Temos até 2012 para remover o acento de "idéia", mas para acostumar, vamos deixar sem acento pelo menos no título ... :)
Antes de mais nada, "Gestação" é um nome cunhado por mim; até onde eu sei outros autores que escreveram sobre este assunto ("a arte de escrever"...) eventualmente mencionam esta etapa da produção literária, mas não a "batizaram" desta forma.
O nome "gestação" vem justamente da forma que trabalhamos para fazer a idéia crescer, evoluir, até se tornar uma história completa.
Atenção para este ponto, que é bastante importante: uma idéia não é uma história!
A idéia, também chamada de "premissa" ou "tema", é o cerne da história, é aquilo que os leitores irão responder quando alguém perguntar: "sobre o que é a história?".
Já a história é um conjunto complexo que envolve ambiente, personagens, tramas, e muitos detalhes mais - inclusive outras idéias - que se unem para desenvolver aquele tema.
Para transformar a idéia em história precisamos, basicamente, saber mais sobre ela. Nesta etapa de gestação, as principais dicas seriam:
- Pesquise sobre sua idéia. Leia diversos livros sobre o assunto, até ter sua opinião própria, e sempre, sempre tenha um lápis e um papel à mão nestas leituras. Por exemplo, para os 5 capítulos de "O Nome da Águia" que envolvem de alguma forma o ditador Adolf Schicklgruber Hitler, um dos livros que li foi "Albert Speer: sua luta pela Verdade", de 1008 páginas; que resultaram em 3 páginas de anotações: a música preferida de Hitler, condições climáticas da Alemanha na época do fim da Segunda Grande Guerra, diversas referências geográficas, etc.
- Entreviste ou converse com especialistas. O fim do livro "O Nome da Águia" mudou três vezes antes que eu começasse a escrevê-lo (ainda na etapa de gestação...), pois minhas conversas com estudiosos da história Judaica e pessoas que passaram por experiências de quase-morte me levaram a modificar algumas das concepções que eu tinha para o livro.
- Conte sua idéia! Sempre que possível, reuna seus amigos (de preferência, escritores ou leitores contumazes...) e conte a idéia em seu ponto atual, indicando o que ainda não está claro e o que você acha que pode ser melhorado. As idéias coletivas que surgem sempre são excelentes pontos de partida para incrementar sua idéia, ou eventualmente descobrir que ela não vale à pena! O curioso é que, cada vez que você conta sua idéia (mesmo que ninguém contribua com nada), sua mente se exercita para povoar com detalhes o esqueleto básico que está se formando, assim, a idéia vai evoluindo naturalmente.
- Anote, rabisque, desenhe, lembre. Eu, particularmente, não esqueço de uma história quando estou trabalhando nela, e até o fim da etapa de gestação só tenho anotadas as referências dos livros e conversas. Mas conheço autores que anotam as idéias principais, os "pontos focais" da(s) trama(s) de diversas formas. Uma forma particularmente interessante de registro é na forma de grafos, onde um ponto se liga a outro por setas - com a vantagem que você consegue anotar de maneira visual diversas possíveis variações da história que está tomando forma, antes de decidir qual seguir.
Em algum momento, você irá perceber que a idéia começa a se tornar uma história completa. Obviamente ainda há muito a burilar, mas neste ponto você já poderá avaliar se a história que tem em mãos efetivamente vale à pena ser contada, ou se é melhor abandoná-la e começar tudo do zero.
E não se intimide em recomeçar quantas vezes for necessário: além disso ser normal, é muito melhor do que continuar investindo tempo em uma história na qual você não acredita 100%. Se você não está empolgado com sua quase-história ao fim da gestação, então como vai conseguir empolgar seus leitores?
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