falo aqui apenas do lado técnico da escrita: coesão, coerência, ritmo, desenvolvimento da trama, etc.

YP: Qual seria o objetivo maior de uma Oficina Literária?
AL: Para mim, toda Oficina Literária deveria ensinar ferramentas objetivas que um escritor possa usar em seu trabalho. Se faço uma oficina de pintura, por exemplo, saio efetivamente sabendo pintar um pouco mais, não só conhecendo mais teorias sobre o assunto. Uma oficina que só se discuta literatura não é “oficina”, é um ciclo de debates ou algo semelhante.
Além disso, ele apresenta uma conclusão com os principais aspectos acima que chamaram sua atenção, dando sua opinião sobre o que falta – caso falte algo – ao original para que fique “pronto para ser entregue” a uma editora.
 
Saindo um pouco da entrevista, gostaria de adiantar que estou planejando a sétima edição do Workshop de Escrita de Ficção para depois do Carnaval, quem se interessar pode deixar suas informações de contato e data sugerida como comentário, que entro em contato em particular - e não aprovo o comentário para não expor as informações, é claro!

E você, já participou de alguma oficina de escrita criativa? O que achou? Comente e compartilhe!

Gostou? este post!

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