oje temos no Vida de Escritor um texto muito elucidativo da amiga escritora Daniele Ribeiro.
Em breve voltamos com novidades!
| Quem já se aventurou no mundo da escrita criativa já deve ter escutado a orientação “mostre ao invés de contar”. O escritor mostra o que está acontecendo em sua história quando, em vez de simplesmente descrever um personagem, permite que a própria reação dele a algum acontecimento permita que o leitor conheça um pouco mais de sua personalidade. Mostrar um personagem tendo um ataque de fúria ou uma atitude educada é mais efetivo do que explicar pro seu leitor que ele é uma pessoa de pavio curto ou uma pessoa gentil. É claro que usar uma frase pra descrever alguém ou alguma situação é mais rápido e torna o texto mais sucinto, mas tomar esse atalho pode enfraquecer e muito o impacto que você quer causar no leitor. | “Achar que você precisa explicitar tudo é o melhor caminho para entediar o leitor.” |
Então como fugir da tentação de tomar esses atalhos? Um recurso muito interessante é o uso de metáforas e comparações. Além disso, é sempre válido lembrar que as atitudes dos personagens falam por si só. Na vida real, as nossas expressões faciais, posturas e gestos são responsáveis por 55% de toda a comunicação. Então, uma dica é: Deixe que seu leitor leia também as expressões e a linguagem corporal dos seus personagens.
No livro “Extraordinário”, de R. J. Palacio, as atitudes de August logo no início da história mostram muito de sua personalidade infantil. Como o personagem-narrador é uma criança, a linguagem simples é o que predomina o texto. Além disso, as atitudes e falas da mãe demonstram o afeto e o instinto de proteção dela pelo filho, sem que isso precise ser explicado ao longo da narrativa. Leia o trecho abaixo em que seus pais tentam convencê-lo a começar a frequentar uma escola e perceba como o escritor mostra a dinâmica do relacionamento entre eles sem precisar recorrer a advérbios como “gentilmente”, “afetuosamente”, ou simplesmente explicar o carinho e zelo que a mãe tem por August:
“— Querido — disse a mamãe. Ela se virou para trás no banco do carona e segurou minha mão. — Você sabe que, se não quiser, não tem que fazer isso. Mas conversamos com o diretor da escola sobre você e ele quer muito conhecê-lo.
— O que vocês disseram sobre mim?
— Falamos de como você é divertido, gentil e inteligente. Quando contei que você leu O cavaleiro do dragão aos seis anos, ele disse: “Uau! Tenho que conhecer esse garoto.”
— Você disse mais alguma coisa? — perguntei.
Mamãe sorriu e seu sorriso foi como um abraço.”
Daniele Ribeiro nasceu no Rio de Janeiro, mas mora em Brasília desde 2011 onde é servidora pública. Apaixonada pela literatura, participou de uma das edições do “Workshop de Escrita de Ficção” ministrada por Alexandre Lobão e de uma oficina de escrita onde produziu diversos contos, além de possuir um romance em produção.
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2 comentários:
Excelente texto, realmente muito elucidativo! De fato, se a história vem muito mastigada, torna-se enfadonha. Mas confesso que às vezes tenho receio de pecar abusando das metáforas ou deixando no ar algo que deveria ser esclarecido. Imagino que, com a prática, aprende-se a dosar melhor os recursos para que o resultado final fique mais interessante.
Um abraço.
É bem por aí, Renata. Este equilíbrio de que você fala faz parte do estilo de cada autor; a mais importante mensagem aqui é que você deve conscientemente procurar tal equilíbrio, e não fazer as coisas "por instinto" e, sem perceber, aquém do seu melhor.
Obrigado!
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