15 de abril de 2020

Dicas essenciais para encontrar uma editora para seu livro

Uma das maiores angústias de (praticamente) todo escritor é conseguir um destino adequado para suas obras.

Hoje estou com 22 livros publicados, mais dois agendados para publicação nos próximos meses. Além do Brasil, tenho livros publicados em Portugal e nos Estados Unidos, além de uma participação em um livro publicado na China. 
Parece muito, falando assim. Mas neste momento estou escrevendo mais um livro de paixão (em oposição a um "livro de patrão", encomendado por alguma editora) e a ansiedade é a mesma.  Qual editora vai querer publicá-lo? E se nenhuma das minhas atuais quiser, como vou fazer? Autopublicar ou procurar outra editora? Em papel, ou e-book?
A vida de um escritor profissional, infelizmente, vai muito além de escrever livros. Isto é bem expresso por uma frase do escritor Salman Rushdie:

"Meu grande sonho é que fosse possível, após concluir um livro, entregá-lo à editora e retornar à minha caverna para escrever o próximo"



Para não estender muito o assunto, vou falar hoje apenas sobre como procurar uma editora, mas retornaremos a este rico tema em outras oportunidades - o assunto é praticamente inesgotável!

Para aumentar suas chances de ser escolhido para publicação em uma editora, é importante que você conheça pelo menos um pouco como funciona, digamos, "do lado de lá".
No Brasil, uma editora de médio porte recebe entre 60 e 100 exemplares por mês, podendo este número duplicar ou até triplicar em época de Bienal do livro.  Mas, apenas para efeitos didáticos, suponhamos que este número seja 60 livros.
Ora, não faz sentido a editora colocar 5 ou 10 pessoas exclusivamente para ler tudo o que chega, não concordam? Então, o que usualmente acontece é que a a seleção dos livros a passa por diversas etapas. Conhecendo estas etapas, fica mais fácil vencer cada uma delas.

A primeira etapa, que corta (acreditem ou não...) cerca de 90% dos livros, é o corte pelo TEMA do livro, ou mesmo pelo visual. Você enviou um livro de poesias para uma editora que nunca publicou poesias? Ou enviou um romance com tema de distopia, para uma editora que publica mais histórias de amor? Ou, ainda, enviou um livro de terror para uma editora que publica livros de terror, mas só de autores internacionais? Então, vai direto para a pilha de descarte!
A forma óbvia de não ser descartado nesta etapa é pesquisar bem nas livrarias quais editoras publicam autores nacionais do gênero que você escreve.

Nesta etapa são descartados, também, todos os livros que chegam "fora do padrão". Exemplo do mais óbvio possível: No site da editora é informado que não recebem originais em papel, só através de upload no site; ou simplesmente informam que não estão analisando originais no momento.
Para não cair nesta etapa, depois de fazer a lista inicial de editoras com a pesquisa nas livrarias, visite o web site de cada um delas e verifique qual o processo de envio de originais, e se estão recebendo no momento.

 Depois desta primeira etapa, sobram, pela média, uns 6 livros por mês a serem analisados. São todos lidos? Ainda não. Pelo menos não inteiramente. Mesmo descartando 90% dos originais na primeira etapa, ainda assim sobram 48 livros a serem analisados por ano, e uma editora raramente vai arriscar publicar 5 novos autores todos os anos... Mas, para simplificar, digamos que sejam 5 a serem selecionados. Portanto, 90% dos que sobraram precisam ser também descartados.

Como sobreviver a esta segunda etapa?
Bom, o leitor que faz a seleção sabe que precisa descartar 9 livros em cada 10, e obviamente tem mais o que fazer dentro da editora. O que ele faz, então, é ler os primeiros parágrafos do livro. Se empolgar, ele separa para ler mais depois. Nesta leitura já são descartados quase todos os que sobraram, porque muitos bons autores esquecem de que o livro precisa empolgar desde as primeira linhas.
Então, antes de enviar a uma editora, tome cuidado de rever com especial cuidado a primeira página. Envie-a a alguns amigos que gostem de ler e colete opiniões, pergunte se eles gostariam de ler um livro que começa assim. E aperfeiçoe sua abertura!

Além disso, para aumentar suas chances, é importante não enviar apenas um livro, mas um Projeto Editorial: O livro, uma carta de apresentação e a proposta editorial.
Na carta, muito curta, você diz do que se trata o livro e menciona que a proposta tem mais detalhes.
Na proposta, que podemos aprofundar em outras oportunidades, você precisa indicar:
  1. Porque seu livro é único, o que tem de especial, e qual seu público alvo.
  2. O que você tem de especial e que garante que é o melhor autor para escrever este tipo de história.
  3. Quais esforços você irá realizar para divulgar seu livro.
 E, acima de tudo, não tenha ansiedade para enviar logo seu livro. Revise, prepare seu projeto, e lembre que você precisa dar o seu melhor para estar entre o 1% restante que efetivamente será lido pelo editor para uma possível publicação.

Fora isso, é com você. Até, porque, no fim do dia o que realmente irá fazer seu livro ser selecionado por uma editora é a sua habilidade para contar histórias!

Pergunte, complete com suas dicas para outros escritores, pois só compartilhando conhecimento é que garantimos um futuro melhor para todos em nossa profissão!


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